Resort de cinco estrelas, a estar pronto em 2021, vai custar 96,5 milhões de euros e será gerido pela Meliá Hotels & Resorts.
A ideia de criar um Hotel da Lusofonia, inspirado em todas as geografias por onde os portugueses andaram, partiu de um empresário português, Pedro Ventura. Este investidor já conseguiu que o projeto evoluísse para um investimento de €96,5 milhões num resort de cinco estrelas que vai nascer na ilha de Santiago, em Cabo Verde, gerido pela Meliá Hotels & Resorts.
Já aprovado pelo governo de Cabo Verde, o complexo turístico Meliá Lusofonia Cabo Verde Eco-resort vai localizar-se numa área com 26 hectares inserida na propriedade mais ampla do Santiago Golf Resort. A construção deverá iniciar-se em 2019 para o projeto ficar concluído em 2021.
“As pessoas ainda não sabem o que é a lusofonia ligada a um hotel, é um conceito que não existe. É preciso explicar a um alemão ou a um inglês esta diversidade tão grande que podemos oferecer e que além de Portugal envolve África, Brasil, Macau, Goa ou Timor, com a comida destes países todos, a música, a dança, a decoração, os tecidos, o artesanato e o imobiliário em si”, salienta Pedro Ventura, que se associou ao empresário cabo-verdiano Eugénio Inocêncio para dar corpo ao Hotel da Lusofonia. Tencionam avançar com uma estrutura de capitais próprios da ordem dos 35%. Além destes investidores, o projeto também terá como acionistas a construtora Tecnovia e os americanos da West African Investments Group (WAIG). “Temos toda a engenharia financeira elaborada, sendo o objetivo concluír todos os contratos de financiamento até setembro de 2018”, adianta Pedro Ventura, referindo que neste projeto de €96,5 milhões “o modelo financeiro é complexo” e contou com a consultoria do Banco de Fomento Internacional (BFI) e do Eco Bank, além do apoio do Afreximbank, do Jefferies Investment Bank e bancos nacionais de Cabo Verde.
O projeto inclui três hotéis totalizando mais de 600 quartos, cujos restaurantes, piscinas ou outras estruturas podem ser partilhadas pelos hóspedes. Uma das unidades, o Hotel Diplomático, será mais virado para negócios e integra 150 quartos (dos quais “50 de muito luxo”, como frisa Pedro Ventura) e uma das suas principais âncoras é a Academia da Lusofonia - Música Artes, um espaço multiusos que pode receber congressos até duas mil pessoas ou espetáculos de música, concertos, exposições artísticas e feiras temáticas. Este espaço irá incluír um estúdio onde músicos e artistas dos vários países lusófonos podem fazer gravações, além de um espaço de danças e uma galeria de arte, “para que todos os artistas possam fazer aqui as suas produções artísticas e escolher este resort como a sua segunda casa”.
Além do Hotel Diplomático, o resort da Lusofonia também vai ter o Spa Hotel com 320 quartos, mais virado para o segmento de lazer e famílias, e que vai funcionar em regime de 'tudo incluído' Além da piscina infinita com um hectare de área, o equivalente a um campo de futebol, o hotel também terá como atração relevante o Nha Club, uma zona de lojas com artesanato e produtos de todos os países lusófonos, além de ter uma piscina de água salgada, campos de ténis e espaços de desporto.
No Nha Club também serão construídas 24 residências artísticas “para que jovens e artistas as possam alugar a preços simbólicos e terem oportunidade de divulgar os seus talentos tanto na academia da lusofonia como nos próprios hotéis”, conforme avançam os promotores.
Virado para o turismo de saúde, o Spa Hotel também vai ter uma Clínica da Lusofonia (cujos médicos serão portugueses ou de países lusófonos) e vai oferecer pacotes em que as pessoas podem fazer tratamentos médicos ou programas para aprender a dançar samba ou mornas, entre outros.
“Queremos criar aqui um produto único de experiências turísticas, com todas as sinergias culturais da lusofonia associadas à música, à gastronomia ou mesmo à vertente económica, assente nos valores abertos dos povos que abraçam a língua portuguesa”, sustenta o investidor Eugénio Inocêncio, frisando que o Hotel da Lusofonia se propõe “afirmar Santiago como ilha de eleição para o turismo neste arquipélago, assumindo que cada uma das dez ilhas é uma das faces do diamante turístico que se quer construír em Cabo Verde.
O terceiro hotel deste resort será o Residence, uma unidade com 160 apartamentos e o foco mais virado para estadias de longa duração, apontando para o segmento de terceira idade ou das famílias.
No Hotel da Lusofonia, a decoração de interiores vai ter assinatura da portuguesa Nini Andrade Silva, além de outros designers do Brasil ou de Cabo Verde. Haverá lugar também para o jardim da lusofonia, com as várias plantas endémicas dos locais onde se fala português, ou a adega da lusofonia, com vinhos destas origens. Para os detalhes da decoração, “fomos pesquisar a história dos portugueses em Macau, Goa, Damão ou Diu, no ambiente dos hotéis tanto podemos estar em Portugal no séc. XV como numa capitania moçambicana ou no Brasil”, refere Pedro Ventura.
O investidor do projeto enfatiza a aposta que o governo de Cabo Verde está fazer no turismo e a “desenvolver toda uma estratégia de hub aéreo atlântico”, em particular com a privatização da transportadora TACV que está em curso. “O turismo será sem dúvida o motor da economia cabo-verdiana e em 2020 já se prevê neste destino cerca de 1 milhão de turistas”.
Com Expresso (PT)
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