Revista África Monitor coloca o Grupo Sousa, de Portugal, na pole-position para explorar os portos de Cabo Verde, referindo a lobbies de empresários próximos do Governo para descartar o grupo Bolloré, que já terá um pré-acordo de subconcessão da Enapor.
O Grupo Sousa, que explora os serviços portuários da Madeira e dos Açores, terá apresentado uma proposta ao governo para gerir os portos de Cabo Verde, ao que parece, bem mais vantajoso para o país do que o regime de monopólio (concessão de 20 anos) proposta pelo grupo francês Bolloré.
A informação é da revista África Monitor que, citando fontes bem posicionadas, afirma que o Grupo Sousa conta sobretudo com o lobby de empresários cabo-verdianos próximos ao executivo, cujo chefe, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, terá mantido contactos com os responsáveis da empresa lusa em Lisboa, em Novembro do ano passado, e na Praia, em Janeiro deste ano. Mas são os detalhes da proposta que poderão colocar o grupo português à frente dos franceses da Bolloré.
É que, refere a publicação, enquanto a Bolloré quer gerir apenas os portos da Praia e do Mindelo, oferecendo de entrada 7,5 milhões de dólares e mais 1,5 milhões por ano durante 20 anos, o Grupo Sousa propõe operar, em mercado aberto e de livre acesso (concorrência aberta) nos quatro portos principais do arquipélago: Palmeira, no Sal, Mindelo, Praia e Sal-Rei, na Boa Vista e com tarifas mais convidativas.
Além de prometer tarifas mais baixas, o Grupo Sousa quer esses quatro portos a serviço do transporte marítimo internacional, transporte marítmo de cabotagem fiável e regular entre si. Os portugueses pretendem ainda criar uma linha quinzenal entre Cabo verde e a Guiné-Bissau, dinamizar o “transhipment” e ainda gerir e viabilizar as plataformas existentes.
Para isso, o Grupo Sousa, acrescenta a reportagem do África Monitor, planeia transformar o Porto Grande, no Mindelo, num porto de 'transhipment' para o mercado doméstico, sobretudo Sal e Boa Vista, enquanto o da Praia será um porto de 'transhipment' para o mercado externo. O projecto visa, num primeiro momento, as trocas comerciais com a Guiné Bissau, e numa segunda fase chegar à Mauritânia, Mali, Senegal, Gâmbia e Guiné-Conackry.
Tudo não passa ainda de proposta, embora o Africa Monitor veja no Grupo Sousa muito mais vantagens do que o regime monopolista da Bolloré. Mas, na prática, é este grupo francês que está na frente, conforme um pré-acordo de subconcessão rubricado com o anterior Governo para gerir a Enapor.
Ao mesmo tempo, a Bolloré vem intensificando os seus contactos com o governo a fim de ver efectivado o negócio, baseando-se num concurso para a privatização da Enapor para o qual concorreu sozinha, prometendo um investimento global de 65 milhões de dólares durante o período da concessão.
Os números do Grupo Sousa não foram avançados, mas, a crer no Africa Monitor, os portugueses estarão em vantagem por propor uma solução mais global e integrada para o sector. Vale acrescentar que recentemente o ministro da Economia e Emprego, José Gonçalves, esteve de visita à Espanha onde, juntamente com o PCA da Enapor, reuniu-se com o grupo Ineco, que opera no sector portuário.
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