A antestreia nesta quinta-feira do filme «Os Dois Irmãos», promete ser um ponto de viragem na curta e efémera história da cinematografia cabo-verdiana, com o Ministro da Cultura, Abrãao Vicente a anunciar a intenção de o Executivo reforçar os mecanismos de incentivo e um investimento de 12 mil contos já para 2018 para o sector.
A produção, só com autores nacionais, é um testemunho do talento e capacidade do cabo-verdiano na arte da representação e será um incentivo para a produção cinematográfica num país com “condições excecionais para tal”, conforme salienta Francisco Manso, realizador da película.
“Os dois Irmãos, uma co-produção do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas e da Take 2000, produtora do português José Mazeda, baseia-se no livro homónimo de Germano Almeida e que foi um dos seus primeiros sucessos literários.
Talvez por isso, centenas de pessoas encheram por completo a sala de espetáculos da Assembleia Nacional para ver a ante-estreia mundial da longa-metragem. Francisco Manso, que dirigiu as filmagens, sublinha as “condições excepcionais” para a produção audiovisual e os protagonistas auguram que este poderá vir a abrir um novo capítulo para o cinema nacional. O ministro Abraão Vicente anunciou a intenção do Governo em aprovar um decreto-lei que regulamente e incentive grandes produções cinematográficas no país.
Visivelmente satisfeito com o que viu, o governante, em entrevista à comunicação social, sublinhou a aposta ganha que o Ministério da Cultura (MC) fez, com o investimento de 20 mil contos na referida produção. Abraão Vicente acredita que, mais do que o retorno financeiro para o Estado, que tem direito a 25% das receitas de bilheteira, “Os dois Irmãos” será uma ferramenta de marketing importante para a divulgação e promoção de Cabo Verde, das suas paisagens e da sua cultura e gentes. Outro objetivo era, claro, valorizar a obra literária que inspirou a produção e o seu autor, Germano Almeida.
Mais ainda, de acordo com Abrãao Vicente, o MC já investiu cerca de 10 mil contos para o apoio ao cinema nacional, através da Associação Cabo-verdiana de Cinema e em 2018, acrescenta o Ministro, estará previsto uma injeção de 12 mil contos para o sector. Ainda no quediz respeito ao filme de Francisco Manso, a parte portuguesa terá investido cerca de 800 mil euros.
No que tange à qualidade do filme, a julgar pelos aplausos, comentários e risos das centenas de espectadores, este terá todas as condições para o sucesso, tratando-se de uma adaptação bem conseguida da obra de Germano Almeida, livro esse que retrata uma história verídica, passada no interior da ilha de Santiago, entre dois irmãos e que viria a resultar num horrível fraticídio de um dos irmãos “obrigado” pelos costumes tradicionais da sua pacata aldeia, a “limpar a sua honra”.
“Os Dois Irmãos” é o terceiro filme que Francisco Manso realiza em Cabo Verde e contou com participação de actores cabo-verdianos residentes em Portugal e nas ilhas de Santiago e São Vicente. Do elenco constam Flávio Hamilton, Manuel Estevão, João Paulo Brito, Alexandre Fonseca Soares, Agnelo Varela, Raquel Monteiro, Gil Moreira, Cláudio Correia e Adalberto Teixeira.
Nesta, sexta-feira, 26, é a vez de a cidade de Assomada, receber às 19H00a ante-estreia do filme que será também exibido a 27 de janeiro, pelas 20hrs00, no Centro Cultural do Mindelo, São Vicente.
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