«Comentários Literários» é o título da obra póstuma do saudoso escritor Luis Romano a ser lançado hoje numa iniciativa conjunta entre o Ministério da Cultura e Indústrias Criativas (MCIC) e a Biblioteca Nacional (BN), às18h00 na BN com apresentação da reconhecida investigadora e escritora brasileira Simone Caputo e da escritora cabo-verdiana, Vera Duarte.
O livro resulta de um conjunto de anotações de Luís Romano compiladas e editadas por Simone Caputo e que trata, como sugere o título «Comentários Literários», de ensaios sobre a literatura cabo-verdiana, nomeadmente sobre obras e autores como Eugénio Tavares, Corsino Fortes, Pedro Cardoso e Arménio Vieira, entre outros, em 500 páginas que serão, certamente, um testemunho importante sobra a obra literária desses vários escritores.
Com prefácio de Vera Duarte, a história deste livro, conta Caputo, nasce em Junho de 2009, um ano antes da morte de Romano, quando o escritor enviou à brasileira um volume com textos originais do autor do seu último livro com a seguinte mensagem: “…a fim de minorar tal ausência, tomo a liberdade de vos oferecer outra sinopse sobre a atual Literatura Cabo-verdiana, dando-vos total autoridade para eventual publicação”.
Luis Romano, para quem não sabe, viveu de 1962 até os seus últimos dias no Brasil, tendo falecido a 22 de Janeiro de 2010 em Natal, no Rio Grande do Sul, resultado de doença prolongada, aos 88 anos de idade.
Simone Caputo recorda que o “presente” de Romano lhe chegou às mãos num fim de tarde em São Paulo, Brasil, meses após uma homenagem ao referido escritor e ensaísta natural de Santo Antão. “Comovida” com tal responsabilidade, a investigadora recorda a conversa que teve com Vera Duarte nessa época, tendo surgido, daí, a ideia de um prefácio “binacional em representação do amor de Romano pelo país que o viu nascer e pelo país onde “viveu e adotou de coração”, Brasil.
Segundo a organizadora da obra que agora é tornada publica e cujo acervo é entregue à Biblioteca Nacional onde passará a estar exposto, «Comentários Literários» lança um “olhar atento” sobre o que se vinha a produzir na literatura das ilhas, nas línguas portuguesa e cabo-verdiana, para além de abordar as artes plásticas, música, folclore e temas relacionados a direitos humanos e outros “com a acuidade de quem faz arte e conhece a história da cultura de seu país”, salienta Caputo.
O livro é ainda testemunho da “vitalidade da voz” do escritor, mesmo atormentado pela doença que viria a resultar em seu passamento. Uma obra que a brasileira considera “inestimável” para os estudos cabo-verdianos de literatura e cultura.
Nascido a 06 de Outubro de 1922, na Vila da Ponta do Sol, ilha de Santo Antão, Luis Romano deixou importante legado literário, entre os quais desponta “Famintos – Romance de um povo”.
De frisar que Romano foi, nesta quinta-feira, condecorado a título póstumo, por ocasião da cerimónia da entrega do acervo literário do autor ao estado de Cabo Verde, com a medalha da ordem do Mérito Cultural de 1º Grau.
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