"Ora, se o sr. leitor não confia num pedreiro, carpinteiro, pescador ou peixeira para desempenhar funções estranhas àquelas para as quais se especializaram e treinaram por que razão haveria de confiar no desempenho de profissionais deslocados de suas áreas de formação e sem experiência específica na Administração Pública? A disfuncionalidade na Administração Pública é alimentada por favorecimentos partidários, nepotismos, amiguismos e outros critérios reprováveis e estranhos à boa funcionalidade de um estado democrático de direito".
1. O sr. leitor seria capaz de aceitar que um pedreiro lhe fizesse uma cirurgia no coração de seu filho, esposa ou esposo, ou até no seu próprio coração? Arrisco-me a dizer que nenhum dos senhores leitores admitiria tal hipótese!
2. Pensemos numa outra situação, qual seria a reação do sr. leitor se soubesse que na cabine dos pilotos do avião em que está prestes a levantar o voo, se encontra um carpinteiro como comandante daquela aeronave? Posso apostar que o sr. leitor pediria para descer desse avião por que não confiaria no sucesso desse voo, pura e simplesmente!
3. Certamente, também o sr. leitor não confiaria a educação primária nem secundária de seu filho a um pescador ou uma peixeira por melhor profissional que fossem, mas sim, a professores devidamente qualificados e experimentados!
4. Ora, se o sr. leitor não confia num pedreiro, carpinteiro, pescador ou peixeira para desempenhar funções estranhas àquelas para as quais se especializaram e treinaram por que razão haveria de confiar no desempenho de profissionais deslocados de suas áreas de formação e sem experiência específica na Administração Pública?
5. A disfuncionalidade na Administração Pública é alimentada por favorecimentos partidários, nepotismos, amiguismos e outros critérios reprováveis e estranhos à boa funcionalidade de um estado democrático de direito.
6. Essa disfuncionalidade gera profundos descontentamentos entre os funcionários pelas desigualdades de benefícios e privilégios distribuídos entre os poucos altos dirigentes da Administração e a grande massa de funcionários.
7. Objetivamente, esses privilegiados dirigentes da Administração são premiados com altos salários e uma série de benefícios diretos e indiretos independentemente, da competência, experiência, desempenho e à custa do erário público.
8. Seria esperado que os altos quadros da Administração preenchessem, minimamente, os critérios de competência técnica específica e experiência comprovada para serem alçados aos cargos mas esses critérios são completamente ignorados pelo atual Governo.
9.Todo esse quadro de disfuncionalidade na Administração Pública se sustenta e prevalece por que a própria Ministra chefe parece desconhecer completamente as funções para as quais foi investida.
10. Por acaso o sr. leitor tem conhecimento se a Ministra da Administração Pública alguma vez vez estudou alguma letra do curso de Administração? Pelo que disponibilizou na página do Governo, não! Se a Direção não tem o mínimo de qualificação profissional que se exigiria (formação técnica e experiência específica comprovada) para qualquer outra função o que esperar do desempenho da Administração Pública?
11. O currículo mínimo do curso de Administração é composto por um conjunto de disciplinas a serem cursadas num período de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos lectivos para se alcançar o nível de licenciatura, mais 2 (dois) anos para se tornar mestre e mais 4 (quatro) anos para concluir o doutoramento.
12. Os quadros da Administração Pública estão desmotivados e a pedir licenças de longa duração ou abandonando mesmo o trabalho e deixando o país para trás. O desempenho da Administração Pública é sofrível visto pelo indicador de avaliação das principais instituições públicas de governo medidas pelas séries do afroborometer e com tendência a deterioração!
13. A direção da Administração Pública desconhece completamente a sua missão e lista um conjunto de funções burocráticas e as afixa numa das entradas dessa repartição!
14. O modelo burocrático de administração já foi superado há muito tempo e está-se, no domínio público, no estágio do modelo gerencial ou administração por objetivos e hoje seria como dispensar o uso da electricidade e se regredisse ao uso da lenha e candieiro de podogó!
15. Os custos dessa desfuncionalidade são enormes e vão além da desmotivação interna dos funcionários, péssima prestação aos utentes e pior de tudo, um enorme passivo para o Estado e o erário público pelo festival de erros e atos ilícitos que tal situação propicia.
16. Cabe ao sr. leitor fazer uma pequena reflexão sobre a qualidade dos serviços públicos que recebe para concluir se existe ou não uma Administração Pública desfuncional!
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