Estado da Nação: EDUCAÇÃO
Colunista

Estado da Nação: EDUCAÇÃO

Infelizmente, quase 10 anos passados, não se sabe qual é pensamento político estruturado que guia a Educação neste país! E o resultado é o que qualquer cabo-verdiano atento sabe. Depois de muitas promessas e ditos compromissos estampados nos dois Programas do Governo, o Estado da Nação, em Educação é lamentável, refletindo-se na degradação da qualidade educativo, ao nível do Ensino Básico e Secundário, e na diminuição grave do número de alunos no ensino superior, agravado com a angústia de muitos Professores da Uni-CV que esperam há 7 e 8 anos para serem reclassificados, depois de obterem o suado grau de doutoramento.

Não há qualquer dúvida, hoje, de que a Educação é o PILAR CENTRAL DO DESENVOLVIMENTO de qualquer país, embora, essa perspetiva já vem da Grécia Antiga, quando Platão disse o seguinte: “se um homem negligenciar a educação, ele andará coxo até ao fim da sua vida”. Isto equivale dizer que: se um país negligenciar a Educação, comprometerá todo o seu desenvolvimento futuro.

Em 1996, Tony Blair, ao candidatar-se para o cargo de Primeiro-Ministro do Reino Unido, disse que tinha três prioridades para o seu país, caso ganhasse as eleições, e eram essas: Education, Educaction, and Education. Mas mais: defendeu que a Educação ocupasse o centro de todas as Políticas Públicas. E a razão não é para menos, se compreendermos que a Educação, na sua aceção ampla, é transversal a todos os setores da nossa vida pública. Imagino que para muita boa gente, nesta terra, não é fácil compreender isto, não obstante retóricas de discursos políticos interessantes, em certas ocasiões.

Há quase dez anos que a nossa Educação anda tolhida, sem perspetiva, sem rumo, confusa, por vezes,  conflituosa com os seus os Professores! Razão para perguntarmos: o que se passa com a Educação em Cabo Verde?

Nos tempos que correm, não é normal o que está a passar em Cabo Verde! Vivemos tempos de Conhecimento, da Tecnologia, da Inovação, sem precedentes! Por este mundo fora, coisas fantásticas estão a acontecer, todos os dias, e em todos os domínios, exaltando a infinita capacidade humana de produzir tecnologias e respostas para os desafios da vida e da humanidade. Assistimos todos os dias invenções humanas que parecem surreais!

Refletindo sobre tudo isso, a pergunta que faço, enquanto Professor (e frequentemente, discuto-a com os meus alunos (futuros Professores) é: o quê que nós em Cabo Verde estamos a fazer? Ao olhar para um telemóvel, por exemplo, pergunto aos meus alunos: qual é a nossa contribuição para o fabrico desse telemóvel? E para quando seremos nós a fabricar telemóvel? Será que não somos dotados de faculdades para lá chegarmos? Ou as nossas Faculdades (o potencial com que nascemos) estão a ficar abafadas pela má qualidade da nossa Educação?

Bem, ao olharmos para as nossas escolas, ao analisarmos toda a “gramática da escolaridade” com que realizamos as nossas escolas (do pré-escolar aos superior),  passando pelos seus equipamentos, designadamente a ausência de Laboratórios no ensino secundário, a qualificação de Professores, e, a tudo isso, se associarmos o defeito estruturante do próprio Sistema Educativo, que não é ajustado ao Sistema Educativo que a UNESCO defende, isto é, não se adequa à Classificação Internacional Padronizado da Educação[i] (conhecida como ISCED, cujo nível varia de 0 a 8)[1], havemos de compreender porque, ainda, somos apenas um povo consumidor  e que, ainda, estamos longe de sermos um povo produtor, que produz para o seu bem-estar e para vender lá fora para o seu enriquecimento. Basta ver que, ainda, produzimos apenas 17% do que precisamos para a nossa alimentação!

Em dez anos, era esperado que mudanças de fundo ocorresse no Sistema Educativo Cabo-verdiano. Infelizmente, foram 10 anos de perda de tempo e de degradação na educação, não obstante muito dinheiro gasto numa hipotética reforma educativa, mal concebida e muito mal implementada. E a razão não é para menos! Contrariamente a o que muitos pensam, a Educação e a pilotagem do Sistema  Educativo não são tarefas simples. Quem não compreende a complexidade que envolve a Educação e o seu alcance, nunca saberá Administrá-la, pois se trata de uma das áreas mais complexas de administrar, pela sua natureza, e é uma área que mexe com todas as outras áreas da nossa vida coletiva. Não é tarefa para qualquer um, seja ao nível do Ministério, seja ao nível das Escolas!

Infelizmente, quase 10 anos passados, não se sabe qual é pensamento político estruturado que guia a Educação neste país! E o resultado é o que qualquer cabo-verdiano atento sabe. Depois de muitas promessas e ditos compromissos estampados nos dois Programas do Governo, o Estado da Nação, em Educação é lamentável, refletindo-se na degradação da qualidade educativo, ao nível do Ensino Básico e Secundário, e na diminuição grave do número de alunos no ensino superior, agravado com a angústia de muitos Professores da Uni-CV que esperam há 7 e 8 anos para serem reclassificados, depois de obterem o suado grau de doutoramento.



[1] https://uis.unesco.org/sites/default/files/documents/international-standard-classification-of-education-isced-2011-en.pdf


[i] international-standard-classification-of-education-isced-2011-en.pdf

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