Lança-se uma frase como quem atira uma pedra num poço e, presumimos que acertámos. Mas esquecemo-nos de que há palavras que matam devagar. Matam a confiança, matam a dignidade, a (nossa) saúde mental e a esperança. Em São Vicente, a insegurança já não é só sensação, é vivência. São assaltos em plena luz do dia, tiroteios em bairros que já não dormem, e o medo que se entranha no corpo de quem apenas tenta chegar a casa. Dizer que isso “não corresponde à verdade” é desrespeitar cada vítima e tapar o sol com a peneira.
(Crónica baseada nas declarações do Deputado do MpD Euclides Silva, na comunicação social, que afirmou que a sensação de insegurança em Cabo Verde, não corresponde à verdade).
Vivemos afogados em certezas baratas. A ignorância deixou de ser silêncio para tornar-se em discursos de massa.
Vivemos na era do barulho fácil.
Da opinião em série, fabricada à pressa, embalada com certeza e vendida por impulso. Ninguém precisa saber basta sentir.
Basta soar bem, bater forte, e viralizar. A verdade? Que espere, que se adapte ou que aprenda a gritar mais alto se quiser ser ouvida.
Hoje, a ignorância não é mais um defeito mas um combustível.
É com ela que se inflamam debates, se lincham reputações, se viralizam frases ocas, ditas com a pompa de quem acabou de descobrir a luz, quando na verdade, tropeçou numa lanterna fraca.
Já ninguém diz “Não sei!”
É perigoso demais e dá trabalho.
É muito mais fácil lançar certezas. E se estiver errado, azar. Alguém há de corrigir.
Talvez a mentira se instale, como se sempre ali tivesse estado, e nós apenas lhe abríssemos a porta.
Não se mente apenas com intenção. Mente-se por reflexo.
Mente-se por herança, por ignorância partilhada, por preguiça de pensar.
Mente-se por medo de ser o único em silêncio numa sala cheia de vozes confiantes.
E por isso, falamos sempre, mesmo sem saber.
O pensamento crítico passou a ser um acto de resistência, a dúvida (essa forma nobre de inteligência), está a ser sufocada.
Já não se debate, disputa-se; já não se escuta, espera-se a vez para responder; já não se procura verdade, coleccionam-se aliados e bajuladores.
Lança-se uma frase como quem atira uma pedra num poço e, presumimos que acertámos. Mas esquecemo-nos de que há palavras que matam devagar.
Matam a confiança, matam a dignidade, a (nossa) saúde mental e a esperança.
Em São Vicente, a insegurança já não é só sensação, é vivência.
São assaltos em plena luz do dia, tiroteios em bairros que já não dormem, e o medo que se entranha no corpo de quem apenas tenta chegar a casa.
Dizer que isso “não corresponde à verdade” é desrespeitar cada vítima e tapar o sol com a peneira.
E quem nunca falou sem saber, que atire a primeira frase!!
Mas que atire com responsabilidade e consciência que uma frase não é só som…é acto! É uma escolha, que causa impacto e fica na memória de quem a escutou.
Atira a frase sim, mas não finjas que era só conversa.
E se ainda te sobrar um pouco de decência, pensa antes da próxima.
Porque o mundo já está cheio de ruído.
Faz-nos falta o silêncio com propósito e palavras que nasçam depois de pensar.
-Haja saco!
FORTE APLAUSO
Comentários
Lopi, 5 de Mai de 2025
Esse gorducho a gordura não lhe deixa raciocinar por isso ele faz essas declarações e também para enganar o chefe que está a trabalhar mas temos de compreender essas pessoas e para garantir o tacho.
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Antoninho, 5 de Mai de 2025
Any
Mais um bom artigo para reflexão.
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