Os factos falam por si. Hoje o crioulo[1] subsiste, para além das comunidades do Oriente, a par da sua decadência linguística e seu esvaziamento sociocultural, com enorme vitalidade e um futuro[2] garantidíssimo em Cabo Verde e na Guiné-Bissau.
Mas agora indago, por que razão o Crioulo é falado em Kauberde e na Guiné? Eu diria não há “bifes” nas redondezas: Ka ten carni pá cômi, nôs tá papiá criôlú y tá cômi tunafish!
É isso mesmo. O crioulo existe com vitalidade, porque não há presença inglesa por perto. Se tivesse existido presença inglesa perto das costas de Kauberde e da Guiné, não se falava crioulo por aquelas bandas geográficas. Veja-se o exemplo de S. Vicente e a presença de comerciantes ingleses: ês minin trivide de soncente tá começá justim misturá inglês cu criôlú. Ês tên um mania ki tá flá ingleiz.
Cabo Verde é hoje o que resta de presença visível e palpável como vida de Portugal no Oriente, através da sua língua crioula e da sua enigmática, sensual e saudosa morna, da sua culinária e doçaria, como também de alguns usos e costumes, talvez caseiros, domésticos. Cabo Verde, ressalvando melhor análise, é estrutural e morfologicamente generalizado, no plano étnico e das etinas, afro-asiático e não afro-europeu, que recebeu em si a Cultura latina e lusitana introduzida pelas pessoas e pelo clero provenientes da Ásia que lá radicaram-se, especialmente da Índia: Goa, Damão e Diu. Anterior à era indiana, ainda houve Sri Lanka (Ceylon) e Malaca.
A cultura cabo-verdiana de origem portuguesa é recebida, em grande parte, indiretamente; veio muito da cultura lusitana através de Goa e da Igreja Católica, logo chegou a Cabo Verde, ao Atlântico e a África já mestiça e foi sujeita a nova mudança, uma vez que a ligação direta – S. Tiago e outras ilhas, nomeadamente S. Nicolau - a Lisboa era pouco frequente ou quase inexistente; já para não indicar a influência cultural, apesar de despedaçadas e desenraizadas das suas origens africanas, dos primeiros falantes de crioulo em Cabo Verde que foram as pessoas levadas à força para S. Tiago[3].
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Aqueles que eu considero serem os pilares ou os fundamentos para o desenvolvimento próspero e saudável de uma comunidade, devem ser justificados por uma moral, uma ética, uma justiça, uma política e uma estética. Neste propósito, a nossa Emisferianidade, a nossa Comunidade Emisferiana. Não havendo tempo, por enquanto, para um trabalho mais detalhado e desenvolvido, proponho-me um passar breve pela moral e ética, justiça e política.
Antes de mais, na sequência do último texto publicado convém recordar os nossos fundamentos: aceitação e respeito, compreensão, tolerância e assunção.
A ideia de Moral, em Boutroux, podemos, assim, apresenta-la: “ Por si sós, a moral helénica e a moral cristã parecem abranger todo o ideal humano: uma é moral da inteligência, a outra a moral da vontade” [4].
Já, Frederich Rauh[5] entende Moral como “ (…) a ciência dos fins, a ciência daquilo que a razão quer invencivelmente, a ciência da ordem ideal da vida”. Esta é uma moral vista de modo normativo da ação humana enquanto sujeita ao dever e com o fim de praticar o bem. Para Rauh, o homem moral procura a sua fórmula de vida, dentro dos caminhos possíveis, sem norma prévia dentro da certeza da consciência.
É nessa perspetiva que devemos entender a ideia e conceito de moral, independentemente da análise e conclusões de outros pensadores, achamos ser esta a ideia que mais se aproxima daquilo que pretendemos conceptualizar.
Tentemos, pois, avançar com uma ideia de moral e que será, pois, o universo, passado, atual, vivo e ativo de costumes e juízos críticos e valorativos comuns a uma comunidade, normativizando a conduta da pessoa enquanto obrigada ao dever de praticar e expandir o bem.
Temos aqui, assim, uma tentativa de delimitar a nossa ideia de moral que justifique a nossa realidade existencial, com base numa conduta ética da pessoa; assim vemos que, por aqueles fundamentos, chegamos a normas mais gerais e cada vez mais abstratas que nos permitirão enquadrar e englobar todo um universo diverso e múltiplo. Deste modo, vemos que aqueles fundamentos acima referidos, que refletem a nossa condução prática da ética, só têm razão de viver baseados e justificados por uma norma moral que pretende regular a ação da pessoa em comunidade.
Quero eu dizer aqueles fundamentos são a ética, a nossa moral em ação.
Sendo assim a ética a condução prática de uma moral, vemos e constatamos indiscutivelmente que a nossa ética decorre naturalmente, sem conflitos e contradições, da nossa norma moral, ainda agora delineada.
Hegel destacou dois tipos de moral; uma moral subjetiva e uma moral objetiva. A primeira diria respeito ao cumprimento do dever pelo ato da vontade e a segunda diria respeito à obediência, ao conhecimento isento da lei moral enquanto determinada pelas regras, leis e costumes da comunidade, a qual representa simultaneamente seu espírito vivo, ativo e objetivo comum.
Àquilo que Hegel chama moral subjetiva, considero ser eu a nossa ética, a nossa ação no terreno, em comunidade, entre as pessoas e para com as pessoas.
Deste modo, devemos, pois, inferir que a ética por si só, sem uma moral a justificá-la é pouco, é escassa e frágil. É necessário que a ética não se confunda e não se baralhe consigo mesma, de que julgue que a simples vontade de atingir o bem é o seu impulso originário de concretização daquele conceito muito vago, genérico e impreciso. É preciso ser mais incisivo e preciso, de modo a que a ética se enquadre e se integre com a moral.
A moral é assim o sentimento intelectual racionalizado que oferece conteúdo, oferece caminho e certeza à ética.
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Abordemos também de um modo genérico os valores da justiça e da política, mas numa tentativa de tratá-los conjunta e cumplicemente, inspirados, talvez, numa ideia socrática e platónica das mesmas.
Temos sempre uma ideia, nem que seja vaga do que é justiça e do que seja justo; todavia, aquilo que pode parecer justo pode não estar de acordo com o valor justiça.
Vejamos: se me assaltam a casa de noite comigo a dormir e me levam o meu ouro que lá se encontra depositado, é justo que essa pessoa seja reconhecida como o indevido proprietário do ouro e, independentemente da pena a aplicar o devolva ao seu legítimo proprietário. Aqui a justiça foi justa de acordo com o caso concreto.
Agora, pensemos no mesmo cenário, onde se acrescenta o conhecimento por parte do assaltante de que sabia que eu tinha, para além do ouro, uma arma de fogo, uma pistola e que sabia, também, que eu a destinava para assassinar o meu vizinho, logo que eu o encontrasse numa situação adequada para o cometimento do crime.
Pergunto, a justiça seria justa ao devolver a pistola ao potencial assassino? Estaríamos a agir bem a antecipar o julgamento do caráter de uma pessoa antes da prática do ato? Já que há quem entenda que se julga uma pessoa pelos seus atos.
Olhemos de seguida para o que Couisin[6] diz sobre este conceito, “A fórmula da justiça é clara: respeitar os direitos de outrem”. A justiça, sendo a qualidade do que é justo, pode então ser entendida como um poder moral ético de reivindicar. A justiça deve demonstrar que, em certas situações, o poder moral e ético de reivindicar deve soçobrar perante outro que é o da injustiça de permitir a prática de um possível futuro crime, e o dever da justiça ser justa perante o caso concreto do bem vida, isto é, o bem vida exige uma atitude preventiva de toda a comunidade, perante a ameaça de um crime.
Façamos, neste tempo, uma breve incursão pelo valor política. O centro da problemática é encontrar o governante ideal para governar a nossa Comunidade Emisferiana. Assim podemos pensar que o governante deveria ser mais teórico do que prático ou o seu oposto e tentar interrogar se, ambas as qualidades, em medida adequada, justa e equilibrada, numa só pessoa, não configurariam o governante ideal; isto é reunir o conhecimento político e o homem político na exata medida ideal?
Assim poder-nos-íamos interrogar sobre qual a personalidade e as qualidades que os nossos governantes deveriam possuir; dever-nos-íamos também interrogar se os nossos governantes não deveriam ter uma forte vertente crítica e especulativa; dever-nos-íamos interrogar sobre se os nossos governantes não deveriam sempre olhar além do vidro embaciado de Osvaldo Alcântara; e se também não nos devíamos interrogar se os nossos governantes, com o olhar crítico de António Sérgio e a holística, inovadora e porvindoura visão de Baltasar, não deveriam assumir, participar e promover este espírito crítico e a capacidade de olhar sempre em busca do novo e, com a certeza da sua realidade existencial, inovar, recriar e rejuvenescer a Comunidade. Ao assumir, promover e participar nesse renascimento da comunidade, os governantes estarão a ser os promotores de uma nova vida espiritual e propiciadores de novas e outras harmonias.
Antes de terminar esta passagem vou apresentar um exemplo, misto e místico de justiça e política, onde me interrogo se os governantes detentores da ética do conhecimento, ao não transmiti-la e expandi-la aos governados, se não estão a desgovernar os seus espíritos e os de outrem, ocultando o conhecimento? Posso perguntar se não é o mesmo que dar a um louco uma pistola e deixá-lo sair livremente do manicómio? Posso perguntar, enfim, se é justo à política, que o político, por omitir, não divulgar, não expandir o espírito crítico e da busca pelo conhecimento, não está a violar os direitos do seu semelhante ao conhecimento especulativo e crítico, como igualmente não está a violar sua obrigação em revelá-lo, divulgá-lo e expandi-lo? Não é o mesmo que dizer que o político não está a ser justo com a política e que a política não está a ser justa com a justiça?
Outra questão ainda e última: o que dizer se ocorrer omissão e distorção do conhecimento e do seu sentido crítico e especulativo? Deixo a pergunta!
Também deixo uma chamada de atenção para a evidência de que um conceito sobre algo interno ou externo a nós deve conter em si a capacidade de apreender e receber essa realidade plural, mas sempre com a coragem de assumir que essa realidade é tão múltipla, dispersa e diversa que o conceito pode não ter capacidade de responder às questões que só mesmo e apenas elas, as diversas e múltiplas realidades, nos podem responder.
Agora, em jeito de último caso prático de uma aula de Direito lecionada na respetiva e douta Faculdade sobre a Boa-Fé, pelo respetivo e mui respeitável Professor Doutor, venho apresentar a maior mentira e infâmia que um Povo pode sofrer, já para não falar da incurável tristeza causada ao autor da Verdade: Baltasar Lopes da Silva.
Resumidamente: enquanto caminhava pela nossa Emisferianidade dei um valente tropeção no crioulo[7], o que levou a interrogar-me. Etapas saltando, deparei-me com uma verdade e realidade histórica de que o crioulo é só um e que entrou em Cabo Verde por via marítima, isto é pelas naus e caravelas que vinham da Índia. Sendo assim, voltei a interrogar-me porque há aquela ideia, infeliz, de que o crioulo é africano. Não encontrei nenhuma razão plausível. Lembrei-me de Baltasar Lopes. Qual o meu espanto que já naquela época o mesmo autor defendia a ideia asiática do crioulo e afastava liminarmente qualquer influência africana, naquele contexto trôpego, persecutório e colonial salazarista que me escuso de comentar agora.
Neste seguimento, pergunto qual a razão de não difundirem essa ideia que é a verdade histórica? Já não basta as autoridades portuguesas fazerem as pessoas acreditar no mito de que Camões chegou a Macau e que lá escreveu, na tal gruta que nunca houve – ouve-se -, parte dos Lusíadas; salvou a sua escrita num terrível naufrágio desprezando a sua amásia Dinamene que se afogou. Esta mentira até não trás mal ao Mundo, julgo eu. Mas aquela infamante mentira trás enormíssimos danos ao povo e às pessoas de Cabo Verde. E a mentira começa o seu envenenamento logo nos fundamentos de uma comunidade; e tal é aviltante! Não devemos pois permitir que esta ofensa à dignidade de um Povo continue. Em nome da verdade histórica, da dignidade e do respeito pelo povo cabo-verdiano devemos difundir esta realidade que foi escondida intencionalmente, socorrendo-nos de todos meios possíveis que atualmente existem para uma divulgação eficiente e eficaz.
Imagine-se o quão largo fica o horizonte histórico, social, religioso, linguístico, musical (a morna; aquele som que vem de longe e ao mesmo tempo divagante) cabo-verdiano. O cabo-verdiano nasceu já rico culturalmente e de horizontes largos que não permite atualmente que fique preso apenas à proximidade geográfica. Há tanta História cabo-verdiana para contar que vai para e além do cabo bojador e do regresso a Lisboa. Ela dá a volta ao cabo da esperança já com a esperança certa que é lá que vai encontrar um dos fundamentos fundamentais do seu povo: a Língua. A riqueza cabo-verdiana não pode morrer, não pode secar, devido à sua condição geográfica e a complexos de africanidade ou africanismos sem fundamento algum, que podem ser tudo, menos a revelação autêntica, honesta e verdadeira da Língua de Cabo Verde, o crioulo! Cabo Verde é Africa, uma nova cultura e sociedade surgiu!
Salazar olvidou e silenciou Baltazar. As Autoridades, ainda vivas, de Cabo Verde não querem saber do seu Oriente. Continuam a ser colonialistas e salazaristas com Baltasar. Mas nova semente germinou para repor a verdade de um povo e de um Homem, que são Grandes. Agora percebem-se as “estáutas”, ruas e avenidas, notas de dinheiro e dia do professor. A consciência ainda pesa às pessoas vivas que cometeram tamanha infâmia contra enorme Homem!
Não basta! É pouco! Muito pouco!
Contra o fundamento de um povo: a sua Língua! A sua História!
É urgentíssimo repor institucionalmente a História e fazer justiça a um Povo que não merece ser engando, logo após a sua independência política, uma vez que a independência cultural já tinha sido almejada pelo povo cabo-verdiano e proclamada com a Claridade, movimento cultural e literário, sobre o qual não é necessário referir os seus criadores, impulsionadores.
Os governantes de CV necessitam de desenvolver espírito filosófico. Não podem ficar agarrados literalmente àquela ideia de nhô Balta´s de fincar os pés na terra. Fincar para se lançar no espaço interrogativo, na descoberta, na indagação. Isso, sim! Finalmente, nós já temos um e O Chão; daqui já podemos ir para outros sítios. Não fincar e ficar agarrado fisicamente e olhar para o chão. Já temos um chão, casa, e já podemos olhar a lua, o céu, o universo e perguntar quem sou, porque estou aqui, sem receios. Quem somos?
Como alguém pode arrogar-se ser o dono da verdade do crioulo, se Baltasar já o tinha feito, demonstrando linguista-cientificamente que o crioulo já existia e já era falado no Oriente e nem sequer colocar uma questão, uma interrogação sobre a existência desse mesmo crioulo. Desconsideram as raízes dessa língua latina e asiática, indo-latina.
Espera-se que as Autoridades cabo-verdianas, como a atual oposição existente na Assembleia Nacional, na pessoa da líder do PAICV, iniciem, para ontem, urgentemente o processo institucional de reposição da Verdade Histórica da Língua de Cabo Verde e que se deve a demanda e descoberta desta brilhante luz a Baltasar Lopes da Silva.
Anda-se muito coxo e desatento na Educação, na Língua, na Ciência, na História e na Cultura em Cabo Verde, como também e perigosamente na Justiça!
Ka faltóbe raspete
Salazar, Salazar ben li
nôs qui é di pôve ka faltóbe raspete
ben li splicá bem splicode
pa esse guenti qui mandá na Kauberde
ki kês coza flód na temp antigue colonial
é tude um brincadera de mentirinha
contále e recontále más di cem veze
splicóle bem splicóde cum tamonhe d' infinite di céu
qui era tude um mentirinha
um brincadera colonial
pa enganá pôve ingnoranti
e ki ês caí sima patinho na charco
Salazar, Salazar
ben li nôs qui é di pôve ka faltóbe raspete
Esse guenti qui mandá na Kauberde
ka ten manera
és creditá na bô mentirinha di brincadera.
Si pitrol ka bem
Nô tá na temp di tchuba sem tchuba
Na temp di canequinha
Tem gente tá dzê
Si tchuba ka bem
morrê di fom
Si bem
morrê fógod
Gora
Na temp presente
Tem uns pissoa
Si pitrol ka bem
Tá morrê infrontód!
Sem pitrol pa banda ês infrontá
Infrontód ês tá morrê
Na sicura di sê pitrol
Si pitrol ka bem…
Jôrafa
O Índio Ambrósio
I
Desprezado por grupos à parte
O Índio Ambrósio mantém-se digno
De passo largo caminhante elevado
Na estrutura flexível da disciplina do improviso
A arte do Índio fala forte. Impõe-se por si
Forte como o Índio na persistente luta contra a ostracização
Forte como o bambu no confronto com ventos sem oriente
Vergando com ventos carentes de “Sabadoria” filosofada
No percurso peregrino não quebrado
Transpira de seus poros a genuína essência nos é comum de cultura transnacional
II
Dos grupos à parte não reza a consideração solidária
Refletida no respeito p’la admiração
Vem de quem não fala sua língua
Por ouvir, ver, respirar, sentir
Impressionar-se com sua linguagem
Mundo que se diz redondo
Não sendo nas hipóteses
Sê-lo-á no retorno do reconhecimento do belo
III
O Índio Ambrósio desprezado que é
Por aborrecidos do mundo desta vida
Que do Capitão reencarnou sua constituição essencial
Libertadora, democrática
É bocado seu em todos
Insinuado ou escondido
Nos faz reaver nossa redenção
Dos pecados por nós pecadores praticados
Essas “ilites” que não são elites eleitas na vontade das gentes
Urge deletá-las perante nossa pública delação
Fazer de conta que pousaram nunca nosso Chão!
Raphael d’Andrade,
[1] O crioulo não é nem mais nem menos, como diz um autor, que latim. É mais uma língua latina, como o português, o francês, o italiano, o castelhano, etc, etc. Nada tem a ver com África e quem o disser ou é ignorante ou mauzinho! E se não sabe, aprende primeiro e fala depois! Esta é que é a Verdade! Custe o que custar e doa a quem doer!
[2]Agora deve-se rever os programas académicos tanto de História, História da Língua, Linguística, Filologia, Filosofia, Sociologia, Antropologia… E não esquecer que sem ter umas bases sólidas num passado linguístico que existiu e que ainda subsiste no Oriente o futuro do Crioulo será desonesto e sem pernas para andar. A propósito da afriKanização o nosso alfabeto já voltou a permitir a inclusão da letra K, como no século XIX se usava, bem como o Y e o W. Por isso se veem muitas palavras crioulas do século XIX escritas com K e Y.
[3] Muitas interrogações existem e que se não pode esbarrar, salvo o devido respeito, com o continente ocidental africano que é o se encontra diretamente ligado a Cabo Verde.
Cabo Verde também teve relações com o africano oriental, ou diretamente pela importação de escravos ou por via indireta, através dos tais negros de Goa, os Cafres que acompanhavam os seus patrões… daí galinha cafreal. Galinha negra, no churrasco.
Especialmente a partir de 1550 (implementação em força do tráfico de pessoas para o Brasil). Daí o crioulo falado em S. Tiago que é o crioulo mais parecido com o de Malaca (língua usada no Oriente por comerciantes do império e fora deste até, pelo menos, a chegada dos ingleses ao Oriente) e que foi levado para CV como língua franca e comercial que unificou todas as diversas, originárias e possíveis etnias da costa da Guiné e que se encontrariam também naquela ilha. Mais tarde, a partir de meados do século XVIII – no âmbito da política do povoamento do reino -, temos o povoamento de Barlavento e restantes ilhas de Sotavento com a entrada (além de portugueses de Portugal e alguns estrangeiros) de pessoas indo-portuguesas, especialmente em S. Nicolau e Brava, que falam o crioulo trazido de Goa, Damão e Diu, que demonstra ser um crioulo mais cosmopolita. E era esse o Crioulo, o de S. Nicolau, que Baltasar se propôs estudar e estudou, concluindo com grande mestria.
[4] Vocabulário de Filosofia, idem.
[5] Vocabulário de Filosofia, idem; La philosophie morale de Frédéric Rauh In: Revue Philosophique de Louvain. Troisième série, Tome 60, N°68, 1962. pp. 542-572.
[6] Vocabulário de Filosofia, idem.
[7] Sobre o tema: Manifesto Crioulo, Editora Chiado, setembro de 2015, de José Gabriel Mariano.
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