Atualmente em plena Guerra na Ucrânia é pouco prudente incluir NATO na estratégia da Defesa Nacional cabo-verdiana. A NATO mudou, de que maneira, e, nos últimos tempos, voltou um “instrumento” contra RÚSSIA. Já lá vão tempos que a missão era luta contra terrorismo. A NATO está em crise e, por isso, é um mau momento para a referir no nosso conceito estratégico defesa nacional. Deixar usar o nosso território livremente, na verdade é um passo para acabar com as nossas Forças Armadas.
Ao contrário do que está a suceder e que está incluso na essência belicista do Conceito Estratégico de Defesa Nacional, apresentado em janeiro pelo Governo do MdP, Cabo Verde deve pugnar pela solução pacífica dos conflitos internacionais, pelo desarmamento, pela paz, contribuindo para pôr fim à escalada de confrontação e privilegiar um processo de diálogo com vista a promover a segurança na Europa, no respeito dos princípios da Constituição da República de Cabo Verde, da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia.
Em defesa dos interesses e das aspirações do povo cabo-verdiano e dos povos do mundo, Cabo Verde não deve alinhar-se, como está a acontecer, com a estratégia de tensão norte-americana e atlantista, que está na origem do agravamento da situação internacional. Desde logo, Cabo Verde deve recusar envolver militares Cabo-verdianos na escalada de confrontação que está em curso e de oferecer o seu território para bases militares dos EUA e da NATO.
Apesar de sabermos que o Governo do MdP ter tido sempre uma atitude de subserviência, bajulação e adoração em relação aos EUA e seus aliados, é condenável que o Governo cabo-verdiano em vez de intervir para favorecer o desanuviamento da situação e facilitar uma solução negociada, se insira na dinâmica que alimenta o clima de tensão com a adoção de posicionamentos e medidas ditadas pela estratégia dos EUA e da NATO.
Aliás, essa posição do executivo do MpD (como se pode ler nas entrelinhas do Conceito Estratégico de Defesa Nacional) passa, essencialmente, por transformar o arquipélago num "quintal" para os americanos acantonarem armas e servir de base para alimentar as suas manobras na África Ocidental.
Cabo Verde (leia-se governo do mpd), está a TRAIR os princípios que sempre nortearam a sua postura na Arena Internacional, principalmente em relação à geopolítica, aos conflitos armados e à questão dos blocos militaristas. O NÃO ALINHAMENTO foi a nossa bandeira no espaço internacional e, por isso, granjeamos respeito e admiração, mas agora o MpD está a desbaratar todo esse capital político conquistado ao longo dos anos, aprovando a escalada de confrontação promovida pelos EUA e a NATO contra a Rússia e a Palestina. Uma escalada que, efectuando-se nos planos militar, económico e político, e sendo sustentada por uma intensa campanha de desinformação, constitui uma séria ameaça à paz.
A atual situação, ao contrário do que defende o MpD, não pode ser dissociada da contínua expansão da NATO que, rasgando compromissos assumidos aquando da dissolução do Pacto de Varsóvia e do fim da União Soviética, avança cada vez mais para o Leste da Europa, visando o cerco à Rússia e à luta do povo palestiniano.
O atual governo cabo-verdiano esquece que foram os EUA, a NATO e a UE que desencadearam guerras contra a Jugoslávia (1999), o Afeganistão (2001) ou a Líbia (2011), sendo responsáveis pelo seu brutal legado de morte, sofrimento e destruição. São os EUA, a NATO e a UE que fomentam a corrida armamentista e são responsáveis por mais de 60% dos gastos militares em todo o mundo, superando em mais de 10 vezes as despesas militares da Rússia.
São os EUA que, com a instrumentalização da NATO, promovem alianças e parcerias belicistas, possuem uma densa rede de bases militares espalhada por todo o mundo e incrementam a instalação de meios bélicos, incluindo nucleares, cada vez mais próximo das fronteiras de países que pretendem submeter aos seus interesses.
São os EUA, com o apoio da NATO, que romperam de forma unilateral importantes acordos de desarmamento, como os tratados de defesa antimíssil e de forças nucleares de curto e médio alcance.
São os EUA, a NATO e a UE que banalizam a ameaça e a chantagem e que impõem sanções e bloqueios, afrontando abertamente a Carta das Nações Unidas e o direito internacional. É a NATO que se confirma como o único bloco político-militar de carácter ofensivo e agressivo, ao serviço de uma estratégia de hegemonização política e económica e de subjugação da vontade soberana e dos direitos de países e povos.
Atualmente em plena Guerra na Ucrânia é pouco prudente incluir NATO na estratégia da Defesa Nacional cabo-verdiana. A NATO mudou, de que maneira, e, nos últimos tempos, voltou um “instrumento” contra RÚSSIA. Já lá vão tempos que a missão era luta contra terrorismo.
A NATO está em crise e, por isso, é um mau momento para a referir no nosso conceito estratégico defesa nacional. Deixar usar o nosso território livremente, na verdade é um passo para acabar com as nossas Forças Armadas.
Enfim, é uma falta de sentido da realidade e pior situação é a degradação de equipamentos deliberadamente, para vir depois dizer que a melhor solução é acordo com os EUA.
Todavia, apesar de todas as incoerências que transparecem do CEDN, designadamente em relação à incapacidade de resposta das duas esquadrilhas da GC, é triste que não nos socorramos dos nossos especialistas e das nossas universidades para elaborarmos um documento adaptado à nossa realidade, sem necessidade de “chamar” estrangeiros para nos ensinar a entender os conceitos de CEDN E CESDN.
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