Além da alternância política
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Além da alternância política

O Governo do MpD já percorreu quase todo o seu mandato de 10 anos ignorando as críticas dos partidos da oposição, da sociedade civil e do povo, em geral, enganado pelos resultados dos primeiros anos da legislatura (2016/2021) como se fossem “cheques em branco” para o Governo fazer o que bem entendesse e até a presente data não deu conta ainda que em democracia o povo é quem ordena por que continua actuando como se a hecatombe eleitoral municipal de 01/12/24 não tivesse ocorrido. O nível de descontentamento que o Governo já provocou nos profissionais da educação, saúde, justiça e segurança é tamanha que levará anos para se desanuviar o clima de tensão provocado e alimentado entre essas classes e o Governo.

A arrogância, incompetência e deslumbramento com o poder levaram o Governo de Ulisses Correia e Silva a uma dessintonia  com a sociedade a tal ponto de mais de 60% do eleitorado, atualmente, considerarem que o seu Executivo dirige o país no caminho errado e a persistência no mesmo caminho além de já ter produzido enormes prejuízos para o seu partido, MpD,  em termos eleitorais, em 01/12/24, tem estado a reduzir o potencial de crescimento e realização do país e a médio e longo prazos tenderá a afundar o país evidenciado na queda dos indicadores nacionais e internacionais de desenvolvimento humano, económico, social e político.

1. Em pouco mais de três anos,  o MpD sai de uma maioria eleitoral absoluta (2021), perderia as eleições Legislativas por maioria relativa, em 2022, para os tambarinas, caso as eleições fossem realizadas naquele ano, segundo o afrobarometer e, em 2024, com a continuidade da deterioração política eleitoral, perderia as Legislativas para a oposição, PAICV, com maioria absoluta e continuando nesse caminho correrá o risco de perder as legislativas de 2026 por maioria qualificada!

2. A avaliação do desempenho do Governo ventoinha com índices muito negativos e com tendência de deterioração persistente nos últimos dois anos imperam a eficácia de medidas de alteração de mudanças políticas com efeitos eleitorais favoráveis.

3. Os elevados índices de descontentamento popular com o Governo, enunciados em diferentes pesquisas de opinião do afrobarometer, foram refletidos nos resultados eleitorais autárquicos catastróficos ao Governo, em 01/12/24.

4. A tendência eleitoral declinante, de partido hegemónico para partido minoritário: perdeu as presidenciais de 2021, perdeu as autárquicas de 2024 e as sondagens das legislativas projectam derrotas de maioria relativa em 2022 para maioria absoluta em 2024.

5. O modelo de administração municipal autárquico apresentado  pelo MpD em 2016 (20/22 CMs) foi chumbado em 2024 (07/22) em quase 70% refletindo o desmoronamento de um dos principais pilares de sustentação do poder ventoinha.

6. O MpD tem uma condição política eleitoral desfavorável para o próximo pleito: vai para as Legislativas de 2026, dado que perdeu as Autárquicas de 2024 por 15/07, alijado do maior bolo orçamentário municipal que vai, doravante, ser administrado pela oposição, ou seja, terá a redução da sua margem de influenciação eleitoral direta.

7. O país chegou a um estágio de degradação geral tão elevado que a alternância política por si só não será suficiente para o seu reposicionamento adequado e ajustado à luz das exigências internas e das condições e da realidade internacional cada vez mais exigente e imprevisível.

8. Os dados do afrobaromenter sobre a regressão geral dos índices de confiança nas instituições eleitas e não eleitas, em 2024, ilustram o quanto serão desafiantes os rumos a serem empreendidos pelo país nos próximos tempos visando a melhoria desses indicadores.

9. O Governo do MpD já percorreu quase todo o seu mandato de 10 anos ignorando as críticas dos partidos da oposição, da sociedade civil e do povo, em geral, enganado pelos resultados dos primeiros anos da legislatura (2016/2021) como se fossem “cheques em branco” para o Governo fazer o que bem entendesse e até a presente data não deu conta ainda que em democracia o povo é quem ordena por que continua actuando como se a hecatombe eleitoral municipal de 01/12/24 não tivesse ocorrido.

10. O nível de descontentamento que o Governo já provocou nos profissionais da educação, saúde, justiça e segurança é tamanha que levará anos para se desanuviar o clima de tensão provocado e alimentado entre essas classes e o Governo.

Os próximos meses marcados com eventos internos já anunciados dos partidos do Governo e da Oposição deveriam também produzir resultados com suficiente desapego individual no sentido de subsidiar os rumos da Governação do país nos próximos tempos em prol de seu crescimento e desenvolvimento e melhoria dos indicadores cruciais. Bom Ano Novo a todos!

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Comentários

  • Casimiro centeio, 2 de Jan de 2025

    As nossas cabeças são redondas para que o pensamento possa mudar de direção, mas se forem quadradas, como as dos governantes do Executivo de Ulisses, as nossas decisões ficam caranguejando ou ziguezagueando. Pior se forem como "BONGOLON FURADO" , que só pensam na corrupção em furar o erário público !!!!!KKKKKKKK

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