Associação ambientalista Projeto Vitó pediu esta quinta-feira, 21, uma “especial atenção” das autoridades cabo-verdianas à Reserva dos ilhéus Rambo, entre as lhas do Fogo e Brava, onde esta semana morreram três pescadores, elevando para quatro em um ano.
“O ‘canal Fogo e Brava’ é uma das mais perigosas de Cabo Verde. Fazemos um apelo às autoridades ambientais e marítimas a dedicarem uma especial atenção à situação de risco na Reserva Integral dos Rombos de modo a evitar situações futuras de mais perdas de vidas humanas”, pediu a associação ambientalista cabo-verdiana.
A associação Projeto Vitó, com base na ilha do Fogo, fez este apelo após a morte na madrugada de terça-feira de três pescadores nos ilhéus Rombo, perto da ilha cabo-verdiana da Brava, e até agora só um dos corpos foi resgatado.
Os ilhéus Rombo ou ilhéus Seco situam-se a oito quilómetros a noroeste da ilha Brava, a mais pequena e a mais a sul do arquipélago de Cabo Verde, e a 15 quilómetros a oeste da vizinha ilha do Fogo, e são usados para pesca, embora sejam classificados como reserva natural protegida.
Para o projeto Vitó, coordenado por Herculano Dinis, “é urgente” a elaboração e implementação do plano de gestão desta reserva integral com um enfoque, muito especial, no apoio aos pescadores que diariamente trabalham nesta área.
“É prioritária também a criação de meios alternativos a atividade da pesca artesanal e, fundamentalmente, o reforço da segurança das embarcações e dos seus ocupantes”, apontou ainda aquela associação ambientalista.
Em agosto de 2019, o então ministro da Economia Marítima, José Gonçalves, disse que a lei que proíbe os pescadores e turistas ou visitantes de permanecerem nos ilhéus Rombos vai ser revista com o intuito de procurar uma “melhor solução” para todos.
A associação ambientalista salientou que os pescadores têm sido “um grande aliado” no trabalho de conservação, monitorização e investigação que desenvolve na Reserva Integral dos Rombos.
“Estão sempre disponíveis a apoiar a nossa equipa e têm colaborado de forma constante ao longo dos últimos anos, em especial em 2020 onde mantivemos a nossa equipa durante 10 meses nos Rombos”, recordou a mesma fonte.
Entretanto, notou que os barcos de pesca artesanal não oferecem todas as condições de segurança, o que se agravou neste caso porque um dos pescadores não sabia nadar muito bem, os colegas não levaram coletes salva vidas e o mar está revolto.
“Os botes de pesca artesanal praticamente não têm meios de auxílio à navegação, o farol no Ilhéu de Cima, que ajuda na navegação, está há muito tempo avariado e as viagens muitas vezes acontecem durante as madrugadas e com o mar agitado”, referiu fonte do Projeto Vitó, uma das maiores associações ambientais de Cabo Verde que tem por missão a proteção dos recursos marinhos e a flora endémica.
A morte dos três pescadores esta semana elevou para quatro o número de óbitos envolvendo esses trabalhadores no canal Fogo e Brava em menos de um ano.
Até ao momento, apenas um dos corpos foi resgatado, enquanto os outros dois já foram avistados pelas autoridades cabo-verdianas, mas estão em locais de difícil acesso e o mar continua agitado naquela região mais a sul do arquipélago.
Com Lusa
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