Em comunicado enviado à imprensa neste final de tarde, o economista Gil Évora, adnite ter estado em Saint Vincent e Grenadines mas que isso aconteceu no âmbito de um trabalho de consultoria sobre voos e vistos, prestado à defesa de Alex Saab, pelo que nega qualquer contacto com o governo de Nicolás Maduro e uma suposta missão secreta para negociar a extradição de Saab.
“Não fizemos qualquer missão a mando de governo algum e nem fomos emissários de quem quer que seja. Igualmente não estivemos em palácio presidencial algum pelo que não contatamos qualquer presidente e muito menos entidades governamentais de um outro país. Neste sentido são globalmente falsos falar-se de encontros políticos etc, e desejamos refutá- los integralmente pelo que apenas servem para alimentar o gáudio de alguns que nos querem à força metidos em qualquer enredo do qual não somos e nem queremos ser parte”, começa por esclarecer Gil Évora, gestor demitido pelo Governo ontem, 21, do cargo de presidente do Conselho de Administração da Emprofac, precisamente por causa dessa polémica viagem à Venezuela e que a imprensa internacional viu como sendo uma missão secreta do executivo cabo-verdiano para negociar com Maduro uma eventual não extradição de Alex Saab para julgamento nos EUA.
No comunicado, assinado por Évora e Carlos dos Anjos, os visados explicam que acederam "a um convite e, estando nas funções enquanto PCA da Emprofac, optamos por solicitar férias, exactamente para evitar colisão ou sobreposição de o que quer que fosse”.
“Naturalmente que neste particular tem o governo um outro entendimento em como, mesmo estando de férias, estaremos a exercer funções de gestor público. Não temos necessariamente a mesma interpretação mormente sobre a necessidade de se justificar ou de se obter anuência prévia sobre a organização de férias pessoais dos servidores públicos. De todo o modo não nos parece ser este o tempo de esgrimir razões sobre este quesito”, argumenta Gil Évora.
O gestor afirma que esteve na Espanha a convite de uma empresa cabo-verdiana de consultoria na área de aviação civil, que está a prestar serviços ao colectivo de advogados de Alex Saab, no sentido de “melhor conhecer e estabelecer os trâmites de obtenção das autorizações para a realização dos voos e obtenção dos vistos de entrada em Cabo Verde, assim como outros aspectos logísticos face à necessidade premente de o grupo ter de se deslocar ao nosso país”. Conforme o documento, desde Junho que “esta empresa Cabo-verdiana vem tratando de forma legal e transparente estas questões, como atestam as notas trocadas com as instituições caboverdianas ligadas aos aspetos logísticos de que falamos”. "A viagem, que por ora tanta tinta faz correr, resultou de um convite formulado pelo Grupo de advogados para um encontro de planeamento e programação dos voos e vistos previstos para os meses de Setembro e Outubro para a Ilha do Sal".
O objetivo da viagem à Venezuela “era e foi, apenas comercial sendo todo o resto invenções sem qualquer fundamento”, escreve Gil Évora, acrescentando que foi nessa lógica “que se programou esta missão para Saint Vincent e Granadines local para onde efetivamente nos deslocamos, missão totalmente custeada pelo grupo de advogados que se prontificou a assumir os encargos da deslocação num jato privado espanhol da Corunha, tendo em conta a inexistência de ligação em voos comerciais”.
"Hoje, olhando para trás damos conta de que fomos metidos interesseiramente num grande turbilhão de jogos de interesse entre países e entidades que nada têm a ver com as causas que defendemos”, rejeitando também a versão das cinco maletas. "Afirmar que desembarcamos com 5 malas quando na verdade apenas viajamos com o nosso “carry on” são artificialidades deliberadas com o propósito firme de inflamar e atacar o bom nome das pessoas”.
“De uma deslocação meramente comercial alguns quiseram tirar dividendos políticos, geo-estratégicos e lançar confusão apenas”, analisa o gestor, que diz estar “absolutamente de consciência tranquila de que nada de mal ocorreu nesta deslocação e assumimos por inteiro todas as responsabilidades e todas as consequências desta deslocação”.
O Governo demitiu Gil Évora das funções de PCA do Conselho de Administração da EMPROFAC na sexta-feira, após notícias que o colocavam, juntamente com Carlos Anjos (ex-director geral do Turismo) na Venezuela e enquanto "emissários" do executivo cabo-verdiano para discutir com o presidente venezuelano assuntos do interesse de Alex Saab, empresário colombiano de origem libanesa tido pelos EUA como testa de ferro de Nicolás Maduro.
O governo, que recusou ter enviado emissários a Caravas, capital da Venezuela, justificou a demissão de Évora como sendo “consequência da violação dos deveres inerentes ao gestor público e desvio da finalidade das funções”.
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