O PAICV exigiu esta terça-feira, 21 que o Governo tome medidas assertivas para salvar o sector do Ensino Superior e às famílias, considerando que este é o momento de parar com os discursos e passar a prática.
Durante uma conferência de imprensa, para falar dos desafios do Ensino Superior no contexto da pandemia da covid-19 e da “ausência de políticas assertivas do Governo”, o membro da Comissão Política Nacional Carla Carvalho considerou que o sector está a passar por uma grave “crise”.
Segundo disse, as instituições do Ensino Superior estão a sofrer com os efeitos da pandemia, particularmente no campo financeiro, humano e material, e a tendência , disse, é o abandono dos estudos que a cada dia está a aumentar, tendo em conta que a pandemia está a ter forte impacto nas finanças familiares e, consequentemente, nas despesas e na educação dos filhos.
Carla Carvalho afirmou que neste momento deveriam estar no Ensino Superior cerca de 13 mil estudantes, mas estão apenas 10 mil e que em algumas universidades tem havido uma diminuição de 40% em relação ao pagamento das propinas.
Avançou que desde no inicio da pandemia, a comunidade internacional tem sido benevolente com o Governo de Cabo Verde, tendo disponibilizando fundos em forma de empréstimos e ajudas orçamentais em montantes significativos, nomeadamente a União Europeia, com 67 milhões de euros, FMI, 32 milhões de euros, BAD, 30 milhões de euros, e Nações Unidas , com 120 milhões de dólares.
Para Carla Carvalho, o executivo de Ulisses Correia e Silva deveria usar esse montante para fazer face à crise e salvar o sector do Ensino Superior, que é um dos pilares fundamentais do processo de desenvolvimento das ilhas.
“Até este momento, não se viu e nem se apercebeu quais os projectos ou programas do Governo para salvar o sector, ainda em processo de consolidação. Sabe-se que o Governo acabou de criar uma nova universidade pública, mas não se conhece uma única medida pública para evitar que as instituições do Ensino Superior sejam sucumbidas pelos impactos da recessão económica em curso”, referiu.
Em relação à isenção do IVA na compra de equipamentos informáticos, medida essa que consta no Orçamento Rectificativo, considerou que é “insuficiente”, tendo em conta os grandes desafios, sobretudo, no acesso aos meios tecnológicos.
Para o PAICV, é fundamental desenvolver políticas que tenham em conta as especificidades do arquipélago, mas também que adeqúe a estes novos tempos, com recurso às TIC, garantindo sempre a universalidade e a qualidade do ensino e formação, através da criação de condições para a investigação e o acesso às ferramentas tecnológicas para a docência, produção e disseminação do conhecimento.
Lembrou que o Ensino Superior é suportado, em grande parte, pelas famílias cabo-verdianas, sobretudo as instituições privadas, onde as propinas chegam a cobrir acima de 80 por cento das despesas de funcionamento e em tempos de crise quem paga as maiores facturas são os trabalhadores, logo, as famílias.
Na ocasião, assegurou que desde o inicio da pandemia, o PAICV assumiu , de “forma responsável”, a sua posição em relação a este flagelo, tendo apresentado ao Governo “propostas e apontando potenciais caminhos que deveriam ser trilhados” para mitigar os impactos e assim “amenizar o sofrimento das famílias, dos trabalhadores e das empresas”.
“Sem as famílias, o sector do Ensino Superior corre sérios riscos de definhar e morrer. Mesmo que o estado direccione todos os seus recursos, se as famílias não estiverem bem, os estudantes não estarão bem, logo, o sector do ensino e formação não estará bem”, concluiu.
Com Inforpress
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