Mais de 150 moradores de diversos bairros da da Praia afetados pelas cheias e enxurradas provocadas pelas fortes chuvas do passado sábado tiveram de ser deslocadas e realojadas no Estádio Nacional, divulgou esta sexta-feira a autarquia capitalina.
“Hoje estão já mais de 150 pessoas realojadas no Estádio Nacional e totalmente dependentes da solidariedade de todos”, reconheceu a autarquia, que está a coordenar a campanha de recolha de apoios para estas famílias, numa nota a que a Lusa acesso.
Dados oficiais indicam que o cenário vivido durante a madrugada do passado sábado na Praia resultou de chuvas intensas que ultrapassaram a média anual dos últimos 30 anos na capital.
A autarquia da Praia alertou, entretanto, que as previsões meteorológicas para o próximo fim de semana apresentam "uma tendência para uma chuva tropical nas proximidades do país", estando a sensibilizar a população para os cuidados e proteção a ter.
O Governo já estimou que serão necessários investimentos de 258 milhões de escudos (2,3 milhões de euros) para “repor a normalidade” na Praia após as consequências das fortes chuvas de há uma semana.
O vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, admitiu, entretanto, a necessidade de recorrer ao apoio de parceiros internacionais para recuperar da destruição provocada na Praia pelas chuvas.
Na quinta-feira, de visita aos bairros da capital mais afetados pelas cheias, enxurradas e destruições provocadas pelas fortes chuvas, em que acabou por morrer um bebé de seis meses, o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, pediu medidas “mais firmes” para travar a construção informal em encostas e linhas de água, juntamente com políticas de ordenamento do território.
“Devemos trabalhar mais, trabalhar melhor, para que possamos transformar o Cabo Verde que temos hoje, no sentido de ser um país mais igual, mais justo, com menos desigualdades sociais. Há ainda muita pobreza neste país, nesta capital. É um desafio para nós todos”, alertou o chefe de Estado, ao constatar os efeitos das recentes chuvas na Praia.
As cheias provocaram a destruição de casas, vias de comunicação e aluimento de terras, afetando sobretudo as zonas mais pobres e de construção informal.
Jorge Carlos Fonseca admitiu então que o país e a sua capital “cresceram muito” nos últimos anos, mas que é preciso dar “meios de subsistência” para fixar as populações, nomeadamente noutros pontos da ilha de Santiago, evitando a migração para a capital, com a respetiva pressão urbanística e construção desordenada.
Na companhia dos responsáveis pela autarquia da capital, pediu medidas mais “firmes” para travar a construção informal em encostas e linhas de água, mas em simultâneo também “alternativas”, para que as pessoas obedeçam “às políticas de ordenamento do território”.
Com Lusa
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