Autoridades sanitárias cabo-verdianas acabaram de criar uma equipa pluridisciplinar para investigar, de forma aprofundada, o suposto surto de shigelose na ilha do Sal, informou hoje a presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP), Maria da Luz Lima.
A presidente do INSP, que falava em conferencia de imprensa na sequência da noticia que aponta para a detecção de 258 casos de shigelose, uma forma de disenteria, em turistas que estiveram no Sal, oriundos de 12 países, desde Novembro de 2021, adiantou que desde Setembro que o Ministério da Saúde e o Instituto tem acompanhado os rumores de casos de shigelose na ilha do Sal.
Segundo aquela responsável, entre Setembro e Novembro foram realizadas duas investigações, sendo que em nenhuma das situações se tenha constatado o aumento de caso de diarreia que é o principal sintoma da doença.
“O que foi constatado é que não houve um aumento do caso de diarreias comparado com os anos anteriores. Portanto não houve nenhuma situação epidemiológica que nos levasse a concluir que houve um surto de Shigelose na ilha do Sal nos meses nos meses de Setembro, Outubro e Novembro de 2022”, disse.
No entanto, esclareceu que as autoridades sanitárias continuaram em alerta e com recomendações bem claras, não só, para as autoridades sanitárias da ilha como para os hotéis, no sentido de reportar qualquer caso que possa constituir um surto ou alguma ameaça à Saúde Pública.
E agora com a publicação da noticia que dá que uma avaliação de risco feita pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) terá detectado 258 casos de shigelose em turistas de 12 países que estiveram no Sal, indicou que as autoridades nacionais decidiram fazer uma investigação mais aprofundada, estando já criada uma equipa pluridisciplinar para o efeito.
“A equipa já está constituída e vai para terreno na quarta-feira, mas antes vamos fazer uma planificação e na segunda e terça feira vamos ter dois dias intensos para planificar onde e com quem fazer as entrevistas e quais os dados que vão ser levantados e identificar a fonte da infecção”, explicou.
A equipa é composta por epidemiologistas, médicos de clinica geral, enfermeiros representantes da Entidade Reguladora Independente de Saúde (ERIS) e a própria OMS através do ponto focal da Infosan.
“E uma equipa pluridisciplinar precisamente para fazer uma investigação mais aprofundada indo também às potenciais causas e às fontes de abastecimento de água para a identificação das espécies que eventualmente possam ter causado esse surto”, disse.
Maria da Luz Lima esclareceu, entretanto, que a sighilose são infecções que acontecem em todo mundo e que causam diarreias e que podem dar outros sintomas, frisando que o estudo aponta que os casos notificados não são do tipo grave.
“É uma doença muito comum no mundo inteiro e, sobretudo, nos países quentes e está muito associado à ingestão de água ou alimentos contaminados, mas também outras formas de transmissão”, disse adiantando que caso for confirmado outras ilhas poderão ser investigadas em caso de aumento de casos de diarreia.
De recordar que na sua publicação, a EDCD “incentiva” as autoridades de Saúde dos países europeus a “aumentar” a conscientização dos profissionais de saúde para a “possibilidade de crescimento de infecções por shigelose em pessoas com viagens recentes a Cabo Verde”.
“Além disso, entrevistas destes casos são recomendados para restringir as áreas/locais de alto risco em Cabo Verde”, lê-se ainda no relatório, em que a ECDC refere estar em contacto regular com as autoridades de Cabo Verde “para fortalecer as investigações de possíveis fontes”, enquanto “chave para controlar o surto”.
Comentários