Cabo Verde vai criar uma unidade de inteligência marítima, constituída por uma equipa conjunta dos portos, para tornar as operações portuárias mais seguras e lutar contra o tráfico marítimo ilícito e redes criminosas associadas, foi hoje anunciado.
“Essencialmente, os portos vão ficar mais seguros, porque é onde geralmente saem os ilícitos. A unidade que estamos a formar neste momento vai essencialmente dar mais seguranças às operações portuárias”, afirmou André Semedo, diretor do centro de formação da Polícia Judiciária (PJ).
O responsável falava no final de uma formação de uma semana sobre inteligência marítima, ministrada na cidade da Praia pelo Seacop, um projeto financiado pela União Europeia (UE) e que visa contribuir para a luta contra o comércio marítimo ilícito e as redes criminosas associadas nos países e regiões visados da América Latina, Caribe e África Ocidental, que também terão as suas unidades de investigação marítima.
O curso contou com a participação de 10 formandos da equipa conjunta, composta pela Polícia Judiciária, Polícia Marítima, das Alfândegas e da Guarda Costeira, que vão fazer parte da unidade para tornar as operações portuárias mais seguras nos dois principais portos do país, na Praia e do Mindelo.
Segundo André Semedo, em Cabo Verde os riscos são sobretudo os tráficos de armas, de drogas e de mercadorias e a imigração clandestina, e a unidade vai trabalhar na recolha, análise e difusão de informações que podem ajudar na investigação criminal e no combate a esses ilícitos.
“As perspetivas são boas, principalmente porque contamos com o apoio da União Europeia, da França e temos relações privilegiadas com o MAOC-N [na sigla em inglês do Centro de Análise e Operações Marítimas-Narcóticos, com sede em Lisboa]”, frisou o também coordenador superior da PJ.
Criado em 2010, o Programa de Cooperação Portuária (Seacop) acompanha desde essa altura aqueles países na luta contra os vários tráficos e ilícitos marítimos, e em 2021 surgiu o Seacop V, e a primeira formação foi feita em São Vicente, na cidade do Mindelo, em outubro de 2022.
Para o coordenador adjunto do projeto para Cabo Verde, Akizi Akala, a partir de agora os agentes dos dois principais portos do país vão estar melhor preparados e capacitados para fazer face aos tráficos ilícitos marítimos.
Além da Praia e Mindelo, Cabo Verde tem portos marítimos em todas as outras ilhas habitadas, num arquipélago que tem uma superfície de 4.033 quilómetros quadrados (km2), espalhado por uma área de aproximadamente 87 milhas (140 km) de raio, com cerca de 1.000 km de costa.
E tem uma área marítima de responsabilidade nacional de 734.265 km2, que inclui as águas arquipelágicas, o mar territorial, a zona contígua e a Zona Económica Exclusiva.
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