Um clima de alta tensão marcou a primeira parte do segundo dia de julgamento de Amadeu Oliveira, que depois de protestar a prioridade de um requerimento com efeito suspensivo, quando a juíza já o avisara para se manter calado, foi expulso da sala e a sua equipa de defesa também se levantou da mesa, atitude aplaudida vivamente pela plateia, que foi ordenada para abandonar a sala, sob autoridade policial, até que a confusão fosse sanada.
Tudo por causa de um desentendimento sobre se cabia à defesa apresentar primeiro um novo requerimento ou se se avançaria com as perguntas prévias do julgamento em si. A juiza não terá percebido bem a resposta da advogada Zuleica Cruz - um problema de som da sala onde decorre o julgamento, não sendo muitas vezes perceptíveis as intervenções -, que havia dito que se deveria continuar de onde pararam ontem e depois seguir para as questões prévias, e passou a palavra aos advogados de acusação.
Mas a juiza, que tinha passado a palavra aos advogados de acusação, manteve essa posição, facto que levou o arguido Amadeu Oliveira, por duas vezes avisado para não se dirigir directamente ao tribunal, levantou-se e protestou exclamando que tem prioridade o requerimento e só depois as questões prévias.
A juiza ordenou então a sua expulsão da sala, voltando a passar a palavra aos advogados de acusação. Zuleica Cruz ainda tentou explicar que a juiza teria entendido mal, mas Ivanilda Varela insistiu na sua posição, obrigando as advogadas de Amadeu Oliveira a arrumar os seus documentos e a levantar-se da mesa.
As pessoas que assistiam ao julgamento aplaudiram logo esta atitude das defensoras de Oliveira, a polícia entrou, a juíza mandou tirar toda a assistência da sala e chamar o arguido sozinho. Houve protestos da assistência e do próprio Amadeu Oliveira a pedir para ninguém sair por se tratar de uma audiência pública.
O clima de tensão foi tal que vários agentes policiais armados e outros à paisana, pertencentes à Direcção de Investigação Criminal da PN, entraram na sala para cumprir a ordem da juiza de esvaziar a sala. No meio da confusão, a juiza perguntou ao arguido se queria mudar de defensores, e ele disse que não, que quer é mudar de juíza "porque esta aqui é uma manipuladora de provas. Pode me prender, não aceito ser julgado pela senhora".
Instalada a confusão foi dito então aos presentes que a sua saída seria momentânea, tendo as cerca de 30 pessoas que assistiam ao julgamento (medidas sanitárias não permitiram maior número) ficado a aguardar no átrio por alguns minutos até a situação se resolver, após a conferência entre os intervenientes à porta fechada.
Ao retomar a sessão, já com a assistência do público (todos tinham reavido seus pertences nos cacifos voltaram para a sala com os telemóveis, facto que irritou o chefe de segurança), a juiza permitiu então à defesa apresentar o requerimento que pede a suspensão da própria magistrada do processo.
É o que está a suceder neste momento, com a advogada de Amadeu Oliveira a ditar um requerimento que já dura há mais de meia hora. Foi no início deste recurso que se ficou a saber que Amadeu Oliveira foi multado ontem por 30.000$00 e ainda vai continuar sob medida de detenção, por ter insistentemente interrogado a juiza, despacho que a defesa também já recorreu.
O julgamento de Amadeu Oliveira, acusado de 14 crimes de ofensa à contra os juizes do STJ, Benfeito Mosso Ramos e Fátima Coronel, ainda decorre com a defesa a apresentar novo requerimento em que a suspensão da juiza Ivanilda Varela, por, entre outros, decorrer no CSMJ um processo de averiguação por manipulação de provas.
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