
O movimento cívico Sokols 2017 está a organizar uma manifestação na ilha cabo-verdiana de São Vicente, no dia 16, para exigir reposição das ligações diretas da companhia aérea nacional (TACV) entre a ilha e o estrangeiro.
"Esta manifestação tem um objetivo muito claro: os mindelenses exigem a reposição dos voos de São Vicente para Lisboa e para outros países, se necessário for. Estamos cansados de ter de pagar mais para ir a Santiago ou outra ilha tomar avião", afirmou o vice-presidente do movimento, Carlos Araújo, em declarações à Rádio Morabeza, reproduzidas pelo Expresso das Ilhas.
"Queremos a reposição desses voos, que fazem muita falta a São Vicente, ao turismo e às pessoas que querem deslocar-se de São Vicente para o exterior. Realmente, isto é um corte na economia desta ilha, sem sombra de dúvida", prosseguiu Carlos Araújo.
A manifestação foi marcada para o dia 16 de dezembro, no Aeroporto Internacional Cesária Évora, um dia antes do sétimo aniversário da morte da cantora cabo-verdiana que dá nome ao aeroporto.
Segundo Carlos Araújo, os problemas nos transportes em Cabo Verde têm a ver com "má organização do Estado" e que isso também está a afetar a diáspora cabo-verdiana.
"A falta de voos não deixa que a ilha atinja o potencial que poderia atingir. Muitas pessoas falam em discriminação. O que digo é que há uma má organização. O Estado cabo-verdiano está mal organizado, estão a encaminhar para um sistema ainda pior que é essa regionalização que vai desorganizar ainda mais esse sistema", mostrou o ativista.
A TACV terminou as suas ligações diretas para a ilha de São Vicente em setembro do ano passado.
A companhia está a ser reestruturada para ser privatizada, e uma das medidas é a implementação da base de operações na ilha do Sal para os voos internacionais.
Os empresários são uma das classes afetadas com a medida, e têm alertado para os problemas e prejuízos causados, sobretudo no escoamento dos produtos, bem como na aquisição de matérias-primas, segundo o Expresso das Ilhas.
Em junho, numa entrevista à agência Lusa, o presidente da Câmara de Comércio do Barlavento cabo-verdiano, Belarmino Lucas, disse que o 'hub' aéreo na ilha do Sal não está a servir os interesses do mercado interno do arquipélago.
Segundo o líder associativo, os empresários do norte de Cabo Verde estão a viver "algum aperto", desde a supressão das ligações diretas da TACV Internacional para São Vicente, o que é agravado com as dificuldades da transportadora Binter no transporte de cargas.
Por esse motivo, a organização está à procura de investidores estrangeiros para implementar um negócio de carga aérea no país, para ajudar a resolver os problemas do transporte interilhas.
Em declarações hoje à imprensa, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, reafirmou que a TACV será privatizada e que as linhas aéreas serão definidas de acordo com "interesses de viabilidade comercial".
"Não posso antecipar. É do nosso interesse que Cabo Verde possa ter uma boa interligação aérea a partir das diversas ilhas. Esta não é uma decisão administrativo-política do Governo, temos que garantir que aquilo que são as soluções das rotas aéreas tenham sustentabilidade e capacidade financeira de sustentar e comerciar. Creio que a companhia aérea estará interessada desde que haja o fluxo os investimentos que são feitos para que os voos se realizem", disse o primeiro-ministro.
Com a retirada da Cabo Verde Airlines, a transportadora aérea portuguesa TAP é a única companhia que faz voos internacionais regulares a partir de São Vicente para a Europa e os preços das passagens têm sido alvo de críticas por parte dos passageiros.
Com Lusa
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