A procura turística está a crescer em Santo Antão, mas a “oferta continua desorganizada e despreparada”, quer do ponto de vista institucional, quer a nível macro e micro, revela um estudo sobre o turismo rural nesta ilha.
O estudo, segundo a Inforpress, foi financiado pela Lux Development (cooperação luxemburguesa), no quadro do programa Emprego e Empregabilidade e visa definir o modelo de intervenção no âmbito do desenvolvimento do turismo rural e comunitário em Santo Antão.
“A procura turística em Santo Antão tem vindo a crescer, mas a oferta continua desorganizada e despreparada para enquadrar o movimento turístico, quer do ponto de vista institucional (poder local), quer do ponto de vista macro (planeamento do território) e micro (estruturação, gestão e comunicação do turismo comunitário)”, revela o estudo, realizado entre os meses de Agosto e Novembro, pela empresa THC – Tourism & Hospitality Consulting.
Sublinha que o turismo está a crescer ano após ano em Santo Antão, sendo que a sua matriz de desenvolvimento se deve basear em “premissas como a sustentabilidade e a micro-escala”.
Este estudo vai ser apresentado a 9 de Novembro, na cidade do Porto Novo, num atelier, onde será ainda discutido o plano para o reforço da capacidade das organizações não-governamentais que actuam no sector turístico em Santo Antão, ilha que, pelas suas características morfológicas e económico-sociais, tem potencial para desenvolver “um turismo rural e comunitário de micro-escala e sustentável”, mas que “necessita de ser sistematizado e qualificado”.
O trekking (caminhadas em trilhos à procura de natureza) é, para já, o principal produto turístico da ilha, mas é preciso que se desenvolva as outras componentes desta oferta, que são ainda “bastante limitadas”, apesar de “algum crescimento”, como a cultura gastronómica e a observação de espécies, mostra ainda este estudo, segundo o qual, “as actividades desportivas complementares”, como a escalada e o canyoning na montanha, a pesca, a observação de cetáceos e outros, poderão assumir um papel relevante em termos de oferta turística em Santo Antão, “se devidamente trabalhadas”.
Segundo ainda o estudo, o turismo santantonense, que tem potencial para alavancar também a agricultura, tem no mercado francês o principal mercado emissor.
Santo Antão, que recebe, anualmente, cerca de 20 mil turistas, enfrenta, porém, vários constrangimentos que condicionam o desenvolvimento do turismo local, desde logo a questão da acessibilidade à ilha, mais precisamente a problemática dos transportes aéreos e marítimos, que limita a chegada e permanência de turistas nesta região.
As ofertas alternativas, sobretudo a nível de rent-a-car, continuam “limitadíssima” em Santo Antão, dificultando assim “a autonomia do turista no consumo do território local”.
“O alojamento e a restauração necessitam também de uma maior densidade de oferta turística, sobretudo fora dos eixos de maior projecção urbana” cita ainda o estudo, referindo-se, também, à qualidade da rede rodoviária e da mobilidade interna, bem como a qualificação dos recursos humanos, como outros obstáculos ao incremento do turismo, em Santo Antão.
Em termos de desafios, o estudo destaca a necessidade de se estabilizar a rede dos transportes para Santo Antão, aumentando assim a oferta diária de passageiros entre São Vicente e Porto Novo e a criação de condições de desembarque no Tarrafal de Monte Trigo, um dos principais destinos turísticos da “ilha das montanhas”.
A criação de uma rede sustentada de percursos pedestres para consumo turístico, devidamente sinalizada e com complemento de actividades de animação rural, de natureza, turismo de aventura, a capacitação dos recursos humanos e a promoção dos produtos locais, como o grogue, são outros desafios propostos por este estudo.
O presente estudo visa desenvolver um modelo de dinamização, gestão e execução de projectos no domínio do turismo rural e comunitário em Santo Antão, procurando a sustentabilidade das iniciativas locais e a promoção do emprego/auto-emprego no seio dos jovens e das mulheres desempregadas da ilha.
O estudo foi realizado no âmbito do programa Emprego e Empregabilidade, que integra o Programa Indicativo de Cooperação Luxemburgo/Cabo Verde para o período 2016-2020, com o objectivo de “contribuir para a inserção profissional da população de Cabo Verde, em particular dos jovens e das mulheres”.
O Governo, no seu programa de Legislatura, assumiu alguns “compromissos” a nível do turismo, pretendendo, até 2021, atingir a meta de um milhão de turistas estrangeiros por ano, de visita a Cabo Verde e chegar, em 2021, o top 30 dos países mais competitivos do mundo em matéria de turismo.
Cabo Verde ocupa, actualmente, a posição o 86, mas a nível da África integra o top cinco.
Atingir novos mercados, entre os quais, o russo é outra promessa assumida pelo actual executivo para este mandato, com vista a alavancar o turismo no arquipélago.
Com Inforpress
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