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Estado, Geopolítica e Geoeconomia versus seu Statu Quo: A Relevância da performance financeira e bélica de um Estado[II]
Ponto de Vista

Estado, Geopolítica e Geoeconomia versus seu Statu Quo: A Relevância da performance financeira e bélica de um Estado[II]

"Irmãos, são os valores da conquista constante de segurança e estabilidade em todos os aspetos, que Cabo Verde precisa de cultivar, ou seja, lutar para a sua constante promoção, mediante o desenvolvimento de reformas do Estado, voltadas para os setores de segurança, educação eeconomia, em prol da garantia de reafirmação do seu status quo."

Antes de mais, numa mera aproximação da tese de cientificidadeda “geopolítica”, então sublinhado na edição anterior deste magnífico jornal digital [Vide, p.f, o link:https://santiagomagazine.cv/ponto-de-vista/estado-geopolitica-e-geoeconomia-versus-seu-statu-quo-a-relevancia-da-performance-inanceira-e-elica, de 09.01.2024], dizer que ela [a geopolítica] ocupa, realmente, um lugar muito privilegiado dentro das ciências sociais, tendo-se, a priori, associado à “geografia política”, como era conhecido ao longo dos primeiros tempos da sua evolução literária [lembremos a famosa teoria de Mackinder [Harold J. Mackinder - Britânico], referente ao exercício da influência de um determinado Estado, sobre o mundo] para se afirmar, a posteriori e definitivamente, como “geopolítica”, na contemporaneidade.

Ela constitui o ramo ou extensão das Relações Internacionais, estudando, entre outrosaspetos, as relações entre Estados, numa perspetiva de construção ou estabelecimento da segurança estratégica comum ou mesmo individual, de diferentes nações, do ponto de vista político, económico e social, numa ótica de procura constante sobre domínio de determinadas áreas de influência [espaços áreas geoestratégicas] económica ou política. Sim, é o “ramo das Relações Internacionais, porém, ciente da natureza de sua complexidade, riqueza ou grandeza científica, pelo papel e relevância de que se reveste, na esfera de influência mundial. Estamos a falar, irmãos, do ponto de vista académico, de uma ciência [disciplina] completa.

No ambiente académico universitário, os colegas sentiam o luxo, isto é, o grande entusiasmo de assistir aulas de e sobrea geopolíticae,eutambém nãodeixava deo sentir. É por isso que me parecia que, de entre os mais ambiciosos estudantes estrangeiros, a grande maioria queria ser o percursor dessa ciência, em seus países de origem, com o regresso de suas formações académicas em Politologia [Ciências Políticas].

Eu, particularmente, não posso esconder essa ambição de querer me figurar, como sendo o “Primeiro Homem”. Risos. Isto é, o percursor da geopolítica nacional. Até porque, numa das primeiras aulas inaugurais dessa disciplina,que tive o privilégio de ministrar na Universidade de Cabo Verde, a convite do nosso Geógrafo e Professor Catedrático João Carvalho, onde pude abordar sobre os termos dessa disciplina científica, mediante a exposição de mapa político mundial, num quadro didático-estratégico de garantia de uma maior atenção, por parte dos estudantes de geografia e história, percebi não só a importância dessa temática, mas também a necessidade do seu enraizamento em solo académico nacional. Diria que foi uma espécie de contribuição que eu queria oferecer ao nosso mundo académico ˗ tudo numa perspetiva de partilha de conhecimentos específicos adquiridos, durante a faculdade. Não digo ser, por minha intervenção académica, que o termo “geopolítica” [ou seja, a referência sobre problemas geopolíticos] virou retórica, mormente, a quando de discursos ou intervenções de foros político e académico. Não. Não é isso, não.

No entretanto, a grande verdade é que no decorrer dos tempos, vemo-nos testemunhando, cada vez mais, a presença desse termo na “fala” de nossos políticos e cientistas. Até porque, irmãos, eu pude perceber, mais tarde, o facto de que não sou o Cara. Risos. Isto porque, na realidade, o seu percursor nacional deve ter sido o Prof. Doutor António Correia e Silva – o nosso grande historiador, por a ter evocado, bem cedo, num dos capítulos do livro sobre a História de Cabo Verde [CORREIA E SILVA et al., 2001].

Por isso, tiro o chapéu à frente dele. Mas também é algo, deveras, a considerar, o facto de que tive essa honra de ter proporcionado, em diferentes momentos, importantes debates de natureza acadêmica, graças, inclusive, à cumplicidade do Prof. Doutor João Carvalho, a partir de 2006, onde o então campus de UNICV de Palmarejo, foi o palco privilegiado dessa experiência académica muito relevante, no contexto do desenvolvimento científico. Isto, tão somente, para abrirmos um parêntese sobre a tese de cientificidade da geopolítica.

Retomando a reflexão sobre aquilo que constitui o Estado, numa perceção, relação ou entorno [perspetiva]geopolítico, bem como a importância da sua performance económica e bélica, podemos dizer que, hoje é muito importante e necessário, o cultivo constante de valores que possam garantir a estabilidade macroeconómica de um determinado Estado, ciente dos desafios de segurança e estabilidades económica, social e politica. Estamos a falar de recursos estratégicos, responsáveis pela garantia da sua afirmação, no contexto geopolítico das coisas.

O termo “geopolítico”, aqui, resume-se, igualmente, à sua natureza económica e mesmo bélica de um Estado, a que podemos invocar nessa primeira edição deste artigo. Veja que estamos, com isso, a chamar atenção sobre questões extremamente importantes, sendo determinantes de alimentação do bem-estar de uma nação, tendo a ver com a sua defesa, proteção, assim como a garantia, principalmente, da sua estabilidade económica e social. Veja que, considerando o facto de que, hoje não há paz perpétua num e/ou entre os Estados, ao contrário do que tivesse, então, pronunciado [i.e, sonhado] o grande expoente [teórico] clássico da filosofia moderna, conhecido nos mundosliterário e académico, por Thomas Hobbes [1588-1679], mas que atualmente, face às contínuas crises políticas e sociais existentes, enformando a complexidade geopolítica mundial, podemos dizer que já não faz sentido sonhar, cegamente, com ela[a paz perpétua]. Isto, porque nos nossos dias, os interesses,para além de serem cada vez mais variados, são muito mais complexos, agravando-se com o que o prezado geopolítico americano de renome mundial [Samuel Huntington] chamade “Choque de Civilizações”. É o que, por exemplo, estamos a verificar no Médio Oriente, com o Mar Vermelho a constituir o enlace ou expressão desses choques culturais ou políticos.

Portanto, irmãos, são os valores da conquista constante de segurança e estabilidade em todos os aspetos, que Cabo Verde precisa de cultivar, ou seja, lutar para a sua constante promoção, mediante o desenvolvimento de reformas do Estado, voltadas para os setores de segurança, educação eeconomia, em prol da garantia de reafirmação do seu status quo.

Hoje fala-se da necessidade de reformas, a nível de forcas armadas e, isso é muito importante que seja concretizada, o mais urgente possível. Nesta ótica, podemos ir mais longe, propondo o empreendimento de investimentos chaves que enformem ou engrandeçam o nosso exército. E isso, obviamente, deve passar pela inovação constante do aparelho militar nacional, sendo possível, não só,mediante aquisição de novos equipamentos, mas também, a formação erequalificação permanente, neste caso particular, de quadros afetos a esse setor estratégico de segurança nacional [FA], podendo ser viável, obviamente, num contexto de elevação da performance económica deste Estado. Perguntemos: temoscapacidade de os fazer? Sim, temos. Mas, como? Mediante não só o funcionamento eficiente da nossa máquina económica, num quadro de garantias docombate contínuo de corrupção;do acesso generalizado dos nossos cidadãos à liquidez [crédito bancário], a taxas de juro justas e competitivas [o Banco Central tem um papel de relevo, nesse sentido], mediante a necessidade de melhoria generalizada do quadro salarial, principalmente, a nível da administração pública, permitindo a massificação da cultura consumista, bem como dapoupança [investimentos], pelo menos, no seio da classe média. Isso proporcionariam ecos de brios, em termos de lazer, numa ótica de consumo generalizado [com reflexos, a nível de desenvolvimento de negócios ou do próprio funcionamento da economia nacional, no seu todo]. Tudo isso, sem esquecer, como é óbvio, da segurança de parcerias internacionais existentes ˗ fruto de relações diplomáticas já estabelecidas.

Deste modo, teremos um país mais próspero em 2030 e, mesmo rico, duas décadas depois,i,e, em 2050. E com efeito, o crescimento e desenvolvimento da economia nacionaltrará benefícios crescentes, em matéria do fortalecimento e crescimento do nosso sistema de defesa, com reflexos positivos,voltados para a sua estabilidade governativa, associada à segurança da integridade territorial do Estado, assim como da proteção do seu povo e sua economia. Sonhemos juntos, irmãos. É possível!

Praia, 03 de fevereiro de 2024

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