É imperativo que, como sociedade, e especialmente os cristãos dentro dela, ponderemos sobre o nosso papel e responsabilidade. Estamos chamados a ser luzes num mundo frequentemente dominado pelas trevas da corrupção e do egoísmo. Que este momento sirva como um apelo à reflexão e à ação consciente, para que possamos, de facto, caminhar pelo trajeto que Cristo nos traçou, marcado pela integridade e pelo compromisso com a justiça e a verdade.
Numa conversa recente com um amigo, deparei-me com uma perspetiva intrigante sobre a realidade política e social em Cabo Verde. Ele argumentava que, apesar de termos legislação comparável à da Noruega—reconhecida como uma das mais avançadas e bem desenvolvidas do mundo—a nossa realidade é inegavelmente africana. Aqui reside uma contradição palpável: embora os estudos nos coloquem frequentemente no topo dos rankings africanos, as práticas eleitorais revelam-se distorcidas pelo poder económico. Descreveu um cenário onde as eleições são influenciadas não pela força das políticas ou pela integridade dos candidatos, mas sim pelo poder financeiro, com líderes comunitários sendo literalmente comprados com "pacas de dinheiro" para garantir votos—a corrupção atua em plena luz do dia, deixando as políticas e intenções honestas confinadas a papéis que nunca saem da "Noroega", uma metáfora para uma realidade idealizada que contrasta drasticamente com a prática corrompida.
Esta reflexão abre um debate profundo sobre ética e moralidade, especialmente sob uma perspetiva cristã. No cristianismo, somos ensinados a buscar a salvação eterna, um objetivo transcendental que vai além das preocupações mundanas. A conduta descrita nas eleições de Cabo Verde pode ser comparada à dos fariseus e escribas do tempo de Jesus, que, conhecendo a lei, escolheram ignorá-la para seguir os seus próprios interesses, contribuindo para a crucificação de Cristo. Assim como eles, os envolvidos no comércio corrupto de votos por benefícios económicos podem ser vistos como modernos crucificadores de Cristo, gritando "crucifica-o" através das suas ações.
Esta analogia estende-se a todos os que testemunham tais atos sem intervir. Segundo o Evangelho, lavar as mãos perante a injustiça é uma forma de cumplicidade, uma reminiscência de Pilatos que, ao abster-se de decidir sobre o destino de Jesus, implicitamente permitiu a sua morte. Para os cristãos envolvidos ou cientes destas práticas corruptas, é crucial refletir sobre como estas ações se alinham com os ensinamentos de Cristo, que pregava a honestidade, a sinceridade e a busca pela "porta estreita" que conduz à vida eterna.
É imperativo que, como sociedade, e especialmente os cristãos dentro dela, ponderemos sobre o nosso papel e responsabilidade. Estamos chamados a ser luzes num mundo frequentemente dominado pelas trevas da corrupção e do egoísmo. Que este momento sirva como um apelo à reflexão e à ação consciente, para que possamos, de facto, caminhar pelo trajeto que Cristo nos traçou, marcado pela integridade e pelo compromisso com a justiça e a verdade.
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