Ex-combatente enaltece quantidade de quadros da Guiné-Bissau em 51 anos
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Ex-combatente enaltece quantidade de quadros da Guiné-Bissau em 51 anos

O antigo combatente pela independência da Guiné-Bissau, Manuel dos Santos “Manecas”, disse hoje à Lusa que o país “fez grandes avanços” em termos de formação de quadros em 51 anos em comparação com 1974 onde 95% da população era analfabeta.

Ministro de vários governos da Guiné-Bissau independente, Manuel dos Santos fez estas observações hoje durante o lançamento de um livro sobre a sua biografia escrito por uma sobrinha e que foi apresentado no Centro Cultural Português em Bissau.

Questionado sobre como vê a Guiné-Bissau, volvidos 51 anos de independência, o ex-guerrilheiro, hoje com 83 anos, exortou os guineenses para que “não se iludam” quando fazem comparações entre o antes e o depois da desocupação do país pela administração colonial.

“A Guiné de hoje não tem nada a ver com a Guiné de 1974. Não se iludam. A Guiné de 1974 tinha 95% de analfabetos e pessoal formado com formação média e superior, nada”, destacou Manuel dos Santos.

O ex-militar deu o exemplo de falta de quadros lembrando que quando foi indigitado para o cargo de Ministro dos Transportes, em 1978, a única pessoa naquele Ministério com formação universitária era o próprio.

“Só para se ver o panorama dos recursos humanos que era a Guiné-Bissau nessa altura. Hoje o panorama é completamente diferente”, sustentou Manuel dos Santos.

Sobre de que forma vê hoje o país em termos concretos, o antigo dirigente é de opinião de que no dia em que as “estruturas políticas resolverem” se enveredar pelo desenvolvimento a Guiné-Bissau “terá muito pano para manga”.

Manuel dos Santos, vê, contudo, a Guiné-Bissau a atravessar “uma fase difícil”, embora saliente que todos os países já experimentaram o mesmo, o que, disse, não o leva a ser pessimista em relação ao futuro do país.

Nascido em São Vicente, Cabo Verde, no dia 30 de outubro de 1942, Manuel dos Santos, fez toda a sua vida adulta servindo na Guiné, primeiro como militar e mais tarde como dirigente político.

Considera-se filho das duas pátrias, mas lamenta que as relações entre ambas não sejam das melhores neste momento.

“Eu acho que se a Guiné e Cabo Verde tivessem juízo teriam as melhores relações possíveis. Eu acho que todos devemos batermo-nos por isso”, enfatizou “Manecas” dos Santos, como é mais conhecido nos dois países.

Sobre o livro que conta a sua biografia, o ex-guerrilheiro enfatiza que relata o seu percurso “que não é normal” de uma pessoa nascida numa família “com certos meios”, que foi estudar para Portugal de onde saltaria para a luta armada nas matas da Guiné.

‘Manecas’ dos Santos diz ter valido a pena a sua participação na luta armada pela independência da Guiné e Cabo Verde e ter tentado construir um futuro melhor para os dois países, agora acena com “paciência” se não conseguir esse sonho.

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