A propósito de um artigo de opinião publicado no jornal online Santiago Magazine e assinado pelo engenheiro Filomeno Rodrigues, e em virtude das diversas reacções que o texto provocou nas pessoas e, particularmente, em mim por causa do efeito surpresa, sinto-me na obrigação moral de tecer alguns ponderados comentários que espero esclarecedores para a opinião pública.
Antes de mais, quero agradecer ao articulista pela confiança em mim depositada e a todas as pessoas que reagiram positivamente ao artigo, me parabenizando e incitando a assumir o desafio lançado pelo engenheiro Filomeno Rodrigues para que o MpD veja em mim a melhor escolha para encabeçar a lista do partido às autárquicas de 2020 em São Domingos.
Conheço o engenheiro Rodrigues e, não raras vezes, temos vindo informalmente a tertuliar, juntamente com outras pessoas que pensam o concelho, sobre como desenvolver São Domingos e de que forma os quadros e forças vivas locais devem contribuir para atrelar o desejado crescimento deste município. Acontece sempre que nos encontramos no centro da cidade.
Porém, confesso que o seu artigo me apanhou desprevenido e com outras ideias na cabeça - de momento estou focado no meu trabalho como assessor jurídico do Ministro da Defesa. E, conhecendo o cenário político que se vive em São Domingos, com o surgimento de diversos pré-candidatos da esfera do MpD para liderar a equipa camarária, não seria então sensato da minha parte 'afrontar' ainda mais o meu partido com uma eventual disponibilidade minha para encabeçar a lista partidária nas autárquicas de 2020 neste concelho. Quedei-me no silêncio.
Eu sou militante do MpD há mais de vinte anos e estou na política por convicção. Nunca forcei nada, nem tão pouco ganhei cargos por causa do meu cartão de militante, mas sim pelo trabalho abnegado a que me propus em ajudar para o bem-estar da população, de resto, como fiz durante os anos em que estive em Portugal, na Câmara Municipal de Oeiras. Isto porque acredito que a política é inerente à convivência em comunidade. Todos nós, queira ou não queira, somos "seres políticos".
Com esses pressupostos, e com base nas muitas mensagens positivas que me chegam de todos os lados sobre esse artigo publicado no online Santiago Magazine a sugerir ao MpD que me inclua no rol de potenciais candidatos à Câmara Municipal de São Domingos pelas suas listas e que posteriormente serão avaliados pela direcção do partido através de sondagens (que já decorre, segundo consta) ou eleição directa, digo o seguinte:
Ponderados todos os cenários e com o ego suportado por uma onda de apoio que me fugia ao conhecimento, admito que aceitaria sem titubeio encabeçar a lista do MpD à Câmara Municipal de São Domingos para as próximas eleições. Esta minha pre-disponibilidade, é jus sublinhá-lo, só acontecerá no quadro do partido, o MpD, isto é, desde que o MpD a veja como potencialmente capaz de garantir a vitória nas eleições autárquicas em São Domingos. Nenhum outro cenário se me afigura como alternativo no presente.
Creio que, pela minha experiência acumulada sobretudo no domínio autárquico, jurídico e administrativo em Portugal, a minha integridade e visão progressista que possuo de São Domingos, posso ser útil ao partido no processo de desenvolvimento deste concelho. Acrescento ainda um elemento importante: ao contrário dos muitos comentários que li no artigo do engenheiro Filomeno Rodrigues, é precisamente pelo facto de ter vivido muitos anos em Portugal, mas sempre ao serviço do MpD, que neste meu terrão envergo uma imagem imaculada, distante de quezílias politico-partidárias, razão pela qual humildemente poderei agregar apoios de simpatizantes das duas principais forças políticas, no caso MpD e PAICV.
O artigo do engenheiro Filomeno, que é próximo do PAICV, evidencia essa ideia e, por conseguinte, injecta mais força junto de elementos do MpD que também já me tinham despertado para concorrer. Mas, repito, tudo depende do partido. Não estou aqui para forçar a minha eventual candidatura, nem abrir caminho para criar crispação no seio do MpD e, sim mostrar ao meu partido que, com humildade, respeito e sentido de responsabilidade, não virarei as costas ao município de São Domingos se para o efeito for chamado a dar o meu contributo. Ao fim e ao cabo é São Domingos que interessa e é por São Domingos que trabalharei, se as condições políticas forem garantidas para empreender uma candidatura.
Certamente, eu sei das dificuldades e impactos dessa decisão. Mas o facto é que, embora uma andorinha não faça uma revoada, a revoada começa com a decisão de uma andorinha em descolar para voar. As outras, uma a uma, seguem, e a revoada começa. Nunca acontece de todas elas, simultaneamente, exactamente no mesmo instante, tomarem a decisão de descolar. É preciso que uma andorinha inicie o processo.
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