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Dilema do covid-19. Saúde mental vs Medo (o saudável e o patológico) II
Ponto de Vista

Dilema do covid-19. Saúde mental vs Medo (o saudável e o patológico) II

Ter saúde mental é sentir-se bem consigo próprio e sentir-se bem na relação com os outros e com o meio que o rodeia.

O medo é um dos sentimentos mais comuns de qualquer ser humano.

É um sentimento que geralmente permite a pessoa proteger-se de possíveis perigos do dia a dia.

Desde o aparecimento dos primeiros casos de pessoas infetadas com o novo coranavírus (finais de dezembro de 2019, na China), o medo começou a ganhar uma dimensão cada vez mais preocupante.

O medo saudável e o medo patológico: Medo saudável: de modo geral é bom sentir este tipo de medo, uma vez que ele funciona como mecanismo de proteção e de alerta sobre determinados perigos, ou seja, é um sentimento necessário para nos precavermos perante certas atitudes ou situações.

O medo patológico (não saudável) é quando o medo existe em excesso e começa a pôr em causa a qualidade de vida da pessoa, dando sinais prejudiciais para a sua saúde mental. Este nível de medo pode causar perturbações emocionais (ex: ansiedade, pânico, angústia), e estas perturbações podem provocar alterações como por ex: a nível do sono, do apetite, ou outras alterações que geralmente manifestam-se através de sintomas físicos (falta de ar, palpitações/alteração no batimento cardíaco/sensação de fadiga, suores frios, tremor, etc.); através de pensamento (pensamentos negativos/pessimismo, insegurança e alteração de humor), ou através de comportamento motor (fugir, evitar situações ameaçadoras).

Quando isto acontece recomenda-se procurar ajuda de profissionais (neste contexto, através linha verde covid-19: 800 11 12).

Em circunstâncias normais, o que poderia causar medo a uma determinada pessoa, poderia não causar medo a outra.

Mas devido a pandemia do Covid-19, as conjunturas atuais fugiram do padrão “normal". O medo passou a ser um dos sentimentos mais comuns entre um grande número de pessoas, pelo mundo inteiro. Trata-se do medo de um inimigo invisível, o “novo coronavírus”.

As pessoas passaram a sentir os mesmos medos. Medo de ficar infetado, ou de alguém da família ficar infetado, medo de ficar doente, medo de perder ente querido e principalmente de morrer pelo covid-19.

Devido a rápida propagação do “vírus” com que estamos a deparar agora em Cabo Verde, principalmente nas Ilhas de Santiago e Boavista, em que deixaram de ter apenas casos importados e passaram a contar com um número preocupante de transmissão comunitária, e tendo em conta o aproximar do fim do estado de emergência já anunciado pelas autoridades, com o “levantamento progressivo das restrições”, em que já não podemos ficar totalmente em casa, ter medo (saudável) de contrair o novo coronavírus é um bom sinal da saúde mental. Trata-se de um medo racional (o ter a consciência dos riscos), pois, o medo saudável chama atenção para a existência do perigo e para dele se defender.

O não ter medo de contrair o novo coronavírus pode ser mau, uma vez que poderá promover comportamentos ou atitudes de falta de cuidados entre as pessoas e permitir que o vírus se espalhe facilmente. Algo que não queremos e que causariam consequencias desastrosas para nossa sociedade e ou comunidade em geral!

Recomendação:

Para o nosso bem, e para o bem de todos, devemos ter o “Medo Saudável”; devemos todos ter a noção do perigo invisível que anda entre nós (o novo coronavírus) e ficarmos alertas para nos protegermos a nós e as nossas famílias, assim como a nossa sociedade.

- Sempre que possível, fique em casa!

- Tendo que sair de casa, deve-se ter os cuidados redobrados: evitar aglomeração de pessoas, manter o distanciamento, lavar constantemente as mãos com água e sabão ou desinfetar com álcool ou álcool-gel, evitar levar as mãos à cara, entre outras medidas já amplamente divulgadas (se possível usar máscaras). E ao regressar da rua, reforçar os cuidados de higiene.

* Psicóloga clínica.

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Redação