Ulisses anuncia recandidatura à liderança do MpD. “Cabo Verde não merece uma crise política nesta altura”
Política

Ulisses anuncia recandidatura à liderança do MpD. “Cabo Verde não merece uma crise política nesta altura”

Ulisses Correia e Silva anuncia recandidatura à sua própria sucessão no discurso de abertura da rentrée política 2022-2023. Orlando Dias, ainda seu único oponente, reagiu de pronto: “Lamentamos que o anúncio tenha sido feito em contramão aos mais elementares princípios da ética, aproveitando-se de um ato público do Partido para o cavalgar a favor da sua candidatura. É feio, é mesmo muito feio!”

O presidente do MpD, Ulisses Correia e Silva, desfez o tabu, vai concorrer à sua sucessão na liderança do partido ventoinha. “Não precisamos juntar a crise económica e social à crise política. Cabo Verde não merece uma crise política nesta altura. O MpD não precisa de uma crise política actualmente. É preciso que as pessoas compreendam cada momento em que estamos a viver. Estamos com um Governo que defende o povo, e um país com muitos problemas, incertezas e ameaças”, disse UCS, no discurso que marcou a abertura política 2022-2023, este sábado.

Numa clara resposta ao seu ainda único desafiante, Orlando Dias, que vem lançando farpas à actual direcção do MpD, Ulisses Correia e Silva disse que se devem “evitar confrontos”, mas reconheceu que “cada um tem toda a liberdade para apresentar o que pretende”. Aliás, não terá sido por acaso a escolha do lema desta acção política do MpD, “Retomar a confiança”.

Para UCS, Cabo Verde exige estabilidade, razão pela qual pediu um clima de “confiança, foco, energia, fé”, ao mesmo tempo que sugeriu aos militantes para se unirem para que o partido possa estar coeso e preparado para as próximas vitórias eleitorais.

A abertura do ano político 2022/2023 do MpD foi ainda momento para o presidente da Comissão Política Regional da Praia, Alberto Melo, manifestar a sua intenção de tornar-se protagonista nas próximas eleições autárquicas para que “O MpD recupere a Câmara Municipal da Praia”.

Após esse anúncio da candidatura de UCS, o seu ainda único oponente, Orlando Dias, não deixou esfriar o discurso do actual líder dos ventoinhas para comentar o acto na sua página no Facebook, lançando suspeitas de utilização indevida de recursos públicos. “Finalmente, Ulisses anunciou que é candidato às eleições internas. Congratulamo-nos com o anúncio, pois em boa hora havíamos desafiado o atual Presidente do MpD a clarificar a sua posição”.

 

Agora as críticas: “Lamentamos, contudo, que o anúncio tenha sido feito em contramão aos mais elementares princípios da ética, aproveitando-se de um ato público do Partido para o cavalgar a favor da sua candidatura. É feio, é mesmo muito feio! Sabemos que, mais de 80 por cento das pessoas presentes, foram transportadas do interior da ilha de Santiago em hiaces e autocarros alugados para o efeito. E – legitimamente! –, a este propósito, coloca-se uma pergunta: quem pagou a despesa? Se foram utilizados recursos públicos, é crime! Se foram utilizados recursos do Partido, é imoral!”, observou Orlando Dias.

 

Para o político de Santa Cruz, “a primeira questão é pertinente, já que sabemos que membros do Governo têm vindo a antecipar a campanha interna, contactando militantes de vários municípios à sombra de visitas oficiais. A segunda questão também o é, porque o MpD - que é de todos os militantes - não pode estar a financiar a campanha de um candidato à liderança do Partido”.

Há mais: “Que Ulisses, de forma desleal e em contramão à ética política, iria transformar um acto oficial do Partido em comício da sua campanha, já o sabíamos. Por isso, não estive presente.

Mas, como dizíamos no início, congratulamo-nos que, finalmente, Ulisses Correia e Silva, tenha saído da sua bolha de conforto para dizer ao que vem. Estamos prontos para disputar com lealdade e seriedade as eleições internas para a liderança do Partido. Só esperamos que o nosso adversário inverta o rumo e acerte o passo pelos mesmos princípios da ética política republicana”.

 

 

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