A Comissão Política Regional (CRP) do PAICV – Santiago Norte desafiou hoje Governo a “passar dos anúncios às medidas concretas” sobre a abertura do emprego público para acudir as famílias, sobretudo as do mundo rural.
A presidente da CPR do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) falava em conferência de imprensa em Assomada, Santa Catarina, para fazer um pronunciamento público sobre a situação política regional e as medidas constantes da declaração da Situação de Emergência Social e Económica para a região, a propósito da reunião do partido realizado no passado domingo, 26, em Santa Cruz.
“O Governo já anunciou a abertura do emprego público por causa da pressão que o próprio PAICV tem vindo a fazer, mas mais do que anunciar é preciso medidas concretas”, desafiou Carla Carvalho, afirmando que a conferência de imprensa mais do que “uma chamada de atenção, é também um grito de socorro”.
É que, conforme lembrou a última “azágua” teve uma produção “quase nula” e reconhecida pelo próprio Governo, mas que, lembrou, na altura não tomou medidas para acudir as famílias rurais nessas situações, referindo-se à abertura do emprego público.
“Desde Novembro de 2021, que milhares de famílias de Santiago Norte e todo o mundo rural do arquipélago estão a aguardar por uma oportunidade de emprego, apenas para garantir o básico. Passaram-se já mais de meio ano que as famílias do mundo rural estão sem qualquer solução para as suas vidas, mas o Governo não viu, não sentiu”, observou.
Daí, disse estanhar que às portas das próximas chuvas “aparece o Governo com a conversa de que vai abrir emprego público, depois de todo esse calvário enfrentado pelas famílias, quando o País está a menos de um mês para a faina agrícola”, afirmando que “esta conversa do Governo mais parece escárnio para com a vida das pessoas”.
“Enquanto o Governo continua no conforto dos gabinetes do Palácio do Governo, milhares de famílias estão a lutar para garantir ao menos uma refeição por dia”, criticou, pedindo abertura urgente do emprego público.
“Esta é a realidade que o PAICV quer ver resolvida. Os recursos nacionais devem chegar a todos os cabo-verdianos. Se o Governo reduzir o seu elenco, e diminuir o luxo público, certamente que restará dinheiro para acudir as famílias do mundo rural cabo-verdiano”, acrescentou.
Por outro lado, Carla Carvalho que reiterou que “O emprego no mundo rural está a tardar demais”, afirmou que “independentemente das terminologias que se convencionou usar, certamente para esconder a dura realidade que os cabo-verdianos enfrentam no dia a dia, a verdade é que há fome em Cabo Verde”.
É que, segundo a também deputada, os dados do INE dizem, as organizações internacionais reconhecem, que as famílias cabo-verdianas sentem e aguentam silenciosas e resilientes.
“O Governo propala aos sete ventos que faz tempo que o nosso país não passava por uma crise tão severa. Pode ser verdade. E, sendo verdade, é muito grave a forma como o Governo vem enganando os cabo-verdianos com conversas de embalar, mas acções que criam oportunidades e trazem soluções ninguém vê”, concretizou.
Na ocasião, a presidente da CRP do PAICV em Santiago Norte informou que no encontro de Santa Cruz os membros da CRP analisaram ainda o estudo de coesão territorial, que coloca dois municípios da região, entre os três menos desenvolvidos do País, referindo-se à Santa Cruz e São Miguel.
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