• Praia
  • 29℃ Praia, Cabo Verde
Parlamento suspende debate da proposta de lei que estabelece termos da regularização do vínculo do pessoal da administração pública
Política

Parlamento suspende debate da proposta de lei que estabelece termos da regularização do vínculo do pessoal da administração pública

O parlamento retirou hoje da agenda a proposta de lei que estabelece os termos da regularização do vínculo do pessoal da administração pública que esteja a exercer funções que correspondem os órgãos e serviços a que se encontram afectos.

O pedido de suspensão foi feito pelo deputado do PAICV, Demis Almeida, justificando com a falta de tempo, uma vez que já se aproximava das 17:00, hora que normalmente são suspensos os trabalhos no parlamento.

A proposta, segundo a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Edna Oliveira, visa estabelecer os termos de ingresso do pessoal denominado analistas de imagens, de scanners de contentores, na carreira dos técnicos de receitas e estabelecer os termos de ingresso do pessoal vinculado mediante contrato de assalariamento, nomeadamente os jornaleiros que exercem funções na administração pública.

A governante lembrou que em 2018, o Executivo realizou um estudo diagnóstico sobre os principais instrumentos de gestão dos recursos humanos na administração pública cabo-verdiana e que se constatou um conjunto de disfunções e iniquidades, destacando a “elevada insatisfação” de muitos colaboradores que desempenham funções técnicas, funções de apoio operacional e funções de assistente técnico com vínculo precário.

“Uma situação advém, sobretudo, da política de congelamento de admissões na administração pública, que foi implementada de 2001 a 2015 e que se agravou com o Plano de Carreiras, Funções e Remunerações de 2013, que veio estabelecer que todo o pessoal de apoio operacional e assistente técnico deveria desempenhar funções em regime de precariedade, estando vinculados mediante contrato de trabalho a termo”, disse.

Edna Oliveira salientou que esse pessoal se encontra numa situação de instabilidade profissional, não tem possibilidade de desenvolvimento profissional por não estarem integrados nas carreiras, muitos, a maior parte deles, não conseguem sequer obter um crédito de habitação e isto não lhes permite assumir compromissos a longo prazo, sendo que aqueles que estão vinculados mediante contrato de prestação de serviço também ficam até limitados a beneficiar do sistema de protecção social.

Neste contexto, segundo Edna Oliveira, o Governo, em 2021, aprovou o Decreto-Lei nº 33 de 2021, através do qual estabeleceu os termos e que permitiu lançar o primeiro programa de regularização de vínculos precários.

De acordo com a ministra, esse programa beneficiou e abrangeu, porém, apenas o pessoal técnico que está nos departamentos governamentais, tendo ficado de fora todo o pessoal vinculado mediante contrato de prestação de serviço, contrato de trabalho a termo celebrado com isenção do concurso, os jornaleiros, os técnicos de scanner, o pessoal assistente técnico, o pessoal de apoio operacional dos departamentos governamentais, dos institutos, ou seja, da administração indireta no seu todo.

“Obviamente, pelo facto de o Estado ter, durante todo este tempo, beneficiado da colaboração desse pessoal e ter criado neles a expectativa de que o vínculo seria regularizado, urge então aprovar este diploma, em nome do princípio da tutela da confiança, que até se criou no espírito desse pessoal”, pontuou.

A proposta, segundo a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, prevê, após a sua entrada em vigor, a prorrogação desses contratos que estão em vigor para permitir estabilidade profissional do pessoal que deve ficar vinculado até o término da regularização do vínculo.

A sessão será retomada na quinta-feira, 27.

Partilhe esta notícia