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Produtos alimentares e outros bens começam a faltar na ilha do Maio, um mês após assoreamento de cais
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Produtos alimentares e outros bens começam a faltar na ilha do Maio, um mês após assoreamento de cais

Um mês após o assoreamento do cais do Maio, o transporte de mercadorias ficou mais caro e mais demorado e já começam a escassear alguns produtos alimentares e outros bens de consumo no mercado, conforme relatos de moradores.

“A minha mulher é vendedora [numa pequena mercearia] e às vezes faltam-lhe alguns produtos”, descreveu à Lusa Ídolo Tavares Rocha, da Associação de Desenvolvimento Comunitário da zona de Calheta.

Começam a escassear tanto frescos como congelados, derivados de milho, bebidas, arroz, batata comum ou tomate, enumerou.

Desde finais de maio que o porto da ilha está assoreado, depois de as marés terem movimentado o areal, impedindo que o catamarã da CV Interilhas chegue perto da rampa de cargas e descargas na habitual ligação à cidade da Praia.

O navio Praia d´Aguada tem transportado as mercadorias, mas são movimentadas através de uma grua, tal como se fazia antes da ampliação e reabilitação do porto.

“Com a rampa, entregavam a carga em cerca de uma hora, mas agora vamos de manhã e só regressamos à tarde”, descreveu à Lusa Agostinho Silva, da Associação Pró-Morro. Este cidadão maiense disse que o navio alternativo ajuda a abastecer a ilha, mas o transporte de mercadorias ficou ligeiramente mais caro.

Por exemplo, custava cerca de 600 escudos (5,4 euros) transportar um balde de peixe para a cidade da Praia, sob responsabilidade da concessionária, valor que quase triplicou para 1.600 escudos (14,5 euros) e a mercadoria tem de ir ao cuidado de um passageiro.

“Não temos tido grandes problemas com o abastecimento, porque estamos a usar o plano B, mas queremos o plano A”, que é a rampa. Mas isso só deverá acontecer lá para setembro ou outubro, quando o mar ficar mais calmo, disse.

Manuel Maria Martins tem 57 anos de idade e 40 de mar e apresenta-se como único armador na ilha, que tem estado a ajudar na venda do pescado de quem não encontra espaço no Praia d´Aguada.

Desde o assoreamento já fez três ligações à ilha de Santiago para escoar o pescado de seis peixeiras, levando, em média, 200 quilos de cada uma.

Em resposta a um pedido de esclarecimento da agência Lusa, a CV Interilhas avançou que, “devido ao impedimento da utilização da rampa do Porto Inglês e às zonas de assoreamento nos acessos, o navio Kriola está atualmente a realizar apenas o transporte de passageiros”.

A empresa concessionária referiu que “continua a aguardar informações” daEnapor e do Instituto Marítimo e Portuário (IMP) “para garantir a utilização da rampa metálica em segurança”.

“Todas as entidades envolvidas estão empenhadas em resolver esta situação o mais rapidamente possível para retomar a normalidade do serviço”, referiu a CV Interilhas.

A Lusa tentou obter esclarecimentos junto da Enapor sobre uma operação de desassoreamento anunciada no dia 24 de maio, mas ainda não obteve respostas.

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