PAICV volta a criticar “políticas desastrosas e desordem” no sector dos transportes
Política

PAICV volta a criticar “políticas desastrosas e desordem” no sector dos transportes

O PAICV criticou hoje o Governo pela “verdadeira desordem” e implementação de “políticas desastrosas” nos transportes marítimos, que tem gerado “constrangimentos” aos cabo-verdianos e “consequências para a economia nacional”.

A crítica do maior partido da oposição foi feita pelo deputado João do Carmo, durante a declaração política do PAICV, que lembrou que a questão dos transportes em Cabo Verde representou após a independência um “grande desafio” para o país.

Mas, salientou, o Governo na altura conseguiu solucionar os problemas, transformando Cabo Verde num “país viável”, com “mais de 20 barcos” na marinha mercante, barcos de pesca industrial e uma empresa de transporte aéreo.

No entanto, segundo o deputado do PAICV, desde 2016 o país e os cabo-verdianos têm testemunhado “uma completa desordem” nos sectores de transportes aéreos e marítimos, “um verdadeiro caos”, que tem tido “consequências desastrosas” para a economia nacional e para os cidadãos que anseiam “viver em liberdade”.

Acusou o Governo de, em 2019, ter decidido de forma “unilateral, sem envolvimento da sociedade civil, sem transparência e à porta fechada” concessionar o mercado de transportes marítimos interilhas a um monopólio estrangeiro em regime de exclusividade por 20 anos, lembrando que a concessionária “não cumpriu nenhuma das promessas feitas”.

Segundo João do Carmo, os cabo-verdianos estão “muito preocupados” com as sucessivas tentativas deste Governo na criação de uma política para os transportes, frisando que “tudo tem dado errado” a cada “propaganda desmesurada” do executivo do Movimento para a Democracia (MpD, poder).

Criticou ainda a falta de aviões em Cabo Verde neste momento, tanto para ligação interilhas como voos internacionais, salientando que a circulação de pessoas no país e fora do arquipélago “tornou-se impossível” devido a “políticas desastrosas implementadas por governantes incapazes”.

O deputado do PAICV criticou, por outro lado, o Governo por ter realizado a familiarização e treinamento do novo avião da guarda costeira para transferência de doentes “sem cumprir a regulamentação” nacional e internacional e procedido com a certificação do mesmo.

“O mais grave é que este voo foi feito sem a supervisão da entidade aeronáutica, com um paciente a bordo, pondo em causa a integridade física da tripulação, da equipe médica, do instrutor que veio dos Estados Unidos e do próprio paciente. Pois é, a pressa é inimiga da perfeição. Hoje, nove anos depois de 2016, mais de 60% dos cabo-verdianos acham que, na realidade, o MpD não consegue governar o país”, concluiu.

Ao reagir à declaração política do PAICV, o deputado do MpD Carlos Santos, que foi ministro dos Transportes nos últimos anos, considerou as declarações de João do Carmo de “ataque ao Governo”.

Lembrou que em 2016 o actual Governo encontrou uma transportadora aérea “em falência técnica e sem aeronaves”, mas que a partir de 2016 foram implementadas medidas assertivas condicionadas, no entanto, pela covid-19.

“Na altura, quando saí do Governo, mesmo com a situação de leasing estávamos a ter menores prejuízos de que quando era com os senhores em situação normal, isto significa que mesmo recorrendo ao aluguer de aviões estávamos a ter melhores resultados na gestão da companhia de 2011 a 2016 onde tiveram seis milhões de euros de prejuízos”, acusou.

Por seu turno, o deputado da UCID António Mointeiro afirmou que as medidas adoptadas após a independência permitiram ao país ter “bons resultados” no sector dos transportes marítimos e aéreos, mas que de 1991 a esta parte, os sucessivos governos “têm falhado e criado problemas” no referido sector.

“Não se pode ter um país que é um arquipélago nessa situação, isto demonstra uma falta de profissionalismo e de amor a este povo, porque resolver os problemas no sector dos transportes marítimos e aéreos não é nada de outro mundo. É questão de colocar nos lugares certos as pessoas competentes e exigir que resolvam de vez a problemática terrível dos transportes” afirmou, salientando que passados 50 anos o país enfrenta os mesmos desafios.

Por seu turno, o Governo através da ministra da Justiça, Joana Rosa, afirmou que o sector dos transportes aéreos e marítimos “é a pior herança” que o MpD recebeu do PAICV em 2016, tendo realçado que o Governo tem trabalhado ao longo dos anos, num plano eficaz e com resultados visíveis até o período da pandemia da covid-19.

“Nós temos a obrigação de fazer melhor e estamos a tentar fazer melhor e deveríamos estar a fazer ainda melhor se o PAICV nos tivesse deixado a uma situação diferente não nos deixaram e vamos regularizando”, concluiu.

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