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Quo vadis PAICV?
Ponto de Vista

Quo vadis PAICV?

"O chumbo da proposta da Comissão Política para a liderança da Bancada parlamentar do PAICV representa, a meu ver, por um lado, a vitória de uma casta que capturou e transformou o PAICV em outra coisa e muito menos partido político, deteriorando os princípios e valores fundacionais, golpeando os estatutos e ferindo a lealdade política que sempre norteou a construção de consensos no seio do nosso partido. E, por outro, uma grande derrota para o partido e, sobretudo, à sua atual liderança."

É inconcebível que sete anos depois de termos perdido as eleições legislativas em 2016, ainda não nos apercebermos que enquanto estivermos a subtrair e a excluir, nessa luta maquiavélica e antropofágica, jamais ascenderemos ao poder, por mais descalabro que o MpD cometa na (des)governação do país.

Já o disse em vários fóruns e volto a repeti-lo, aqui. Enquanto o PAICV não se constituir alternativa credível de governação, estará tão somente a contemplar e a desejar o comboio do poder.

Não é preciso ser cientista político para se perceber que há, cada vez mais, uma variedade enorme de variáveis e fatores a moldar o comportamento eleitoral dos cabo-verdianos. O que coloca enormes desafios sobre os partidos políticos no que concerne às estratégias de mobilização e credenciação dos eleitores.

O chumbo da proposta da Comissão Política para a liderança da Bancada parlamentar do PAICV representa, a meu ver, por um lado, a vitória de uma casta que capturou e transformou o PAICV em outra coisa e muito menos partido político, deteriorando os princípios e valores fundacionais, golpeando os estatutos e ferindo a lealdade política que sempre norteou a construção de consensos no seio do nosso partido. E, por outro, uma grande derrota para o partido e, sobretudo, à sua atual liderança. O que põe novamente a nu e cru, o estado entrópico em que vive o partido.

Não podemos continuar a ter um partido forte e muito competitivo no plano interno e, em contrapartida, muito fraco no plano externo. Devemos inverter o prisma. A competição interna quando é desigual e cujas regras do jogo democrático são alteradas em função de interesses particulares e instantâneos só nos diminui enquanto organização política e nos afasta de um quadro de convergência interna indispensável e salutar para o fortalecimento do PAICV.

Não podemos continuar a querer gerir o partido com essa tática minimalista e arruinada, gastando todas as forças nas disputas internas e não ter energia suficiente para as demais disputas políticas. Como dizia Nha Nacia Gomi “sima nu kre nu ka pode sta; sima nu sta nu ka pode fika”.

Disse.

* Presidente da Câmara Municipal dos Mosteiros

** Artigo original publicado pelo autor na sua conta no Facebook

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