PAICV pede ao Governo que assuma falhanço da “solução” que prometeu para ligações inter-ilhas
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PAICV pede ao Governo que assuma falhanço da “solução” que prometeu para ligações inter-ilhas

O PAICV pediu hoje ao Governo que assuma que a solução que prometeu para as ligações inter-ilhas fracassou em toda linha, sublinhando que o País não conseguiu ter ligações eficientes, seguras e regulares como foi prometido.

Numa declaração política hoje no Parlamento, a deputada Carla Lima afirmou que o contrato de concessão não passa de letra morta, estando neste momento, o País a ser ligado por apenas dois barcos quando foi prometido cinco novos barcos no início da concessão.

“Em vez disso, o País dispõe, neste momento, de apenas dois navios operacionais para ligar as nove ilhas habitadas. O Chiquinho BL, que apenas faz a ligação entre São Vicente e Santo Antão e o Dona Tututa, que tem conhecido avarias recorrentes”, disse.

Enquanto isso, acrescentou a deputada do principal partido da oposição, no Porto Grande estão atracados os navios Praia d´Aguada, Liberdadi e Kriola e questionando o porquê dos navios do Estado, terem sido retirados da concessão.

“De quem foi esta decisão que tem trazido tantos problemas aos passageiros cabo-verdianos? Fruto deste descaso, é que não temos as ligações eficientes, seguras e regulares, não há o cumprimento das linhas e rotas estabelecidas no tão propalado contrato de concessão de serviço público de transportes marítimos de cargas e passageiros. O que temos, isso é uma evidência, é apenas uma mão cheia de nada”, realçou.

Por outro lado, afirmou que as promessas não cumpridas vão sendo refogadas a cada dia, sem que os cabo-verdianos vejam uma luz ao fundo deste túnel escuro em que se transformaram as ligações marítimas dentro do território nacional.

Carla Lima pediu ao Governo que, em vez de se esconder em desculpas esfarrapadas para o fiasco da sua política de transportes, que explique aos cabo-verdianos onde param as verbas alocadas anualmente no Orçamento e a dívida astronómica de cerca de 10 milhões de euros que reivindica a concessionária, que também se queixa da não transferência das indemnizações compensatórias, conforme acordado pelas partes.

A deputada do PAICV afirmou que os cabo-verdianos já não suportam mais descarrilamentos, muito menos justificações ligeiras, e lamentou que às críticas da sociedade cabo-verdiana e aos apelos desesperados dos passageiros continuem a ser respondidas com negociações com a concessionária.

Durante a declaração política a deputada do PAICV denunciou aquilo que classifica de “regime de intolerância” às críticas da sociedade civil acusando o Governo de adoptar uma estratégia de injúria e retaliação contra todos aqueles que denunciarem ou chamarem a atenção pelo fracasso da opção do Governo.

Neste sentido apresentou a solidariedade do partido para com o bispo de Mindelo, Dom Ildo Fortes, que se viu atacado nas redes sociais por pessoas com responsabilidades politicas, apenas por exercer a sua cidadania, expressando a sua indignação pelo mau serviço prestado.

Em reacção à declaração política do PAICV, o deputado do Movimento para a Democracia (MpD) Luís Carlos Silva começou por dizer que não corresponde à verdade que houve ajuste directo na concessão dos transportes marítimos.

Luís Carlos Silva afirmou que não há, não houve e nem podia haver ajustes directos, adiantando que a concessão foi consequência de um concurso internacional validado por todas as etapas que o concurso internacional tem.

Por outro lado, adiantou que o executivo continua integralmente a defender os interesses dos cabo-verdianos estando engajado e determinado em resolver um problema que o Governo do PAICV entregou ao Governo de Ulisses Correia e Silva sustentado pelo MpD.

“Nós encontramos um sector onde havia acidentes, onde os barcos afundavam e onde pessoas morriam. Portanto a senhora deputada pode considerar o nosso processo aqui um fiasco, mas eu lhe digo que o fiasco é muito melhor do que aquilo que vocês fizeram”, disse o deputado do MpD.

Por seu lado, o deputado da UCID João Santos Luís apoiou a declaração política do PAICV sobre os transportes marítimos, sublinhando que não vale a pena estar a justificar o injustificável.

“Por mais desculpas e justificações que o Governo e o MpD dêem, nesta matéria, estarão a justificar o injustificável. De facto, não se pode admitir que o País esteja numa situação desta, em termos de transportes marítimos”, sustentou o líder democrata-cristão.

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