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MpD defende debate para esclarecimento da opinião pública sobre valores envolvidos no programa Casa para Todos
Política

MpD defende debate para esclarecimento da opinião pública sobre valores envolvidos no programa Casa para Todos

O MpD considerou hoje que a execução e gestão do programa Casa para Todos foi “ineficiente” para a realidade cabo-verdiana e defendeu um debate para esclarecer a opinião pública sobre o destino dos valores inicialmente envolvidos na sua execução.

Através de uma declaração política hoje no parlamento, o deputado Alberto Melo do grupo parlamentar do MpD lembrou que o governo do PAICV assinou com Portugal um financiamento de 200 milhões de euros destinado a custear o programa Casa para Todos, visando a disponibilização de 6.010 habitações sociais.

Alberto Melo sustentou que o programa não foi precedido de estudos da sua viabilidade, da sua sustentabilidade e do seu impacto.

“Um programa desta natureza, envolvendo tanto dinheiro, deveria ter sido antecedido de um conjunto de estudos que o justificasse. O que se observou ser lesivo foi a adopção apenas da modalidade de construção de raiz, quando também fora previsto no protocolo de financiamento a modalidade de “beneficiação e recuperação de casas”.

“Esta modalidade seria de particular interesse, quer para as zonas rurais, quer para as urbanas, pois permitiria resolver problemas estruturais e de funcionalidade das habitações, mantendo as famílias nos seus locais de vivência, o que não foi tido em conta. Com a participação activa das câmaras e das famílias, poder-se-ia atingir um expressivo volume de intervenções e a custos mais baixos.

O deputado do MpD salientou que dos contactos mantidos com as câmaras, conclui-se que os problemas habitacionais que os municípios enfrentaram mantiveram-se praticamente inalterados, não tendo sido substancialmente solucionados com o projeto “Casa para Todos”.

Por outro lado, afirmou que o processo adoptado de entrega de casas fez aumentar as desigualdades e as expectativas de famílias que procuram alojamento de renda baixa.

Alberto Melo frisou que à emergência do programa “Casa para Todos”, a IFH tinha mantido uma actividade estruturalmente equilibrada, assente no desenvolvimento de projectos apontados para o mercado.

Com a assunção do programa, a IFH passou a dedicar a este a quase totalidade dos seus recursos, estando agora a braços com o problema de sustentabilidade.

“A concepção inicial do ‘Casa para todos’ assentou em pressupostos demasiado optimistas, nomeadamente, no que se refere a receitas resultantes das vendas das habitações das classes B e C, que poderiam financiar a operação da classe A. actividade do IFH encontrava-se centralizada na gestão do programa Casa para Todos, o qual influenciou determinantemente a sua sustentabilidade”, indicou.

É que, segundo o deputado, concluído o período de carência dos empréstimos de 200 milhões de euros em 2023, a IFH terá de pagar até 2042, amortizações de capital na ordem de 914.000 contos/ano.

Por tudo isto considera que o assunto deve ser debatido para esclarecer a opinião Pública.

Em reacção, o deputado do PAICV, Rui Semedo, pediu que se faça a investigação da Casa para Todos, mas também que se investigue outros assuntos, como o mercado do Côco, na Praia.

Rui Semedo afirmou que o maior crime que se cometeu em relação à Casa para Todos foi permitir que os investimentos do Estado ficassem abandonados com perdas materiais e financeiras com o próprio país.

O deputado do principal partido da oposição falou de uma tentativa de desvalorizar a construção de seis mil casas que habitam seis mil famílias.

“O Governo tem todas as informações e que pode dizer se houve ou não corrupção em torno desse processo. Se há corrupção que seja entregue a questão no tribunal, na justiça para que a mesma seja resolvida, porque os recursos dos cabo-verdianos são recursos dos cabo-verdianos e não devem ser desviados”, disse.

Rui Semedo pediu também que haja disponibilidade para investigar sobre o mercado do coco e sobre a corrupção de terrenos aqui na cidade da Praia.

Por seu lado, o deputado da UCID, António Monteiro, corrobora que a ideia em si era “boa”, mas considerou que, pela forma como decorreu, o programa acabou por trazer vários erros e consequentemente não atingiu os objectivos que se preconizavam na altura.

No entanto realçou que pelo valor envolvido (24 milhões de contos), o programa merecia uma atenção mais especial na sua utilização e uma maior eficiência, pelo que considera que perante as denúncias e acusações mútuas o país deve ir mais a fundo para esclarecer o que realmente aconteceu.

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