PAICV considera que saúde em Cabo Verde “está à deriva”
Política

PAICV considera que saúde em Cabo Verde “está à deriva”

O grupo parlamentar do PAICV considerou hoje, no parlamento, que o Governo passou “nove anos com o sistema nacional de saúde à deriva”.

Em declaração política, a deputada do PAICV eleita em Santiago Sul, Adelsia Almeida, disse que a afirmação do PAICV tem como base as declarações do ministro da Saúde, Jorge Figueiredo, aquando da sua recente visita à ilha da Boa Vista.

“Depois de termos o Centro Materno e Infantil de Boa Vista pronto e fechado há mais de um ano, apenas por birra deste Governo, vem agora o actual ministro descobrir que, afinal, o equipamento serve, sim, à comunidade da Ilha e que há necessidade urgente de o colocar em funcionamento”, criticou a deputada.

A mesma questionou o porquê de o Bloco Operatório da Boa Vista ainda não estar a funcionar, passados quatro anos em obra.

Para a deputada, quem tem uma política pública na saúde não passa nove anos com o sector “em total caos, colocando profissionais da saúde num stress constante”, com um Plano de Carreira Funções e Remunerações (PCFR) que “não conhecem, com déficit de recursos humanos, com profissionais sujeitos à sobrecarga do trabalho”.

A mesma questionou “o atraso na contratação de enfermeiros, a diminuição do número de médicos especialistas, o não pagamento das taxas moderadoras dos beneficiários do cadastro social, as longas listas de espera para consultas especializadas e para cirurgias, a falta de reagentes e ruptura constante de medicamentos básicos”.

“Essas rupturas de medicamentos nas farmácias devem –se sobretudo à falta de liquidez da Emprofac. A Emprofac neste momento não tem dinheiro para comprar medicamentos e consumíveis, pois o Governo não lhe paga uma dívida de 1,2 milhões de contos e não consegue pagar os fornecedores internacionais que devem mais de 900 mil contos”, afirmou.

Adelsia Almeida criticou ainda o atraso nas obras do Hospital da Trindade e “a derrapagem de mais de 100 mil contos” nas obras do Centro Ambulatorio de São Vicente, entre outros problemas.

Para a deputada do Movimento para a Democracia (MpD, poder) Elisabeth Évora, eleita pelo círculo da Boa Vista, a declaração política mostra que o PAICV é uma “má oposição, tem problemas de matemática e de interpretação”.

“O que o ministro da Saúde disse na Boa Vista é que neste momento já foram ultrapassados todos os constrangimentos do centro reprodutivo da mulher. Foi resolvido a questão da falta de zonas adequadas para lavagem e esterilização de materiais, a falta de serviços de lavanderia, de coisas que não existiam, inadequado tratamento de resíduos hospitalares, problemas de acessibilidade a pessoas com mobilidade reduzida, requisitos técnicos exigidos que antes não tinha”, alegou.

Segundo o deputado do PAICV Walter Évora, também eleito pelo círculo da ilha da Boa Vista, o Centro de Saúde Reprodutiva da Boa Vista foi concluído em 2023 e hoje o Governo está a recebê-lo exactamente igual. Pelo que se está “perante um Governo profundamente irresponsável”.

“A saúde não é, nem pode ser, matéria de jogos políticos. O Governo preferiu sacrificar o bem-estar dos cidadãos da Boa Vista em nome de mesquinhas conveniências partidárias. Esse centro foi construído e equipado pela câmara da Boa Vista e concluído desde 2023”, declarou, informando que a câmara tem estado a correr atrás do Governo para receber formalmente essa infraestrutura e colocá-la ao serviço da população.

O líder da bancada da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição), António Monteiro, pediu ao Governo que dê uma atenção especial à Emprofac porque, salientou, “o bem-estar e a saúde dos Cabo-verdianos depende muito desta empresa”. 

António Monteiro também questionou a falta de um oftalmologista no Hospital Baptista de Sousa, que se prolonga “há vários meses”.

Partilhe esta notícia

Comentários

  • Este artigo ainda não tem comentário. Seja o primeiro a comentar!

Comentar

Caracteres restantes: 500

O privilégio de realizar comentários neste espaço está limitado a leitores registados e a assinantes do Santiago Magazine.
Santiago Magazine reserva-se ao direito de apagar os comentários que não cumpram as regras de moderação.