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Empréstimo de 24 milhões de dólares da Cabo Verde Airlines mostra fragilidades da venda da TACV
Política

Empréstimo de 24 milhões de dólares da Cabo Verde Airlines mostra fragilidades da venda da TACV

A presidente do PAICV afirmou este sábado, 13 de julho, que o empréstimo de 24 milhões de dólares da Cabo Verde Airlines junto à banca nacional dá razão ao seu partido em relação às dúvidas que tinha quanto à venda da TACV.

“Este negócio foi totalmente obscuro. Reiteramos que a companhia de bandeira (a TACV) foi vendida por 48 mil contos e ainda o Estado não recebeu nenhum tostão”, disse Janira Hopffer Almada, para quem o “mais grave” é o facto de o país assumir a responsabilidade de “pagar todas as dívidas” da anterior transportadora aérea nacional, enquanto “foi entregue todo o activo que poderia ajudar a pagar essa dívida”.

A líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde fez essas considerações à imprensa à margem da reunião do conselho nacional do deste partido, órgão mais importante entre dois congressos, que se encontra reunido na Cidade da Praia.

“Uma coisa é o país a endividar-se por uma companhia que é sua e outra coisa é os cabo-verdianos estarem a assumir dívidas de uma companhia que não é nossa”, indicou a líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição), considerando de “atitude condenável” o facto de o maior centro populacional do país (S. Vicente) ter sido deixado pela Cabo Verde Airlines “fora das ligações internacionais”.

Segundo ela, pouco a pouco o Governo vai demonstrando que o PAICV tinha razão nas denúncias que vinha fazendo em relação à privatização da TACV- Cabo Verde Airlines.

Instada se o empréstimo à Cabo Verde Airlines anunciado esta sexta-feira vai aumentar a dívida de Cabo Verde, afirmou esperar que “o vice-primeiro-ministro e o primeiro-ministro, que tanto falar da dívida quando estavam na oposição, venham explicar aos cabo-verdianos”.

“Penso que a comunicação social deve tentar obter esta resposta dos responsáveis máximos do país nessa matéria (da dívida), indicou, acrescentando que os cabo-verdianos têm o direito de saber todos “os meandros do referido empréstimo”.

“É inequívoco que nós não temos sabido muita coisa porque o Governo não tem partilhado informações estratégicas do país”, lamentou a líder da oposição.

Indagada se nas próximas eleições legislativas vai propor aos cabo-verdianos o regresso da TACV ao domínio público, garantiu que a sua proposta irá no sentido de “proteger os interesses do país”.

“Um país arquipelágico deve ter a noção que as ligações aéreas e marítimas são condição essencial de coesão territorial, de desenvolvimento nacional e de mobilidade”, declarou a presidente do partido da estrela negra, acrescentando que as ligações aéreas inter-ilhas e com a diáspora é um “compromisso a que nenhum Governo deve fugir”.

“Esta questão da conexão entre as ilhas não deve ser analisada apenas do ponto de vista financeiro e económico. É uma questão de responsabilidade do Estado para com o povo que existe para garantir interesses do país e das pessoas”, precisou a líder da oposição.

A Cabo Verde Airlines assinou esta sexta-feira uma linha de crédito de 24 milhões de dólares (cerca de (2.349.290.000 ECV) financiada pelo Banco Internacional de Cabo Verde (BICV) e pelo Ecobank para impulsionar o desenvolvimento da empresa.

Em declarações à imprensa, o CEO da Cabo Verde Airlines, Jeans Bjarnason explicou que na concepção do “business plan” (plano de negócios) que cobrirá a companhia até 2023, ficou claro que a Cabo Verde Airlines precisava de capital durante os primeiros 18 a 20 meses para conseguir atingir os seus objectivos

Para o vice-primeiro ministro, Olavo Correia, que presenciou a assinatura desse contrato, isto significa que o Estado está a criar oportunidades com vista a fazer de Cabo Verde um hub de transportes aéreos, para transportar pessoas de e para Cabo Verde e ainda criar oportunidades de negócios nos mais diversos domínios.

“Nós não podemos continuar a ser uma economia baseada na monocultura do turismo que cria empregos, que são importantes para o país, mas não são empregos qualificados e muitas vezes são empregos mal remunerados”, sublinhou o vice-primeiro ministro, que é também ministro das Finanças.

De acordo com as suas palavras, Cabo Verde tem que “diversificar a economia” para que sejam criados “empregos qualificados e bem remunerados”.

Referindo-se à Cabo Verde Airlines, clarificou que a transportadora aérea nacional tem neste momento 300 trabalhadores cabo-verdianos e dos quais 64 pilotos.

Com Inforpress

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