“Sucesso” foi a palavra encontrada pelos organizadores da greve geral em Itália, convocada pelos sindicatos em solidariedade com a Flotilha humanitária para Gaza, que foi intercetada com violência pelas forças armadas israelitas. Mas, naturalmente, o pano de fundo foi a solidariedade mais geral com a Palestina e a denúncia do genocídio promovido em Gaza pelo governo de extrema-direita de Telavive.
Em paralelo às paralisações, num movimento solidário ímpar na história mais recente do sindicalismo italiano, marchas e manifestações percorreram as ruas de várias cidades italiana, denunciando o genocídio e exigindo uma Palestina livre e soberana.
Análises mais moderadas, indicavam que teriam estado nas ruas um milhão de pessoas. No entanto, os números avançados pela agência de notícias Reuters, em algumas cidades, indicam que o universo de participantes foi muito maior. Segundo a agência, em Roma teriam participado 300 mil manifestantes, em Milão mais de 100 mil, em Nápoles 50 mil, em Veneza 25 mil, nas cidades da Sicília 150 mil, mas a verdade é que os protestos ocorreram em mais de cem cidades italianas.
Setores do governo tentaram impedir a greve geral
Sem êxito, setores ainda mais extremistas do governo italiano tentaram impedir a greve geral, com a instituição de supervisão deste tipo de ações a alegar que não teria sido atempado o pré-aviso de greve. Um expediente, contudo, que não surtiu efeito. A principal central sindical (CGIL) recorreu, contrapondo a legitimidade da greve que mobilizou 60 porcento do mundo laboral.
Nem as ameaças do vice-primeiro-ministro e ministro dos Transportes, Matteo Salvini (o mais extremista do governo de Giorgia Meloni) conseguiu desmobilizar a maioria dos trabalhadores, mesmo tendo recorrido a ameaças e tentativas de intimidação: “aqueles que estão em greve hoje sabem que estão a ir contra a lei e correm o risco de sanções, tanto a nível pessoal como as organizações laborais”, foi o principal argumento direcionado a sindicalistas e aderentes à paralisação. Mas, também, tentando virar a população contra os grevistas: “se hoje aqueles que fazem greve ilegalmente causam milhares de milhões de euros em danos à economia italiana, então, as sanções devem ser proporcionais aos danos causados”.
Já a primeira-ministra, rival de Salvini no campo político da extrema-direita, tentou desvalorizar o sucedido. Recorrendo à ironia, Giorgia Meloni disse que a greve teria sido apenas uma desculpa para um fim de semana prolongado, alegando que “fins de semana prolongados e revoluções não combinam”.
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