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Um subsídio para a História de Cabo Verde - IX
Ponto de Vista

Um subsídio para a História de Cabo Verde - IX

A ilha de Santiago vem sendo prejudicada desde a época colonial no seu desenvolvimento em detrimento de outras ilhas. Em 1917, não foi escolhida para a instalação do primeiro liceu, apesar de ser a ilha maior e mais povoada da colónia, sede da administração. Passado anos, não teve a sorte com a escola dos padres salesianos. Nos anos 50 do passado século, foi a vez do caís acostável, surgiu outra ilha a ser beneficiada. A Escola Industrial e Comercial ficou longe da ilha de Santiago. Para a importação de bens e serviços, a Santiago coube 20% do montante atribuído à colónia. Esse desequilíbrio de visão, serviu para divisão da débil e frágil população e para o propositado atraso da ilha de Santiago.

Com a independência nacional a 5 de julho de 1975, em que a união era a forma mais digna de conduzir o país à sombra da bandeira do P.A.I.G.C., proporcionando um desenvolvimento harmonioso, lançando mão na criação da EMPA, a TACV, a Companhia Arca Verde, a SONACOR, a EMEC, a dinamização das obras públicas, as seguradoras, as telecomunicações, a EMPROFAC, a ENACOL, a Justino Lopes com a sua charcutaria, mola propulsora da autossuficiência alimentar, lembrando a fome de 1940 a 1949, em que mais da metade da população destas ilhas morreu de fome.

Hoje, tudo o que acima apontei desapareceu deste país às mãos dos democratas que ascenderam à governação de Cabo Verde, por obra e graça de um dito liberalismo económico de 1991 a 2001, na forma de privatizações e liquidações de empresas públicas. Diziam essas figuras que tinham negociado as empresas cabo-verdianas, obtendo um encaixe económico muito grande. Contudo, entre 1998 e 2001, os cofres do Estado estavam vazios, sequer conseguindo fazer o pagamento de salários do funcionalismo público, socorrendo-se ironicamente da E.M.P.A., empresa que pretendiam liquidar às pressas, do I.N.P.S. e empréstimos internacionais.

Os democratas hoje no poder alegam que em 1991, encontraram o país quase na bancarrota, entretanto assim que se assentaram na cadeira do poder, aumentaram entre 10 a 20 vezes os vencimentos de titulares de cargos políticos, o que levou ao descontentamento de alguns dos deputados à Assembleia Nacional, de entre os quais o Eng. Cipriano Tavares, que indignado com o obsceno aumento apanhou uma trombose, sendo evacuado para Lisboa onde acabou por morrer. Presentemente, pouco se lembram do ilustre deputado de São Domingos.

Os “mamadores” deixaram o país com uma economia robusta e sustentada numa moeda valorizada em mais de duas vezes em relação ao Escudo Português, garantido por um trust fund de vários milhões de dólares em depósito nos E.U.A. 

Para o desenvolvimento do turismo na ilha de Santiago, construiu-se várias unidades hoteleiras, vias rodoviárias que ligam Praia ao Tarrafal, um aeroporto internacional na Praia e outras infra-estruturas de apoio. O que não caiu no gosto de alguns caboverdianos, tais como o actual Presidente da Camara de São Vicente, o ex-Ministro da Cultura, o Arq. António Jorge Delgado, o Doutor. Onésimo da Silveira, que tiveram a coragem de manifestar o seu anti-Santiago. A essas três pessoas tiro o meu chapéu para engrandecer a nobreza e a dignidade por terrem revelado publicamente as suas ideias e repudio com desdém aqueles que pensam como eles e escondem-se no anonimato para atirarem pedras e lagartos para prejudicarem a ilha e o seu povo.

Quem se esquece da aversão desses que não concordavam com a eletrificação da ilha, da asfaltagem de estradas, da construção do cais acostável da Praia, construção do Aeroporto Internacional da Praia e das barragens?

Com o aparecimento do Corona Virus em Cabo Verde, caiu nas mãos dos inimigos de Santiago um justificativo para isolarem a ilha, proibindo os turistas de cá chegarem, arredando Santiago dos preciosos recursos da maior industria do sec. XXI.

Antes do confinamento da população, havia um casal infetado em Achada de São Filipe, cujo marido veio da Europa. De seguida, o Presidente da República decretou o Estado de Emergência. Em Santa Catarina, a Polícia Nacional, por ordem do Governo, saiu nas ruas da cidade proibindo a circulação de carros e pessoas, fechando escolas, lojas, mercearias, bares e restaurantes como medidas de prevenção. Um mês depois dessas medidas, o sr. Presidente da República surpreendeu a população de Santiago com a divulgação de que já eram mais de trezentos infetados com a doença, ilibando as outras ilhas do maligno e invisível vírus e encarcerando dessa forma, “urbi et orbi”, a população santiaguense.

Artigo originalmente publicado pelo autor na sua página do facebook

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Redação