O nado-morto, Regionalização, foi sepultado de vez. Para triunfo dos porcos. E que porcos!
Fernando Elísio Freire, o ministro do Estado, retirou a proposta da lei de Regionalização em debate no parlamento, no final desta manhã do dia 12 de abril de 2019. Esta medida do ministro do Estado, nada mais é do que o triunfo dos porcos! Tudo bem preparado, bem ensaiado. Ganhou a hipocrisia, o cinismo e a brejeirice de um grupo de homens e mulheres que entendem este país e esta nação como um circo. Um circo caro, mas circo, apesar de tudo.
A discussão começou ontem, dia 11. E se fez à volta de quem é a favor, quem é contra. Quem é culpado, quem não é culpado, numa troca de palavras torpe, descarada, imprópria para consumo. Este país não precisa destas coisas. Este país rejeita ser tratado como palhaço de circo. Que fique claro!
Cabo Verde é dos cabo-verdianos. Os políticos representam os cabo-verdianos, mas jamais os substituem. As pessoas cumprem com as suas obrigações fiscais – pagam os impostos - e querem ver o seu dinheiro investido em projetos de interesse coletivo. Que fique o aviso!
O parlamento cabo-verdiano está sendo feito um palco de representação. Os deputados já não são políticos, agora são atores. E representam muito bem, quando o mote é passar a perna a este povo cansado, desempregado, vilipendiado nos seus direitos elementares, como acesso à saúde, á habitação condigna, ao ensino e formação, aos bens básicos, como, por exemplo, três refeições diárias, ou o acesso ao rendimento, mesmo que mínimo.
A discussão da lei da Regionalização veio desmascarar definitivamente os atores políticos cabo-verdianos. Todos eles – situação e oposição. Na verdade, os sujeitos parlamentares estão a gozar com o país e com a boa fé deste povo humilde, trabalhador e honesto.
Imagine, caro leitor, uma lei que exige o voto de 2/3 dos deputados para ser aprovada, é agendada sem os consensos prévios necessários. Isto não passa na cabeça de ninguém. A não ser que isto aqui anda tudo doido!
O Proponente - neste caso o MpD e o Governo -, anuncia, com pompa e circunstância, que teria chegado a acordo com a UCID. Um acordo que, em boa verdade, não passa de treta, ou conversas de esquina, na medida em que não chega para fazer passar o diploma.
Entretanto, sabendo de antemão que jamais o diploma seria aprovado, apenas com o consenso da UCID, o proponente, ao invés de procurar consensos com a outra força política, no caso o PAICV, como, de resto, recomenda o bom senso e a ética institucionais, parte para o agendamento da discussão parlamentar.
O que é isso? O que move esses representantes do povo para tratarem desta forma, diríamos vulgar, os seus representados? Onde fica o respeito, por quem perde o seu tempo indo votar para contribuir no processo de desenvolvimento do seu país?
Levar uma proposta desta envergadura para discussão parlamentar, sem os consensos prévios necessários, é uma encenação violenta contra a dignidade dos cabo-verdianos e do país. Por mais que se queira responder a eventuais promessas eleitorais, os fins não podem justificar os meios na casa do povo – o parlamento. Mesmo que o proponente estivesse a contar com os votos dos deputados desavindos do PAICV...
Ademais, fica complicado levar a sério alguém que promete algo, sabendo de antemão não ter condições de cumprir com o prometido. Sendo uma lei que exige o voto de 2/3 dos deputados, nenhum político devia ter a coragem de a prometer, como fez o atual primeiro-ministro de Cabo Verde, durante as últimas campanhas eleitorais! Os representantes do povo devem proteger o povo. É o mínimo que se espera e se exige!
O país está a assistir a uma afronta coletiva! Não há como suportar tamanha desfeita. O país precisa despertar, para corrigir os passos e conferir sentido à marcha. Estas encenações não podem continuar. Temos que preservar a saúde mental da nação. E lutar contra o triunfo dos porcos! E que porcos!
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