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Reforma do Regimento da Assembleia Nacional. Kalko Lobo
Entrelinhas

Reforma do Regimento da Assembleia Nacional. Kalko Lobo

Esta reforma parece kalko lobo – uma forma de dar um kasso bodi no dinheiro do povo, aumentando a tabela salarial dos deputados. Os cabo-verdianos devem ficar de olho porque os políticos querem comer a carne e chupar o osso! Tudo na calada da aprovação da Reforma do Regimento da Assembleia Nacional

Foi aprovado ontem, com 66 votos a favor e um voto abstenção, o novo Regimento da Assembleia Nacional. A partir de agora, as sessões vão passar a ser quinzenais. Segue-se a isto, o aumento de visitas aos círculos eleitorais e uma desenfreada corrida aos fundos públicos, como ajudas de custo, despesas de representação, aluguer de viaturas, entre outras “comedorias” lá pelas bandas da casa parlamentar.

O parlamento cabo-verdiano consome anualmente qualquer coisa como 700 milhões de escudos cabo-verdianos, frutos do suor de todos nós. Isto num país onde, a crer nas palavras de Olavo Correia, ministro das Finanças, 40 por cento da sua população não tem uma conta bancária. Ou seja, do ponto de vista económico-financeiro, quase metade da sua população vive á margem de qualquer possibilidade de investimento e de melhorias das suas condições financeiras e de vida. Porque não tem acesso ao rendimento, e quando consegue alguma remuneração, esta queda-se nos mínimos dos mininos possíveis.

Estamos a falar de um país em que um parlamentar custa, em média, à volta de 240 contos mensais aos cofres públicos. Este dinheiro corresponde a 22 salários mínimos. Estamos a falar de um país onde o desemprego real - sem esses subterfúgios do INE – atingem mais de 40 por cento da população. Ou seja, estamos a falar de um país, onde o grosso da população vive de expedientes porque não tem acesso ao dinheiro, pela via de um trabalho digno e de um rendimento digno.

E é este país que suporta uma das democracias mais caras do mundo. O parlamentar cabo-verdiano tem salários, subsídio sobre salários, ajudas de custo, subsídio para tratamento, comunicação, aluguer de viatura quando em visitas de trabalho. Ou seja, é um cidadão diferente do resto dos cabo-verdianos. O político cabo-verdiano é um cidadão especial, que se posiciona muitos degradaus acima dos restantes cabo-verdianos.  

Podem até ser especiais. Neste país existe um pouco de tudo. Mas isto de kasso bodi no dinheiro deste povo já não. Basta! O povo não pode ser saqueado desta forma, sobretudo por quem ele escolheu para protegê-lo. 

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Redação