Entrelinhas

Pedro Barros, o PCA da TACV, veio a público dizer que dentro de dois anos e meio a empresa de bandeira nacional irá atingir o “ponto de equilíbrio”.

Até é provável que Barros, economista de formação, acredite mesmo no que diz, mas esse é o problema das crenças: estão para além da própria racionalidade.

E, convenhamos, o histórico do governo em matéria de transportes aéreos é absolutamente ruinoso e já ninguém o leva a sério, a não ser aquela pequena bolha de fiéis que continua a acreditar em tudo o que venha do partido e do governo, mesmo que a prática revele a confirmação do seu contrário.

É sempre assim, quando se mistura o fanatismo com a imbecilidade.

Uma política de ilusões

Desde o processo de privatização, ruinoso para o Estado, que não ganhou nada com o negócio e ainda ficou com os prejuízos, até às mirabolantes promessas de Olavo Correia, que nos fariam pensar que iriam chover aviões sobre Cabo Verde e, eventualmente, fazer da TACV a melhor empresa africana, na linha do melhor ministro das Finanças de África, ou mesmo do mundo, a verdade é que o engodo ilusionista já não convence muita gente e o olhar dos cabo-verdianos e das cabo-verdianas é de apreensão sempre que alguém, mesmo acreditando no que diz, vem dizer ao país que agora é que é.

Em matéria de transportes aéreos, mesmo com pontuais remendos, a situação chega a ser próxima do caos e isso não se consegue iludir com propaganda e conversa fiada.

São as pessoas reais, com uma vida de verdade - e não os bafejados pela sorte da conjuntura política e do governo de plantão -, que sentem na pele o desastre da gestão da TACV ao longo dos tempos e a falência das políticas do governo em matéria de transportes aéreos.

Governo falhou e já ninguém acredita

O problema de Pedro Barros é que chega fora de tempo, numa altura em que já ninguém acredita em alguém que fale em nome do governo.

O governo falhou! E nada leva a crer que irá mudar de rumo, nem mesmo a promessa de que dentro de dois anos é que é… para tornar a empresa apetecível ao capital privado e repetir um a um os erros do passado.

A nossa convicção é que, na altura, Ulisses e a sua trupe de tecnocratas neoliberais já esteja bem longe do comando do país. Resta saber se ainda iremos a tempo.