Economia

Um dia depois de o Presidente da Câmara Municipal da Brava, Amândio Brito, ter manifestado a sua indignação pelo isolamento da ilha das flores, o primeiro-ministro anunciou no Parlamento esta quarta-feira, 12, que o Governo vai adquirir uma embarcação para as ligações de e para a ilha Brava.

“O concurso para a aquisição de um barco construído de raiz já foi adjudicado, um outro barco está em processo de aquisição para aumentar a frota, e a ilha Brava vai ser dotada de um barco para a ligação dedicada Brava/Fogo/Brava”, disse Ulisses Coreia e Silva durante o debate parlamentar da proposta do Governo para o Orçamento do Estado em 2026.

Um histórico de promessas não cumpridas

Ainda no tempo em que era ministro do Mar, o candidato derrotado à Câmara Municipal da Praia, Abraão Vicente, corria o ano de 2023, foi anunciado que estava garantido um financiamento do Banco Mundial, no valor de 15 milhões de dólares, para comprar dois navios que chegariam a Cabo Verde no final desse ano, metade de um lote de aquisição de quatro embarcações para garantir as ligações marítimas interilhas.

Como se sabe, os dois barcos nunca chegaram e dos dois outros também nunca mais se ouviu falar, ao mesmo tempo que, em abril último, o Governo anunciou que iria lançar um concurso público internacional para a construção de um navio para fazer as ligações interilhas, também com financiamento garantido pelo Banco Mundial no valor de 25,3 milhões de euros.

E é provável que, entre promessas repetidas e garantias mais recentes, se perca o rigor da contabilidade. De todo o modo, não é um, nem dois, nem três, os barcos que vêm aí, são mais que isso.

Por outro lado, em agosto deste ano, a CV Interilhas, celebrando o fim do contencioso judicial com o Governo, que lhe foi favorável, garantiu ir aproveitar o reembolso para aplicar 19 milhões de euros no “desenvolvimento sustentável” do setor e nas ligações internas.

Claro está que, de tantas promessas, nenhuma delas se irá concretizar a tempo do sapatinho de Natal dos cabo-verdianos para este ano. É tudo para 2026, o ano em que o país vai a votos.

É só milhões

O primeiro-ministro reiterou, ainda, a aquisição de mais dois ATR para a TACV, avançou que o Governo vai investir em aeroportos internacionais e aeródromos 70,6 milhões de euros, numa primeira etapa, e mais 118 milhões de euros em três anos.

Ainda segundo Ulisses Correia e Silva, o Governo irá modernizar o terminal de passageiros e colocação de nova sinalização luminosa no Aeródromo do Fogo, em São Filipe, bem como ampliar os terminais dos aeroportos da Praia, de São Vicente e da Boa Vista.

No que respeita ao setor marítimo, o Governo revela-se também um mãos-largas: o porto de Porto Novo vai acolher navios de grande porte e vai expandir o Porto Grande, em São Vicente, para serem efetuadas operações de transbordo. Tudo isto em 2026.

Reabilitar e modernizar a Cabnave, no Mindelo, a segunda fase de ampliação do Porto de Palmeira, na ilha do Sal, e a modernização do Porto de São Nicolau, no Tarrafal, estão também nos planos do Governo, a que se junta um terminal de cruzeiros na ilha do Fogo.

Foto: Captura de imagem/Facebook