O Governo acaba de demitir João Manuel Chantre do cargo de presidente do Conselho Diretivo do Instituto do Turismo de Cabo Verde (ITCV), menos de um ano após ter sido nomeado.
Uma resolução do Conselho de Ministros, publicada esta sexta-feira, 4, no Boletim Oficial, informa que o Governo deu por finda, por "conveniência de serviço", a comissão de serviço de João Manuel Chantre à frente do ITCV, instituto público criado em Julho 2019 para regular e fiscalizar as atividades turísticas e promover a marca Cabo Verde.
O Executivo não explica as razões por detrás dessa decisão, mas fontes de Santiago Magazine indicam que terá a ver com o factio de Chantre se ter recusado em mudar-se para a ilha do Sal, onde deveria já estar instalada a sede do ITCV, o que também não aconteceu e que era uma das suas missões prioritárias.
De acordo com o figurino montado para o ITCV, João Manuel Chantre teria de ficar na sede do instituto no Sal, tendo ainda sob sua jurisdição a ilha da Boa Vista, ou seja, as duas ilhas mais turísticas do país, enquanto os administradores Américo Lopes se ocupava de São Vicente, Santo Antão e São Nicolau, e Zilca Paiva assumia a coordenação das ilhas de Sotavento, com sede na Praia.
Sucede que, desde a nomeação do conselho directivo do ITCV, João Manuel Chantre preferiu ficar na Praia, em sobreposição com Paiva, deixando a descoberto o Sal e a Boa Vista. Aliás, o jurista Amadeu Oliveira já havia denunciado essa situação através de uma artigo de opinião publicado aqui no Santiago Magazine, a 27 de Abril deste ano, no qual escrevia que "o presidente do ITCV (Dr. João Manuel Chantre) vive entre a cidade da Praia e a Metrópole Lisboa, sem se estabelecer no SAL, com elevados custos para o Estado e sem nenhum resultado".
Seja como for, o certo é que o Governo decidiu agora por afastar João Manuel Chantre do cargo, sem indicar ninguém para o substituir. O nome de João Manuel Chantre para presidir o conselho diretivo de ITCV havia sido aprovada em reunião do Conselho de Ministros em meados de setembro de 2019 , no quadro de um programa maior que substituía a Direção Geral do Turismo pelo ITCV. na prática as duas instituições continuama funcionar em paralelo.
Dependente das receitas do turismo, que representa 25% do PIB, Cabo Verde deverá ver recuar a procura turística este ano a níveis de 2009, devido à pandemia de covid-19, com a perda de 536 mil turistas face à previsão inicial do Governo. A previsão consta de um documento de suporte ao Orçamento Retificativo para 2020 que entrou este mês em vigor e que aponta para uma quebra de 58,8% na procura turística, face aos 819 mil turistas que o arquipélago recebeu em 2019.
O Governo estimava antes da pandemia de covid-19 um crescimento da procura turística de 6,6%, aproximando-se da meta anual de um milhão de turistas, depois de um crescimento de 7% em 2019.
Contudo, na previsão do Governo que consta do documento de suporte orçamental revisto, Cabo Verde deverá receber este ano apenas 337.555 turistas, uma quebra de 66,1%. As receitas com o turismo renderam em 2019 mais de 43 milhões de contos (máximo histórico), mas segundo a previsão do Governo deverão cair este ano para 15 milhões de contos.
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