FMI recomenda ao Banco de Cabo Verde correção de discrepâncias estatísticas sobre créditos do Governo
Economia

FMI recomenda ao Banco de Cabo Verde correção de discrepâncias estatísticas sobre créditos do Governo

O FMI detetou discrepâncias “significativas” no tratamento estatístico de créditos do Governo pelo Banco de Cabo Verde (BCV) e sugeriu medidas para a correção dos problemas encontrados durante a assistência técnica feita este ano.

A posição consta do relatório divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), com data de 02 de junho, sobre a assistência técnica em estatísticas, pedida pelo próprio BCV para apoiar a “reconciliar as contas monetárias” divulgadas pelo banco central “com as estatísticas monetárias”, para divulgação através das estatísticas financeiras internacionais e para uso interno.

No relatório, que resulta de uma missão técnica que decorreu de 18 a 29 de janeiro deste ano, o FMI refere que na análise aos dados do banco central “as discrepâncias encontradas foram pequenas, exceto para os créditos líquidos sobre o Governo central, que são significativos”.

Explica que os depósitos, títulos e empréstimos de médio e longo prazo do Governo central no BCV “não são classificados como crédito líquido ao Governo nos dados divulgados” pelo banco central.

O objetivo deste apoio solicitado por Cabo Verde ao FMI visava desde logo “melhorar a coleta de dados sobre a distribuição setorial do crédito por atividade económica”, além de apoiar a reconciliar contas em termos estatísticos com modelos padronizados internacionais, implementando também o Manual de Estatísticas Monetárias e Financeiras do FMI e Guia de Compilação (MFSMCG, na sigla em inglês).

No relatório preparado pela equipa de missão do FMI, entre outras observações, é proposto ao BCV a “eliminação das discrepâncias” entre os dados divulgados pelo BCV “nas suas publicações e os dados enviados ao FMI”, através da adoção do MFSMCG até final de junho.

Sugerem ainda a adoção, até dezembro deste ano, do novo sistema de compilação de dados sobre outras entidades de depósitos, também “para eliminar as discrepâncias” entre os relatórios divulgados pelo BCV e os dados enviados ao FMI, bem como “melhorar” o tratamento estatístico do banco central dos dados de crédito por atividade económica, utilizando para o efeito a Classificação por Atividade Económica do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Cabo Verde.

O FMI anunciou em janeiro de 2020 que Cabo Verde aderiu ao programa avançado de disseminação de dados, que harmoniza os dados macroeconómicos e permite o desenvolvimento do sistema estatístico dos países que aderem a esta ferramenta informática.

"Cabo Verde lançou uma Página Nacional de Dados, implementando as recomendações do sistema de disseminação de dados, servindo como um veículo de publicação único para acesso a dados macroeconómicos essenciais em formatos legíveis para os humanos e para os sistemas informáticos", lê-se no comunicado distribuído em Washington, sede do FMI, em 20 de janeiro de 2020.

O programa avançado de disseminação de dados (Enhanced General Data Dissemination System, no original) é uma plataforma de apresentação dos dados oficiais de cada país, com o objetivo de "servir de ponto único de publicação para os dados macroeconómicos essenciais sobre as contas nacionais, operações governamentais e de dívida, setor monetário e financeiro, e balança de pagamentos", explica o FMI.

Os dados vão ter ligações eletrónicas para as estatísticas publicadas pelos produtores oficiais de dados, nomeadamente o Banco Central de Cabo Verde, o Instituto Nacional de Estatística e o Ministério das Finanças.

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