Uma lista divulgada hoje, 15 de Março (Dia Mundial do Consumidor) pela Associação para a Defesa do Consumidor, ADECO, elenca as piores instituições e empresas na óptica dos utentes. Há uma câmara municipal e empresas públicas e, claro, as operadores de transporte marítimo e aéreo no pódio, que é liderado com grande margem pela Electra.
A empresa pública de produção e distribuição de energia eléctrica e de água, lidera, pelo terceiro ano consecutivo, o ranking das mais criticadas instituições, por operar no sector que mais reclamações a ADECO recebeu ao longo de 2022.
Com 12 queixas, a Electra encabeça, isolada, a lista das mais ineficientes empresas do país a nível da prestação de serviços, mas, mesmo assim, esclarece a ADECO em comunicado, é a que mais rapidamente soluciona as reclamações dos utentes – sendo que 67% foram a favor do utente –, em comparação com as outras constantes da lista negra.
A ADECO contou ao longo de 2002, um total de 72 reclamações formais em que, além da operadora elétrica estatal, estão mais mais cinco empresas e instituições destacadas entre as mais criticadas pelos consumidores. O segundo posto é divido entre a Câmara Municipal de São Vicente e a CV Interilhas, com um total de 8% de todas as reclamações.
O pódio é repartido, no terceiro lugar, entre o Banco Comercial do Atlântico (BCA), a BestFly Cabo Verde e a TACV, todas com uma quota de 4% do total de queixas atendidas pela associação que defende os direitos dos consumidores.
No caso da Electra, entre as reclamações mais recorrentes estão as “cobranças indevidas e excessivas de água e eletricidade, problemas de ligação e corte de energia elétrica”. A Câmara Municipal de São Vicente as principais reclamações estão relacionadas com a construção ilegal, violação de direito de vista, falta de calcetamento de ruas, má qualidade de prestação de serviço, queima de lixo de forma inadequada, venda ilegal de terreno e falta de fiscalização. A autarquia mindelense tem outro pormenor negativo: é a entidade que menos resolveu as questões apresentadas pelos queixosos, uma vez que não solucionou cinco das seis reclamações apresentadas – note-se que foram reivindicações que buscaram a via do diálogo e não o litígio com processos judiciais.
Para os consumidores que fizeram chegar a sua reclamação à ADECO, os principais motivos de reclamações na CV Interilhas foram a “falta de informação, extravio de bagagem, prestação de serviço de má qualidade e mudança de horário de embarque sem aviso”.
No caso da BestFly CV e da TACV as queixas estavam relacionadas com “cancelamento de voos, não reembolso de bilhetes de passagem e falta de informações”, enquanto que as reclamações feitas ao serviço do BCA, o maior banco comercial do país, centraram-se em frustrações na “fila, demora no atendimento, serviços bancários defeituosos, informação insuficiente e pouco clara sobre empréstimos bancários, entre outros procedimentos.”
A vantagem para o BCA, BestFly e TACV – ao contrário da CMSV – é que todas as queixas apresentadas via ADECO tiveram encaminhamento satisfatório, daí figurarem entre as empresas que mais solucionam reclamações (33%).
A Águas de Santiago-AdS, Delegacia de Saúde de São Vicente, Hospital Batista de Sousa, e a empresa Maridão Aluga-se, ocupam o quarto posto do ranking das instituições mais criticadas em 2022. Os consumidores reclamaram de faturação exagerada de água, falta de informação nos serviços de saúde, cobrança exagerada de tratamento hospitalar, e incumprimento de contrato de prestação serviço.
Essa lista (ver em baixo todos os reclamados), que anexa o Relatório de Atividades e Contas da ADECO, é feita anualmente a partir de registos feitos por telefone, mensagens por e-mail, Facebook e presencialmente.
A presidente da ADECO, entrevistada pela Inforpress, prometeu doravante passar a divulgar esse ranking das mais criticadas e das mais elogiadas empresas na página da associação. E comentou ainda que a classificação verificada poderia ser diferente, isto por que o resultado “pode estar relacionado com o facto da ADECO ter sede em São Vicente, de onde recebem o grosso das reclamações”.
Ineficiência das agências reguladoras
No balanço anual que a ADECO realiza, as empresas mais reclamadas são praticamente as mesmas há vários anos, mudando apenas as posições. "Todos os setores do ranking são regulados e possuem um órgão responsável – as agências reguladoras deveriam regulamentar, controlar e fiscalizar a execução desses serviços, e não estão a cumprir as suas devidas funções, para tornar mais justa e equilibrada as relações de consumo. Demonstra uma clara inoperância, numa próxima oportunidade vamos divulgar as entidades reguladoras que não cumprem as suas obrigações", observa a ADECO na sua página na internet..
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