Todos os hotéis do Sal vão suspender as suas atividades por causa do coronavírus, disse à Lusa Kelly Ferreira, dirigente do Sicotur, que considerou boa as medidas para proteger os trabalhadores e as empresas.
Segundo Kelly Ferreira, do gabinete jurídico do Sindicato da Indústria, Comércio e Turismo (SICOTUR), vários hotéis já fecharam as portas, estando a aguardar decisão oficial do Grupo Meliá e do Hotel Riu, os dos maiores estabelecimentos hoteleiros da ilha.
Mesmo com a suspensão temporária das atividades, esta advogada garantiu que os hotéis estão a garantir os postos de trabalho e a retribuição de 70% do salário, conforme medida saída da reunião de terça-feira do Conselho de Concertação Social.
A medida, anunciada pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, permite a suspensão do pagamento para a contribuição social e o 70% do salário vai ser assumido em 35% pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e 35% pela empresa empregadora.
“O que acaba por beneficiar os trabalhadores, porque em vez de 50% vão passar a receber 70% do salário. É uma vantagem”, notou Kelly Ferreira, indicando que, pelo menos, cerca de 600 trabalhadores de outros hotéis já estão em casa.
A esses somam os cujos seus contratos não foram renovados, prosseguiu a representante do sindicato, referindo que esses também vão ter um subsídio de desemprego, ainda conforme as medidas saídas do Conselho de Concertação Social extraordinária.
“Estamos a acompanhar. É uma situação diferente, que ninguém estava à espera e estas são as melhores medidas que as empresas tinham que tomar, porque não há voos nem clientes”, afirmou a advogada, que ainda espera para ver as consequências nas pessoas e na economia.
Kelly Ferreira disse à Lusa que todas as empresas hoteleiras estão a comunicar a suspensão por quatro meses, prevendo uma retoma da atividade turística na ilha do Sal entre julho e agosto.
“Essa é a previsão de todos, mas esperamos que isso volta a normalidade o quanto antes, para ser retomada a atividade, para que todos voltem ao trabalho”, manifestou a advogada do SICOTUR, sindicato com maior incidência na ilha do Sal.
O Governo informou hoje que cerca de 7.000 turistas estrangeiros, clientes do operador turístico TUI e que se encontravam nas ilhas do Sal e da Boa Vista, “já estão de volta aos seus países de residência”, tendo a operação de repatriamento terminado na terça-feira.
O Sal, com quase 40 mil habitantes, é a ilha mais turística do arquipélago, tendo em 2019 registado 45,5% do total das entradas dos cerca de 820 mil turistas.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), a ilha tinha 31 estabelecimentos hoteleiros em 2017, representando 11,3% do total nacional.
Cabo Verde registou até agora quatro casos de covid-19, um dos quais confirmado hoje, um cidadão cabo-verdiano que regressou de França num voo através de Lisboa.
O caso confirmado hoje vem juntar-se aos três registados na ilha da Boa Vista, todos turistas estrangeiros, um dos quais, um cidadão inglês de 62 anos, acabou por morrer na segunda-feira.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 400 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 18.000.
O continente africano registou 58 mortes devido ao novo coronavírus, aproximando-se dos 2.000 casos em 45 países e territórios, segundo as estatísticas mais recentes.
Vários países adotaram medidas excepcionais, incluindo o regime de quarentena, estado de emergência e o encerramento de fronteiras.
Com Lusa
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