Uma mera opinião de quem já se encontra em estado de delírio por não conseguir encontrar solução justa para todos os envolvidos na sua estrutura e remetendo os pensamentos unicamente à questão da nossa sobrevivência a custos mínimos.
Ainda a ficha não caiu!
Não temos a real perceção do vírus que está nos assolando e do seu impacto a cada um, às famílias, às ilhas, ao país e aos continentes.
Seja lá o que for, visto que cada indivíduo tem a sua análise dos acontecimentos mundiais de hoje (em função das suas crenças, religiões e outros) algo está a nos dizer que simplesmente temos de parar e isolarmos para que possamos tentar sobreviver, mas parece que mesmo com os números de infetados e de mortes mundiais, ainda não entendemos a mensagem e estamos a discutir em que condições devemos parar e a que valor cada um está disposto a fazê-lo.
Senhores, para fazer esses cálculos é simplesmente cada um decidir que valor a sua vida, a da sua família, dos seus amigos…. e outros, custam.
Assim sendo, é entendimento geral que só se sobrevive com isolamento total para tentarmos evitar o caos que já se encontra em Itália, Espanha e por aí fora. Para isso, as equipas que devem estar operacionais em Cabo Verde, aonde não temos condições para gerir infetados em massa, é o mínimo necessário para garantir sobrevivência em condições mínimas tais como:
1. Alimentação a população
2. Serviços de saúde
3. Segurança publica
4. Água
5. Luz
6. Infraestruturas de saneamento funcional
7. Meios de comunicação e suportes para tal de forma a estarmos em sintonia e informados como forma de ajudar uns aos outros.
Pode ter acontecido que algo tenha ficado por identificar, mas a mensagem é que precisamos unicamente do que é necessário para sobrevivermos e o resto deve ser congelado. E nisso a lista é enorme e não entrarei com ideias partindo do princípio que todos entendem o que é congelar e o que significa morrer por não termos tomado essa decisão atempadamente.
A outra questão relevante, é qual o valor mensal precisamos para mantermos vivos.
É meu entendimento também que numa situação dessa o Governo deve ter o compromisso de manter os itens 2 a 7 referidos acima como infraestruturas necessárias e exigidas no momento com parcerias ou não ou que venha a ser discutido serem descontados nos impostos futuros a quem sobreviver, e que o ponto 1 - Alimentação - o valor publicado que o INPS vai assumir, ou seja, 35 % dos salários, seja o necessário para nos alimentar, sendo que deve garantir que cobre quer inscritos ou não quando se trata de carenciados.
Podemos ainda analisar cortes desses 35% do INPS a pessoas que auferirem, até a data, salários em valores que conseguem suportar a situação dessa pandemia, excluindo, claro, os que estarão a laborar.
Sim, foi decidido que as empresas também devem assumir 35% dos salários. Há aquelas que conseguem e devem assumir por uma questão de honra e apoio à sociedade e há aquelas que não vão conseguir, simplesmente porque não têm onde ir buscar os 35% sem atividade, sem faturação. Vamos perder mais dias a discutir isso? Vamos impor e assumir que esse valor vai ser pago por todas as empresas mesmo sabendo que não acontecerá?
Não estamos em tempos e com tempo de rever planificações, então temos de contar unicamente com o certo sob pena de o erro do incerto nos custar a vida.
Temos ainda hoje em Cabo Verde milhares de colaboradores a trabalhar em serviços completamente dispensáveis nos dias que vivemos, expostos e quiçá a propagar o vírus, unicamente porque estamos a questionar valores e a pensar no impacto desses.
Até quando? Ninguém tem essa resposta …. Até quando não tivermos risco de infecção e a nossa própria estrutura aguentar.
Até agora, o Governo tem tomado medidas assertivas, pelo que merece os meus parabéns pelo belíssimo trabalho, no entanto ainda tem determinadas questões do qual a situação exige decisão imediata e atempada mesmo quando parecem ser radicais, para que tudo o que já tenha decidido faça sentido.
As minhas desculpas a todos do qual a minha opinião/ignorância na gestão pública/gestão de pandemia não lhes parece realista, levem em conta as minhas palavras escritas no primeiro parágrafo.
*Artigo originalmente publicado na página da autora no facebook
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