Cabo Verde precisa mobilizar 140 milhões de dólares anuais para enfrentar desafios climáticos - Banco Mundial
Economia

Cabo Verde precisa mobilizar 140 milhões de dólares anuais para enfrentar desafios climáticos - Banco Mundial

O relatório que analisa o impacto das mudanças climáticas no desenvolvimento económico e social de Cabo Verde apontou que Cabo Verde precisa mobilizar 140 milhões de dólares por ano para enfrentar os desafios climáticos e de desenvolvimento.

Denominado Country Climate Development Report (CCDR), o relatório pretende analisar a relação entre as mudanças climáticas e o desenvolvimento económico e social de Cabo Verde, promovendo a integração de considerações climáticas nos planos de desenvolvimento do país.

Durante a cerimónia de apresentação realizada na tarde de ontem, 15, na Praia, a representante residente do Grupo Banco Mundial para Cabo Verde, Indira Campos, lembrou que, como pequeno estado insular, Cabo Verde enfrenta desafios climáticos significativos, com impactos profundos na economia, nos meios de subsistência e no bem-estar da população.

“Estima-se que Cabo Verde precise de mobilizar cerca de 140 milhões de dólares anuais, aproximadamente 6% do Produto Interno Bruto (PIB), durante a próxima década para responder aos desafios climáticos e de desenvolvimento”, revelou.

Segundo esta responsável, será crucial implementar mecanismos de financiamento inovadores, estabelecer parcerias estratégicas e promover um ambiente de negócios favorável para mobilizar capital privado e expandir soluções eficazes.

Na mesma linha acrescentou que a implementação de acções climáticas pode não apenas reverter as perdas projetadas no PIB de Cabo Verde, mas também impulsionar um crescimento adicional entre 1% e 7,4% até 2050.

Este valor não inclui os inúmeros benefícios socioeconómicos, como o aumento da segurança alimentar, uma melhor protecção social, o acesso a empregos de qualidade e a redução de doenças associadas à poluição e ao aumento das temperaturas, afirmou.

Do ponto de vista económico, a transição energética tem o potencial de gerar uma poupança significativa, estimada em 18 mil milhões de dólares, nas importações de combustíveis até 2050.

Concluiu ainda que sem acções urgentes, o PIB cabo-verdiano poderá contrair até 3,6% até 2050, com mais de 90% das perdas concentradas no sector do turismo, essencial para a economia do país.

Segundo disse, o turismo é, sem dúvida, um sector essencial para a economia cabo-verdiana, representando cerca de 25% do PIB e empregando mais de 45% da força de trabalho formal e esta não é apenas uma narrativa de desafios, mas, acima de tudo, uma história repleta de oportunidades. 

Para o Banco Mundial, Cabo Verde possui um potencial extraordinário para converter os riscos climáticos em oportunidades de crescimento, o país tem demonstrado liderança no combate às alterações climáticas, estabelecendo metas ambiciosas, como alcançar 100% de energia renovável até 2040 e desenvolver um novo quadro de governação climática.

Entre as recomendações, sugere investimentos em energias renováveis, agricultura resiliente e infraestruturas adaptadas aos fenómenos climáticos.

No sector do turismo, propõe-se uma transição do modelo tradicional para segmentos como ecoturismo e turismo cultural e criativo, náutico e pesca desportivas sendo menos vulneráveis às mudanças climáticas.

Em relação à economia azul, o relatório sugere a promoção da pesca sustentável, na agricultura, na protecção costeira para imprimir o crescimento económico, ao mesmo tempo que se preservam os ecossistemas oceânicos do arquipélago.

Por seu turno, o ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, sublinhou que o relatório traz recomendações concretas que estão alinhadas com o plano estratégico de desenvolvimento sustentável e os Objectivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS).

Segundo o governante, trata-se de uma excelente oportunidade para assegurar que as principais prioridades sejam refletidas neste relatório, consolidando as bases para acções coordenadas e eficazes que promovam o desenvolvimento sustentável e resiliente do país.

“Os nossos países precisam de apoio adequado, previsível e acessível para se adaptarem aos impactos das mudanças climáticas e mitigar as suas acções”, concluiu. 

O relatório foi elaborado pelo Grupo Banco Mundial em estreita colaboração com o Governo de Cabo Verde.

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