Agências de viagens de Cabo Verde exigem ao Governo pagamento urgente de dívidas
Economia

Agências de viagens de Cabo Verde exigem ao Governo pagamento urgente de dívidas

As agências de Viagens e Turismo de Cabo Verde estão a exigir do Governo o pagamento com urgência de dívidas para enfrentarem as dificuldades do período de estado de emergência por causa da covid-19, foi hoje anunciado.

A exigência consta de um documento que a Associação das Agências de Viagens e Turismo de Cabo Verde (AAVT) vai remeter à tutela do Turismo e Transportes, elaborado após reunião realizada na quarta-feira com os seus associados para analisar as dificuldades da classe.

Uma das medidas previstas no referido documento é a “urgência” na liquidação de dívidas às agências de viagens por parte do cliente Estado, conforme nota de imprensa da AAVT, que pede ainda o pagamento dos 35% de salários por parte do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e a flexibilização no acesso ao crédito junto dos bancos comerciais. 

“Sublinham-se ainda a capacitação dos recursos humanos afetos às agências de viagens, a prorrogação automática das licenças das agências de viagens por um ano – para evitar novas garantias bancárias e seguros de caução -, a suspensão de novas licenças de agências de viagens”, prosseguiu a mesma entidade cabo-verdiana.

As agências de viagens e turismo de Cabo Verde querem ainda a construção de uma nova grelha tarifária nos transportes aéreos e marítimos, com apresentação de tarifas de operador, bem como o regulamento do funcionamento das agências online.

Também querem apoio na transição digital, a possibilidade da baixa dos juros nos créditos existentes, bem como novos créditos e apoio no turismo interno, numa medida que consideram merecer um “amplo debate” com as companhias aéreas e marítimas e empresas hoteleiras.

“A Direção da AAVT evidenciou os esforços na articulação com os principais parceiros na busca de soluções a contento de todos, nomeadamente Ministério do Turismo e Transportes, o INPS e a Cabo Verde Interilhas”, referiu a associação em nota assinada pelo presidente Mário Sanches.

Com a Cabo Verde Interilhas, concessionária do transporte marítimo de passageiros e cargas, as agências de viagens pretendem estreitar a parceria e a possibilidade de criação de novas rotas “para o incremento do turismo interno”.

“Igualmente deu-se notícia também da articulação com Cabo Verde Airlines. Na busca das soluções de apoio à retoma das atividades das agências, a AAVT frisa, também, o diálogo com a Turismo de Cabo Verde, a Direção Geral do Turismo e Transportes e as finanças”, prosseguiu.

Mário Sanches sublinhou que os setores das viagens e turismo estão entre os mais afetados pela pandemia da covid-19, e que deverá persistir por mais alguns meses, pelo que os associados defendem igualmente a prorrogação do ‘lay–off’ entre três e seis meses para o setor.

As agências de viagens querem ainda a prorrogação da moratória de crédito e aumento do período de carência para novos créditos, bem como das taxas de juros.

“Ficou ainda evidente a pertinência de constituição de um fundo de emergência para a AAVT, precisamente para amenizar os efeitos e apoiar os associados em situações de crise como a que agora vivemos”, reforçou a mesma fonte.

A AAVT informou que a situação da companhia aérea de bandeira, Cabo Verde Airlines (CVA), foi outro tema de debate na reunião, esperando a “retoma rápida” à normalidade da operadora, tendo em conta a sua importância estratégica para o país e para as agências de viagens e turismo em particular.

A companhia, liderada por investidores islandeses, após a privatização parcial, está totalmente parada atualmente por causa da covid-19, mas perspetiva retomar as operações em 01 de julho.

Cabo Verde regista 390 casos acumulados de covid-19, desde 19 de março, distribuídos pelas ilhas de Santiago (331), Boa Vista (56) e São Vicente (03). 

Contudo, desde terça-feira que não são feitos testes às amostras recolhidas pelas autoridades de saúde, devido a um problema com reagentes no Laboratório de Virologia do país.

Do total, registaram-se quatro óbitos, dois doentes transferidos para os seus países e 155 doentes recuperados, fazendo com que o país tenha neste momento 229 casos ativos.

Em África, há 3.787 mortos confirmados em mais de 129 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 360 mil mortos e infetou mais de 5,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 2,3 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Com Lusa

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