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Uma abordagem crítica do romance A ÚLTIMA LUA DE HOMEM GRANDE, de Mário Lúcio Sousa - Parte II
Cultura

Uma abordagem crítica do romance A ÚLTIMA LUA DE HOMEM GRANDE, de Mário Lúcio Sousa - Parte II

...Cabo Verde tem sido quase que uma injusta vítima dos controversos critérios de atribuição do Prémio Camões, pois que somente muito tardiamente (em 2009) a literatura caboverdiana foi contemplada com esse mesmo prémio, tendo até agora sido agraciados o poeta e romancista Arménio Vieira e o romancista Germano Almeida. Entrementes, foram sucessivamente preteridos os grandes escritores caboverdianos que foram e continuam a ser, apesar de já falecidos, o poeta, romancista, contista, cronista e ensaísta claridoso Manuel Lopes, o contista, romancista, ensaísta e cronista neo-claridoso Henrique Teixeira de Sousa, o poeta, contista e ensaísta nova-largadista de mérito Gabriel Mariano, o poeta ontológico- metafísico João Vário, o poeta épico-telúrico e ensaísta Timóteo Tio Tiofe e o ficcionista existencialista e poeta épico pan-africanista G. T. Didial (todos pseudo- heterónimos do neurocientista e cidadão nacionalista e cosmopolita João Manuel Varela) e o poeta épico-telúrico Corsino Fortes. Anote-se ainda como questão sumamente relevante que entre a atribuição do primeiro Prémio Camões caboverdiano (Arménio Vieira-2009) e a atribuição do segundo Prémio Camões saheliano-insular (Germano Almeida-2018), decorreram nove anos.

SEGUNDA PARTE  

 

                          IV

UMA POSTULAÇÃO ASSAZ CONTROVERSA

OS POSSÍVEIS, OS CONSUMADOS, OS PRETERIDOS

E OS IMPOSSÍVEIS PRÉMIOS CAMÕES CABOVERDIANOS

De tudo o que vem dito e do que vai ser ainda dito, afiguram-se-me óbvios (e, por isso, não nos cansamos de enaltecer) os muitos méritos literários e memorialísticos do romance A Última Lua de Homem Grande, tanto mais que, aliado à sua outra já vasta obra literária somada de narrativa de ficção, dramaturgia e poesia em língua portuguesa, o seu autor parece ter assegurado o seu lugar para o podium do Prémio Camões (o maior e o mais prestigiado de língua portuguesa) juntamente com outros legítimos postulantes caboverdianos, como sejam (por ordem de idade) Oswaldo Osório, Dina Salústio, Jorge Carlos Fonseca, Valentinous Velhinho, José Luiz Tavares e mais um cultor de poesia lírica, existencialista e épico-telúrica, mais velho que os dois últimos referenciados e o próprio Mário Lúcio Sousa, que, por razões óbvias de farsa modéstia (para utilizar um neologismo do autor do romance ora em análise), me abstenho de aqui e agora nomear explicitamente. Só não sabemos se isso tudo que aqui publicamente se almeja vai realmente ocorrer, e se porventura ocorrer, se acontecerá com todos ou somente com alguns dos nomeados e por que ordem será.

Entretanto, outros cultores da escrita das ilhas podem continuar a consolidar a sua já significativa obra literária e perfilar-se igualmente como legítimos postulantes caboverdianos ao maior galardão literário de língua portuguesa, como são, por exemplo, os casos dos autores de Sob a Minha Pele (Joaquim Arena), de As Frutas Serenadas (Filinto Elísio Correia e Silva) ou de Infinito Delírio (Danny Spínola), sem deixar de também mencionar três grandes pensadores caboverdianos que são Gabriel Fernandes, António Leão Correia e Silva e José Vicente Lopes, verdadeiros escritores de ideias em razão da qualidade estilística da sua escrita, para além de muito abalizados e inovadores especialistas nas respectivas áreas de investigação científica e de escrita, designadamente a sociologia, a história e o jornalismo (designadamente, a grande reportagem).   

A essas imponderabilidades, somam-se outras, ainda mais evidentes e primacialmente advenientes do critério geo-político-literário que preside à atribuição do Prémio Camões, instituído e inteiramente financiado pelo Brasil e por Portugal, qual seja a existência de numerosos candidatos de mérito e consagrados pergaminhos provenientes das super-potentes literaturas de Portugal e do Brasil, das poderosas literaturas angolana e moçambicana (tal como,  aliás, a literatura caboverdiana) e das assaz consolidadas literaturas santomense, timorense e bissau-guineense, sendo que estas três últimas ainda não puderam ser agraciadas com o maior e mais prestigiado e abrangente prémio literário lusófono.

Tenha-se ainda em conta que desde a sua instituição, Cabo Verde tem sido quase que uma injusta vítima dos controversos critérios de atribuição do Prémio Camões, pois que somente muito tardiamente (em 2009) a literatura caboverdiana foi contemplada com esse mesmo prémio, tendo até agora sido agraciados o poeta e romancista Arménio Vieira e o romancista Germano Almeida. Entrementes, foram sucessivamente preteridos os grandes escritores caboverdianos que foram e continuam a ser, apesar de já falecidos, o poeta, romancista, contista, cronista e ensaísta claridoso Manuel Lopes, o contista, romancista, ensaísta e cronista neo-claridoso Henrique Teixeira de Sousa, o poeta, contista e ensaísta nova-largadista de mérito Gabriel Mariano, o poeta ontológico- metafísico João Vário, o poeta épico-telúrico e ensaísta Timóteo Tio Tiofe e o ficcionista existencialista e poeta épico pan-africanista G. T. Didial  (todos pseudo- heterónimos do neurocientista e cidadão nacionalista e cosmopolita João Manuel Varela) e o poeta épico-telúrico Corsino Fortes. Anote-se ainda como questão sumamente relevante que entre a atribuição do primeiro Prémio Camões caboverdiano (Arménio Vieira-2009) e a atribuição do segundo Prémio Camões saheliano-insular (Germano Almeida-2018), decorreram nove anos.

Façam-se, pois, as contas e formulem-se os necessários vaticínios....

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