1. É a expressão da minha inquietação do espírito da poesia conciliada com formas da prosa que nos permite ao mesmo tempo apreender o papel absolutamente vital que as linguagens associadas aos códigos da língua oral e escrita, aos não-verbais e aos signos que desempenham no meu mundo - sempre - iluminado a procurar na melodia das nossas ilhas do Sol, da Lua e do Amor com o visível e o invisível silêncio. Sinto e penso o Sol. Por ser o primeiro objeto de adoração humana. A realidade solar reluz dentro de mim na recriação de olhares e perceções de palavras na profunda contemplação da natureza. Enfim, a essência da arte prosaica é a “mímetés”.
2. Não foi por acaso que nas sociedades milenárias os homens transformaram em deuses tudo aquilo que condicionava a sua própria existência e nada terá sido mais enigmático do que a realidade mesma: o Sol que nasce e faz o seu percurso para que nasça a Lua. Ambas, prende iam-nos com as sombras e as luzes da vida. (Ainda mais, nas ilhas do Sol). Os egípcios fizeram logo uma fábula divina disso, com Osíris a percorrer o horizonte à procura de uma outra coisa que seria a Lua.
3. Abraçando esses sentimentos d’alma de encontrar na simbiose entre géneros de nem prosa, nem poesia uma terceira via inspirada na figura de Charles Baudelaire, o genial autor do “Les fleurs du mal”. Com um certo olhar sobre os signos e ou sinais ou símbolos nem triste, nem fechado e nem desiludido. Por razões que não adiantam esgrimir aqui porque, hoje, não é fácil amar, mas é bom. E “se não se amar ou não se encontrar o amor não se vive”. (Se é o vazio?!) E ninguém deve estar a rir-se como uma hiena da região de savana. Pudera! Mesmo rindo doutra forma com a loucura clamando “Qu’import que ce soit une maladie, une tensoin anormale, si le résultat même, tel que, revenue à la santé, je me le rappelle et l’analyse, renforme au plus haut degré l’harmonie e la beauté…” DOSTOIEVSKI – l’Idiot (parte 2ª, cap. V).
4. Ora, é o meu estilo. A minha sensibilidade é do gênero híbrido por ser a minha forma de me situar ante o mundo das linguagens “literárias ou não literárias” para poder-me beneficiar da onda da criatividade, ou melhor, no quadro da semiótica peirciana como a Filosofia Científica da Linguagem. Enfim, “é justamente em razão de sua plasticidade e da infinita variedade de meios que o poema em prosa que aparece como o género em que melhor se pode exprimir a liberdade humana “como Suzanne Bernard (1994, p.772) afirmava. Acrescentaria: o poema em prosa ou prosa poética.
5. Eu vivo os meus impulsos reflexivos e desejos com as cores das ilhas. A minha imaginação renova e floresce o frescor poético e serve de meio condutor para despertar as imagens, as cores, as musicalidades, os ritmos, os sons e as ideias, ao mesmo tempo, todas cruzadas e líricas sem esquecer que os olhos são espelhos d’alma. É também na perspetiva do filósofo Ludwing Wittgenstein quando diz que “o jogo de linguagem não é nada tão elementar (...) a linguagem tem jogos incontáveis: novos tipos de linguagens, novos jogos linguísticos surgem continuamente, enquanto outros envelhecem ou são esquecidos”. A linguagem do (s) poema (s) em prosa (s) ou da (s) prosa (s) poética (s) das encaixam-se como se fossem oleadas nos gavetões ou luvas nas mãos. Assim, elas são belas e metamorfoseiam-se como a vida das bor-bo-le-tas.
Comentários