Oswaldo Osório tem novo livro de poemas. "Tiresias" vai ser lançado em breve
Cultura

Oswaldo Osório tem novo livro de poemas. "Tiresias" vai ser lançado em breve

Escritor e poeta, Oswaldo Osório, homem culto e “cristão” como faz questão de frisar, está prestes a lançar a sua mais recente obra literária, o livro de poemas «Tiresias» e que aborda inquietações existenciais e temas atuais, em particular, o desenvolvimento tecnológico a contrastar com “o homem moralmente em queda". Uma mensagem universal e, sobretudo, dirigida ao seu público preferido, a juventude mais necessitada de boas mensagens e bons valores.

Aos 80 anos, embora invisual desde 2005 por uma degeneração dos nervos ópticos, Oswaldo Osório permanece muito activo na sua escrita, ele que é dono de mais de uma dezena de obras poéticas de grande valor, e este mais recente título «Tiresias», é apenas mais um exemplo.

O livro tem o selo da editora «Dada» e conta com o patrocínio da Biblioteca Nacional, estando já nas gráficas para publicação em breve, em comemoração dos 80 anos do autor cumpridos em Novembro de 2017. Trata-se de uma colectânea de poemas, cujo título é inspirado na personagem de nome Tiresias na célebre peça de teatro «Antígona» da mitologia grega, escrito por Sófocles. Tiresias, recorda Osório, é um cego que vê o futuro e o passado, ou seja, “tem um olhar voltado para o passado e para o futuro”.

Assim como na referida tragédia grega, este livro pretenderá abordar a vivência humana, a espiritualidade e a moralidade e, em particular, o antagonismo entre o desenvolvimento tecnológico e a constante “desumanização” do homem. “Problemas que nos tocam a todos e que sinto, como poeta, que o homem está cada vez mais a distanciar-se do próprio homem e isso cria um vazio na alma e no relacionamento humano”, reflecte.

Os poemas de «Tiresias» estarão distribuídos em duas partes, sendo a primeira “Estória, Estória” e a segunda “Fortuna do Céu, Amém”, aludindo à forma tradicional em Cabo Verde de se contar estórias na tradição oral e à célebre máxima de que “o Homem propõe e Deus dispõe”, para sublinhar que por mais que o Homem seja dono das suas acções, não se pode esquecer que “a fortuna não nos pertence”, vincando a forte crença cristã deste nazareno devoto.

Neste momento, Osório tem na calha um outro título que será a segunda parte de “As Ilhas do Meio do Mundo” que pretende ser uma trilogia e que julga ser “o meu maior desafio até agora”. Um desafio que sem a sua fiel companheira de 55 anos de relacionamento não seria possível, recorda o autor que desde 2005 convive com uma cegueira total como supracitado, e depende da Senhora Armandina, para escrever os seus “ditados”. Osório não esquece ainda da sua nora e de alguns amigos, nomeadamente o jornalista e escritor José Vicente Lopes que ajudou em pelo menos uma das suas obras “pós-cegueira”, assim como Tomé Varela que fez a revisão de um dos seus livros.

Oswaldo Osório, que entrou na literatura com a Folha Literária Seló, da Revista Cabo Verde, em 1962, é o «autor do mês» da E-Neves Papelaria, iniciativa que uma vez por mês convida um autor cabo-verdiano a abordar a sua obra (o início foi em fevereiro com o historiador António Correia e Silva). O evento acontece nesta quinta-feira, às 17H00 na N-ESPAÇOS da referida papelaria, em Achada de Santo António, para falar do seu percurso literário.

O entrevistado da Santiago Magazine espera ver uma plateia de jovens que afirma, “carecem de conversas abertas, francas” e aproveita para deixar uma mensagem à juventude cabo-verdiana para que cuidem bem do corpo e do espírito. Para isso nada melhor do que bons livros que, acredita, são tão importantes quanto “a escolha de bons amigos”.

“Tudo o que se faz na vida é com esforço e com trabalho, sem pisar os outros”, remata o nosso entrevistado.

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